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domingo, 10 de março de 2019

Notas sobre a questão da cidadania americana no mundo atual

1) Mesmo que os filhos dos brasileiros que se encontram refugiados na América de modo a melhorarem de vida tenham nascido nessa terra e sejam considerados cidadãos americanos legalmente falando, por conta do jus solli, eles ainda assim são considerados apátridas, cidadãos de segunda classe, uma vez que a cosmovisão protestante que moldou aquele país divide o mundo entre eleitos e condenados.

2.1) Por força do mitologema da independência, os anglos-saxões são considerados os eleitos, por força do destino manifesto, e os refugiados, os imigrantes, são os condenados, uma vez que são incapazes de se autogovernarem. E esses condenados geralmente vêm da África ou do continente latino-americano.

2.2) Isso faz com que eles se expandam no mundo, ricos no amor de si até o desprezo de Deus, de modo a ensinarem aos povos atrasados a serem civilizados.

3.1) O exemplarismo americano é o contrário daquilo que decorre de Ourique.

3.2) Por conta desse exemplarismo, o cidadão americano, descendente daqueles que lutaram para se livrar da tirania inglesa, será determinado por jus sanguinis, dentro dessa visão de eleitos e condenados criada pelos protestantes, uma vez que os valores da América já não respondem às questões sociais de nosso tempo, uma vez que são valores revolucionários, fora da conformidade com o Todo que vem de Deus. O que foi criado pelos pais fundadores já não dá mais conta de resolver essa nova realidade - e muitos americanos atuais não querem ser mais leais a esse legado.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 10 de março de 2019.

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