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terça-feira, 23 de setembro de 2025

O Brasil em 2030: entre a prosperidade e a decadência

O recente texto de Adolfo Sachsida, ex-ministro de Minas e Energia de Jair Bolsonaro e ex-Secretário de Política Econômica sob a gestão de Paulo Guedes, ressoa como um alerta estratégico para o futuro político e econômico do Brasil. A análise, destacada por Rogério Sampaio, projeta 2030 como um marco decisivo: ou estaremos no auge da prosperidade, ou mergulhados no fundo da decadência.

O diagnóstico de Sachsida

Sachsida identifica um dilema essencial para a direita brasileira: nenhum candidato, por mais competente que seja, terá o voto desse campo se for percebido como “candidato do sistema” ou como representante de uma “direita permitida”. Nesse sentido, o destino político do Brasil estaria diretamente vinculado à figura de Jair Bolsonaro e ao que ele representa para sua base.

A mensagem é clara: afastar Bolsonaro equivale a condenar o futuro do país. Não porque o ex-presidente seja, em si, a única solução, mas porque ele encarna a rejeição ao sistema, servindo como linha divisória entre a direita autêntica e a direita domesticada pelas forças de poder institucionalizadas.

A geopolítica interna da Direita

A fala de Sachsida aponta para um cenário de geopolítica interna: a luta pela sobrevivência da direita não se dá apenas contra a esquerda, mas também contra a tentativa de assimilação ou neutralização dentro das estruturas do establishment político.

Isso coloca a direita em posição paradoxal. De um lado, ela precisa se apresentar como alternativa viável de governo e prosperidade econômica; de outro, não pode ser vista como rendida ao sistema que pretende combater. A disputa, portanto, não é apenas eleitoral, mas simbólica.

Paralelos Internacionais

A análise de Sachsida encontra eco em experiências internacionais.

  • Estados Unidos: Donald Trump, eleito em 2016, encarnou o papel do “não-sistema”. Mesmo bilionário, foi percebido como outsider por sua retórica contra o establishment de Washington. Seus apoiadores rejeitam os chamados “Republicanos do sistema” (RINOs – Republicans in Name Only), defendendo que apenas um projeto autenticamente anti-establishment pode representar o povo.

  • Hungria: Viktor Orbán consolidou-se como líder de uma direita soberanista, resistindo às pressões da União Europeia. Sua força vem justamente do fato de não se submeter ao sistema político de Bruxelas, preservando sua legitimidade nacional.

  • Itália: Giorgia Meloni, atual primeira-ministra, conquistou espaço ao se apresentar como representante de uma direita autêntica, distinta dos partidos tradicionais que, mesmo ditos conservadores, haviam se integrado às estruturas do sistema político europeu.

Esses casos mostram que, em democracias ocidentais, o dilema entre ser oposição real ou apenas uma variante tolerada do establishment é central. O eleitorado percebe e pune candidatos que parecem “só mais do mesmo”.

O horizonte de 2030

Ao projetar o futuro em termos de prosperidade ou decadência, Sachsida vincula o destino econômico do Brasil às escolhas políticas que serão tomadas ainda nesta década. A leitura sugere que o próximo ciclo de decisões — especialmente nos próximos anos — determinará a inserção do país no tabuleiro global, seja como potência emergente capaz de aproveitar seus recursos e sua posição estratégica, seja como nação fragilizada pela instabilidade institucional.

A advertência é clara: se a direita se submeter a uma lógica de conciliação com o sistema, corre o risco de neutralizar sua própria base. Mas, se mantiver sua autenticidade, pode transformar essa rejeição em energia política capaz de conduzir o Brasil a um patamar de prosperidade. 

Conclusão

Sachsida e Sampaio convergem em uma visão: o futuro do Brasil não está apenas em suas políticas econômicas, mas na autenticidade de sua representação política. A escolha entre a prosperidade e a decadência será, portanto, inseparável da capacidade da direita de manter-se como força real de oposição ao sistema, sem ceder à tentação de se tornar apenas mais uma engrenagem dele.

O dilema, em última instância, é o mesmo que move a história das nações: se a liderança política é fruto da verdade de seu povo ou se se torna um simulacro tolerado pelo poder. Em 2030, o Brasil colherá o fruto dessa escolha.

Quadro Comparativo: Sistema vs. Não-Sistema em Diferentes Países 

País Líder/Movimento Relação com o Sistema Percepção Popular Resultado Político
Brasil Jair Bolsonaro Rejeitado pelo establishment político e midiático Visto por sua base como o único representante da “direita não domesticada” Polarização intensa, mas liderança consolidada da direita autêntica
EUA Donald Trump Em conflito com o “deep state” e com parte do próprio Partido Republicano Percebido como outsider e voz do povo contra Washington Mobilização de massas, mas resistência institucional forte
Hungria Viktor Orbán (Fidesz) Rejeitado pela União Europeia, mas dominante internamente Líder soberanista que defende a identidade nacional contra Bruxelas Estabilidade no poder e fortalecimento do modelo nacional
Itália Giorgia Meloni (Fratelli d’Italia) Rompeu com partidos tradicionais que se integraram ao sistema europeu Reconhecida como representante de uma direita autêntica Vitória eleitoral e ascensão ao governo
França Marine Le Pen (Rassemblement National) Marginalizada pelo sistema, mas cada vez mais competitiva Símbolo de oposição às elites parisienses e à UE Ainda sem vitória nacional, mas crescimento eleitoral constante

 📚 Referências:

  • Jan-Werner Müller, O Que é Populismo? (2016) – para compreender a dinâmica entre establishment e forças anti-sistema.

  • Victor Orbán, discursos no Parlamento Húngaro (2010–2023) – sobre soberania e rejeição ao sistema europeu.

  • Christopher Lasch, A Rebelião das Elites (1995) – sobre como as elites se distanciam da vontade popular, gerando reações anti-sistema.

  • Patrick Deneen, Why Liberalism Failed (2018) – análise das crises internas do sistema liberal ocidental.

 

 

 

 

 

 

 

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