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quarta-feira, 10 de setembro de 2025

A retenção do conhecimento como ato de autoridade nos méritos de Cristo

1. O fundamento filosófico

Olavo de Carvalho e Rodrigo Gurgel destacaram a importância da retenção do conhecimento por longos períodos. Não se trata de mera memorização mecânica, mas de um processo de sedimentação intelectual em que o saber se converte em parte integrante da pessoa. Esse tipo de conhecimento não desaparece com o tempo, porque foi assimilado, refletido e cultivado. Ele se torna um patrimônio interior.

Porém, reter conhecimento sem finalidade é um desperdício. A cultura moderna tende a tratar a memória como acúmulo inútil, valorizando apenas o “saber prático imediato”. Contra essa tendência, a tradição filosófica mostra que a memória é a base da prudência e da sabedoria: só quem lembra e medita sobre o passado pode discernir o presente e orientar o futuro.

2. O fundamento cristão

A sua reflexão acrescenta uma dimensão decisiva: a retenção de conhecimento só faz pleno sentido quando vista nos méritos de Cristo. Isto é, a memória do sábio não é para si mesmo, mas para os outros. Assim como Cristo entregou a Si mesmo em sacrifício pelos homens, também o professor, o escritor ou o mestre deve reter o conhecimento para transmiti-lo a quem dele necessita.

Neste horizonte, a retenção do saber deixa de ser um exercício de vaidade e torna-se um ato de caridade. É um serviço: preparar a verdade para ser oferecida no tempo oportuno.

3. Autoridade e liberdade

Ao transmitir o que reteve, o professor não apenas ensina conteúdos, mas aperfeiçoa a liberdade de muitos. Pois a verdade liberta (Jo 8,32), e quem transmite a verdade torna-se instrumento dessa libertação. Nesse sentido, a autoridade não é tirânica nem meramente institucional: é a autoridade de quem retém, compreende e transmite fielmente.

A retenção do conhecimento, portanto, é um modo de preparar-se para exercer autoridade legítima. Uma autoridade que não oprime, mas que guia; que não se funda em poder arbitrário, mas na fidelidade ao verdadeiro, transmitido nos méritos de Cristo.

4. Aplicação prática

Aprender a reter conhecimento por longos períodos é, portanto, preparar-se para:

  • Ensinar com constância: ser capaz de transmitir o mesmo ensinamento hoje, amanhã e daqui a vinte anos, sem se perder nas modas intelectuais.

  • Servir como guia confiável: tornar-se referência para quem depende de orientação.

  • Aperfeiçoar a liberdade dos outros: não apenas informar, mas formar consciências para que sejam livres na verdade.

Conclusão

A retenção do conhecimento não é apenas um exercício de disciplina mental. É um ato de fidelidade que prepara a pessoa para servir como autoridade, transmitindo a verdade a quem dela depende. Nos méritos de Cristo, reter é servir; e servir é libertar.

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