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segunda-feira, 4 de março de 2019

Sobre a arte do comércio

1) Com a maturidade, sinto que aprendi a difícil arte do comércio - tudo o que Adam Smith falou, fundado no amor próprio, leva à riqueza como sinal de salvação, o que faz com que ela produza mais conflitos de interesse do que aproximação, a ponto de a atividade mercantil ser servida com fins vazios. E este, portanto, não me parece o caminho mais correto de se viver a vida em conformidade com o Todo que vem de Deus.

2.1) Pelo que aprendi ao longo dos anos, eu posso definir a arte mercantil como um desdobramento da natureza do ser humano enquanto animal social, a ponto de se tornar atividade economicamente organizada, no sentido de distribuir as riquezas produzidas por uma família a quem estiver necessitado delas, estejam os necessitados na mesma vizinhança ou numa terra distante.

2.2) Conforme vou conversando com os meus pares, eu vou descobrindo a demanda a partir das conversas que venho tendo com eles. Se eu tiver algo do qual estejam a precisar, então eu vou lá e vendo o que estão precisando por um preço convidativo, sem lesá-los. Assim, eu tenho ganho sobre a incerteza, pois a oportunidade, quando vem, precisa ser agarrada - eis o lucro. E o lucro tende a ser maior conforme os laços de solidariedade e de lealdade vão se estreitando a ponto de esse mercado estar fechado, protegido por forças legais ou acordos familiares - e isso leva à formação das guildas, uma vez que as classes profissionais são formadas por famílias especializadas em ofícios que são passados de pai para filho, uma vez que a lealdade, que decorre da verdade, é a que move a sobrevivência de uma civilização virtuosa e estável, fundada no verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, onde cada classe vive em função da outra, a ponto de promover a integração entre as pessoas.

3.1) De certo modo, a atividade mercantil tem um quê de atividade política, pois favorece à edificação de um bem comum onde todos podem tomar o país como um lar em Cristo, a ponto de preparar a muitos que n'Ele crêem para a pátria definitiva, que se dá no Céu - o que leva à santificação sistemática de todo e qualquer trabalho nesse fundamento. Por isso, você precisa aprender a negociar e a compreender a natureza do outro como um espelho de seu próprio eu.

3.2.2) Relacionar-se é servir a Cristo em terras distantes de sua casa. Isso pode se dar na casa do vizinho ao lado da sua ou em outro país, desde que nele as pessoas amem e rejeitem as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, na conformidade com o Todo que vem de Deus. Descobrir os outros implica descobrir o próximo, o Cristo necessitado que há nas pessoas - nem sempre esse próximo é da mesma família que você ou mora na mesma cidade ou bairro que você.

3.2.3) Só no mundo moderno é que vemos uma economia de mercado onde é preferível sujeitar o interesse do outro ao seu a negociar - o que acaba negando o denominador comum que faz que os mais diversos interesses sirvam ao que decorre do verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, que é Cristo Jesus. E isso leva a uma anarquia - e como dizem os maçons, é desse caos que vem a nova ordem fundada, esse admirável mundo novo fundado no homem como a medida de todas as coisas, esse animal que mente e que é o pior dos animais, separado do direito e da justiça por conta de conservar o que é conveniente e dissociado da verdade, a ponto de servir ordem com fins vazios.

3.2.4) Eis o que é maçonaria - ela promove a ordem social fundada no homem enquanto o pior dos animais, pois ela nega o nobre e o belo, que apontam para a conformidade com o Todo que vem de Deus.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 4 de março de 2018.

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