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sexta-feira, 28 de outubro de 2016

O verdadeiro direito das obrigações nasce do direito que é próprio dos compromissos

1.1) Em Direito, obrigações se fundam com base na oferta e na demanda e se pautam pelo interesse econômico, uma vez que o prestador do serviço está interessado apenas no dinheiro e tende a impessoalizar os serviços, sem olhar o coração ou o caráter das pessoas, muito menos a ideologia das mesmas. 

1.2) Numa ordem descristianizada, a expressão "fazer o bem sem olhar a quem" tem seu sentido completamente esvaziado, uma vez que o mau pode ser mascarado, promovido e vendido como se fosse algo bom. Além disso, se um contrato for quebrado, haverá conflitos de interesses qualificados pela pretensão resistida - e isso pede a intervenção da justiça, levando a um aumento do processo de judicialização da vida social, uma vez que a fraternidade universal, fundada em Cristo, simplestente não existe.

2) Devemos separar o conceito de obrigações do conceito de compromisso.

2.1) Em Direito Natural, as verdadeiras obrigações se fundam na Aliança do Altar com o Trono, edificada em Ourique. Estas coisas são necessárias - sem elas, o processo de tomar o pais como se um lar em Cristo perde o seu completo sentido. Por isso mesmo, o verdadeiro direito das obrigações se pauta naquilo que se funda no bem que é capaz de edificar por si mesmo ordem pública.

2.2) Já o compromisso se funda em direito pessoal, na ordem fundada no mundo interior, coisa que é no mundo que se dá da porta de casa para dentro, a intimidade. Todo aquele que serve a seu semelhante, no sentido de ensiná-lo a tomar o país como se fosse um lar em Cristo, o faz levando o seu irmão em consideração, como se visse nessa pessoa a figura de Cristo.

2.3) O compromisso transcende o mundo interior, atinge a vizinhança e ganha a cidade, posto que prepara o caminho para os grandes compromissos constitucionais que levam o país ser tomado como se fosse um lar - o que leva a uma obrigação, seja por força de lei natural, seja por lei positiva fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus (natural right, como dizem os ingleses). Dentro destes termos, o compromisso é o germe da obrigação, pois ele edifica uma liberdade sólida, fundada em Cristo, e não uma liberdade líqüida, voltada para o nada, uma vez que liberalismo não é libertarismo.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 28 de outubro de 2016.

Como a engenharia genética pode imitar o cinema?

1) Se o DNA é uma seqüência de códigos genéticos, então a engenharia genética não é muito diferente do que ocorre no cinema: corta-se uma seqüência aqui e edita-se uma outra seqüência ali e acolá. E neste ponto a vida biológica imita o cinema.

2) Se o cinema, hoje, é engenharia social, então a engenharia genética vai se tornar, num futuro não muito distante, engenharia biológica, fazendo da eugenia e do transumanismo algo mais nefasto do que ideologia de gênero.

3) Acham isso absurdo? Então joguem o jogo Sid Meier's Alpha Centauri. Não só livros servem de instrumento para imaginar as possibilidades de ação; os jogos eletrônicos também são um importante instrumento para ver o que está sendo imaginado, uma vez que o que foi imaginado deve ter partido de uma coisa que existe no plano da realidade. Afinal, projetistas de jogos lêem de tudo um pouco - e pegam o que há de interessante de modo a compor um jogo, mais ou menos ou como um compositor de música faz: ele ouve boas músicas, de todo o tipo de gênero.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 28 de outubro de 2016.

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As possibilidades de ação política precisam ser imaginadas, por mais absurdas que estas sejam (notas sobre a relação entre política e literatura)

1) Se política implica possibilidades de ação, então essas possibilidades pelo menos precisam ser imaginadas primeiro. Por isso, é preciso vermos a literatura de um povo, de modo a vermos como anda a visão de um povo, tanto a real quanto a imaginada. O que está sendo debatido no Parlamento é um espelho de sua literatura.

2) A maior prova disso é que Katherine Verdery falou, em seu artigo "Para onde vão as nações e o nacionalismo?" em nações homossexuais (sic). Isso no ano 2000, numa época em que isso não existia, no plano da realidade. Hoje, já existe isso - ao longo do meu mural, eu já coletei reportagens esparsas sobre o tema.

3) É por isso que devemos ler a literatura comunista, uma vez que a imaginação está sendo toda ditada por eles. E como disse Albert Camus, o absurdo, por mais absurdo que seja, é a primeira verdade, mesmo que neste processo esteja toda uma sabedoria humana dissociada da divina manipulando todo o processo imaginário de modo a que o senso de conservar o que é conveniente e dissociado da verdade seja distribuído entre os ingênuos, os mais incautos, que lêem um livro mais como um passatempo, como um hobby.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro de 28 de janeiro de 2016.

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A verdadeira direita não é a direita nominal

1) O termo "direita" tem sido servido de maneira vazia, edificando liberdade para o nada. Quando é servido para o nada, nós caímos no nominalismo.

2) O verdadeiro significado de "direita" está naquilo que é conforme o Todo que vem de Deus. Tudo o que está à direita do pai, que lembra a necessidade de conservar a dor de Cristo, é nobre e verdadeiro, pois é da verdade que se vem a verdadeira liberdade.

3) Com a Revolução Francesa, o significado foi modificado completamente. Direita passou a significar os que estão sentados à direita da Assembléia Nacional Constituinte, que criou uma ordem constitucional fora da conformidade com o Todo que vem de Deus. Por isso mesmo, quem está em conformidade com o Todo desta ordem constitucional que edificou liberdade para o nada passou a ser chamado de conservantista, pois conserva o que é conveniente e dissociado da verdade, coisa que está à esquerda do Pai no seu grau mais básico, uma vez que o moderado prepara o caminho para o destruir tudo o que é de mais sagrado. Sua hipocrisia é difícil de ser percebida entre os que têm pouca instrução, visto que usam o termo "conservador" para mascará-la. A única maneira de expor essa hipocrisia é dominando a linguagem, coisa que o professor Olavo de Carvalho nos mandou fazer.

4) Por isso mesmo, estudem a linguagem e parem de falar bobagem, pois quando o significado das palavras é voltado para o nada nós perdemos a liberdade, visto que a verdade foi corroída tanto pelo relativismo moral quanto pelo cultural.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 28 de outubro de 2016.

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quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Por que é preferível uma união pessoal com um rei estrangeiro a uma lei sálica?

1) Pelo que pude ver, é preferível uma união pessoal com um rei estrangeiro, que ame a rainha e o povo dela tal qual um filho adotivo, a botar toda uma pressão quase psicótica num rei de modo a ter um filho homem logo.

2) Rejeitar um rei estrangeiro é como rejeitar o padrasto. Por isso que todo nacionalista é um tolo, uma criança mimada. Só faria sentido se o padrasto não fosse um homem bom.

3) Famílias com padrastos tendem a ser um verdadeiro mercado moral: os filhos mais virtuosos ensinam aos menos virtuosos. Quando nascem os descendentes dessa união, uma nova nação é formada, por força da mistura, dos casamentos mistos. Não é de todo ruim, se o fundamento disso é a conformidade com o Todo que vem de Deus.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 27 de outubro de 2016.

Da finalidade da lei sálica

1) A lei sálica veda que mulheres ou homens que descendam de mulher assumam o trono. A razão pela qual existe isso é para evitar que haja uma união pessoal com uma nação estrangeira e este reino acabe sendo assimilado pelo outro reino. Isso é a prova cabal de nacionalismo.

2) A lei sálica dá maiores responsabilidades ao Rei - e mais responsabilidades pedem mais poderes. É como se o Rei fosse não apenas o pai da pátria, uma espécie de Deus vivo. Por isso, o Rei passa ter corpo temporal e corpo espiritual. E isso dá a impressão de que a nação está sendo tomada como se fosse uma segunda religião, a tal ponto que a Igreja tende a ser refém das vontades do Rei, como houve no galicanismo.

3) O nacionalismo típico da França se deve por conta dos muitos anos em que houve lei sálica. E foi neste país onde o absolutismo monárquico foi praticado de maneira mais radical, gerando conseqüências ainda mais desastrosas, como a Revolução Francesa. Como a França não podia fazer uniões pessoais por conta de eventuais crises sucessórias, a política interna acabava se tornando mais tensa, dado que havia mais pressão sobre o Rei de modo a fazer um sucessor - e quando não conseguia fazer um, havia guerra civil, pois o trono estaria vago, em disputa.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 27 de outubro de 2016.

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O que acontece quando uma Rainha assume a chefia de Estado quando não há herdeiros homens disponíveis? Uniões Pessoais com uma outra nação estrangeira, posto que o Rei consorte passa a ser uma espécie de padrasto

1) Quando uma rainha assume a chefia de Estado, por conta de não haver herdeiros do sexo masculino disponíveis para esse papel, é como se o país fosse governado por uma mãe solteira.

2) Crianças criadas sem um pai são geralmente inseguras, dado que não há alguém lhe ensine o que é firmeza, autoridade, coisa própria de um pai. A mesma coisa ocorre num povo. Se ela se casa com outro Rei, o povo que ela rege passa a ser governado por esse rei visto que há um padrasto no comando, numa eventual união pessoal. Por isso mesmo, o povo do Rei e o povo da Rainha acabam tomando dividindo o mesmo lar, pela graça de Deus. E isso é nacionidade. Dos filhos dessa união, surge uma nova nação e toda uma cultura é construída por força dessa circunstância porque a política do país é que nem a política de uma casa: o que acontece dentro do palácio afeta uma nação inteira: os que estão sujeitos à proteção do Rei.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 27 de outubro de 2016.

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