A experiência universitária, sobretudo nas Faculdades de Direito, frequentemente revela uma dinâmica curiosa: a formação de patotas. Pequenos grupos de afinidade se organizam em torno de interesses comuns, mas sobretudo de vantagens práticas, criando uma rede de influência fechada que garante privilégios a seus membros e exclui quem não faz parte do círculo.
A patota: rede fechada de influência
Nessas faculdades, não raro a patota controla acesso a estágios, monitorias, oportunidades de pesquisa, cargos em diretórios acadêmicos, atividades sociais e até mesmo a possibilidade de ser notado por professores. Para o estudante que está fora desse circuito, a ascensão depende apenas do esforço próprio e da resistência contra a exclusão velada. Para quem está dentro, abre-se a porta da conveniência: indicações, facilidades e um ambiente favorável ao crescimento.
A analogia com a loja maçônica
Se compararmos a patota a uma “pequena via da loja maçônica”, vemos alguns paralelos:
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Seleção e segredo: A entrada não é pública nem transparente. É preciso ser escolhido, reconhecido como “um dos nossos”.
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Espírito de fraternidade seletiva: Dentro do grupo, há solidariedade e defesa mútua; fora dele, a indiferença.
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Rede de poder: Assim como lojas maçônicas historicamente construíram redes de influência política e social, a patota constrói sua rede no microcosmo acadêmico.
Onde a analogia se rompe
No entanto, a comparação tem seus limites. Enquanto a maçonaria se justifica por um pretenso ideal declarado de elevação espiritual, qualificado por toda uma pretensa ordemm simbólica e filosófica, fundada no que é conveniente e dissociado da verdade, a patota opera de forma imediatista, com um propósito estritamente pragmático: garantir vantagens pontuais aos seus membros. Não há ritual, não há horizonte de transcendência; há apenas conveniência.
A consequência no ensino jurídico
O problema é que essa prática reproduz, em escala acadêmica, uma lógica de poder que depois se expande na vida profissional. O estudante habituado à proteção da patota tende a buscar sempre o atalho da influência em detrimento da excelência do trabalho. O Direito, que deveria se assentar sobre mérito, justiça e objetividade, passa a ser corrompido desde sua formação pela lógica da pequena via.
👉 Em resumo: a patota é mesmo a versão reduzida, e muitas vezes caricata, da loja maçônica — um atalho de poder sem a ordem simbólica que poderia justificar sua existência.
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