Introdução
O ato de comprar um livro, tradicionalmente considerado um investimento cultural, pode também ser interpretado como uma operação financeira de alto rendimento quando analisado sob a ótica dos programas de fidelidade, da tributação e da arbitragem geográfica. Neste artigo, examinamos como a compra de livros pode ser transformada em uma fonte de acumulação de pontos, milhas e, em última instância, capital monetário.
1. O livro como bem constitucionalmente isento
A Constituição Federal do Brasil garante, em seu artigo 150, VI, d, a imunidade tributária de livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão.¹ Essa norma exclui a incidência de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e de imposto de importação, tornando o livro um bem de consumo privilegiado em relação a outros produtos.
Assim, um livro adquirido por R$ 104,97 não sofre a carga fiscal indireta aplicada a bens comuns, o que o coloca em posição vantajosa como objeto de estratégias de acúmulo de pontos.
2. Programas de fidelidade e o multiplicador da Livelo
Programas de fidelidade, como a Livelo, permitem ao consumidor acumular pontos a partir de compras realizadas em lojas parceiras. Em campanhas especiais, a pontuação pode chegar a 10 pontos por real gasto.
No exemplo em tela, o livro de R$ 104,97 renderia 1.049 pontos Livelo. Com a adesão ao turbo da assinatura, esse valor é multiplicado por dez, atingindo 11.539 pontos.
Esse mecanismo transforma um consumo ordinário em uma operação de acumulação massiva de pontos, que podem ser entendidos como uma espécie de moeda privada digital.²
3. Conversão em milhas e monetização
Os pontos podem ser transferidos para programas de milhagem (Smiles, TudoAzul, Latam Pass), que frequentemente oferecem bonificações de 90% a 110% em campanhas promocionais.
Com 100% de bonificação, os 11.539 pontos se convertem em 23.078 milhas. Considerando o preço médio de mercado de R$ 20 por mil milhas em plataformas como Hotmilhas ou MaxMilhas, o valor em dinheiro é de aproximadamente R$ 461,56.
O resultado é um ROI (retorno sobre investimento) de mais de 340%, considerando o desembolso inicial de R$ 104,97.
4. Arbitragem geográfica: o caso de Tabatinga
A lógica se torna ainda mais interessante quando inserimos a variável geográfica. Tabatinga (AM), localizada na Zona Franca de Manaus, goza de incentivos fiscais que incluem a isenção de ICMS e ISSQN sobre produtos e serviços consumidos dentro de seu território.³
Nesse contexto, o mesmo livro poderia ter um custo efetivo 10% menor, reduzindo o desembolso para cerca de R$ 94,47. Como a pontuação Livelo não se altera, o consumidor obtém o mesmo retorno em milhas (23.078), mas com menor custo de entrada, elevando o ROI para cerca de 389%.
5. Implicações
A análise demonstra um modelo de arbitragem de consumo composto por cinco etapas:
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Escolha de bens constitucionalmente imunes (livros).
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Aproveitamento de programas de fidelidade com alta pontuação (Livelo).
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Maximização por turbo de assinatura.
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Conversão em milhas via transferência bonificada.
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Monetização final via venda de milhas, potencializada em regiões com incentivos fiscais (Tabatinga).
Conclusão
A compra de livros, além de fortalecer o patrimônio intelectual do indivíduo, pode ser compreendida como uma estratégia de multiplicação patrimonial indireta, sobretudo quando associada a programas de fidelidade e à arbitragem tributária oferecida por determinadas regiões.
A análise aqui apresentada evidencia que o consumidor atento transforma consumo cultural em ativo financeiro, sendo capaz de aliar conhecimento e capital na mesma operação.
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