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quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Lockers paraguaios na fronteira e o uso estratégico do RUC por brasileiros empreendedores

A crescente integração econômica e logística entre o Brasil e o Paraguai, especialmente nas zonas de fronteira como Foz do Iguaçu / Ciudad del Este, tem proporcionado oportunidades comerciais cada vez mais vantajosas para pequenos empreendedores brasileiros. Um dos instrumentos mais promissores nessa conjuntura é o uso do RUC (Registro Único de Contribuyente) paraguaio, aliado à instalação estratégica de lockers paraguaios próximos à fronteira. Essa combinação pode permitir a operacionalização de importações com baixo custo, legalidade plena e potencial escalável.

1. O que é o RUC paraguaio e por que ele importa?

O RUC é o equivalente ao CNPJ no Paraguai. Com ele, qualquer pessoa física ou jurídica pode realizar operações comerciais formais, inclusive importações e reexportações. O regime simplificado paraguaio permite importações de até US$ 3.000 por operação, o que é ideal para microempreendedores ou pequenos comerciantes que desejam manter baixo risco e alta rotatividade de mercadoria.

Esse regime, diferente do regime aduaneiro comum, não exige estruturas burocráticas complexas e pode ser realizado com documentação simplificada, inclusive por empresas unipessoais.

2. Lockers paraguaios: hubs logísticos na fronteira

Imagine a instalação de lockers paraguaios, especialmente em locais como Presidente Franco ou Ciudad del Este, a poucos metros da fronteira com Foz do Iguaçu. Esses lockers funcionariam como pontos de coleta ou entrega de mercadorias internacionais para brasileiros que possuem RUC.

O cenário seria o seguinte:

  • O brasileiro com RUC realiza uma compra internacional (ex: da Zona Franca de Iquique – ZOFRI – no Chile).

  • A mercadoria é enviada diretamente para o locker paraguaio, com todos os trâmites legais de importação pagos no Paraguai.

  • O empreendedor brasileiro retira a mercadoria e decide seu destino: revenda no Paraguai, reexportação para o Brasil, ou uso próprio.

3. MEI e reexportação: vantagens e limites

No Brasil, o MEI (Microempreendedor Individual) possui restrições legais que impedem a importação para revenda. No entanto, se o mesmo brasileiro opera como ME (Microempresa) no Simples Nacional, essas barreiras desaparecem.

📌 Duas estratégias surgem:

a) Reexportação via empresa brasileira

O brasileiro, com RUC e ME, pode importar legalmente para o Paraguai, e então reexportar para o Brasil em nome de sua empresa brasileira. Nessa operação:

  • A entrada no Brasil pode ocorrer via despacho simplificado dos Correios ou por despachante aduaneiro.

  • O pagamento dos tributos no Brasil é regularizado com nota fiscal de importação.

  • O produto entra formalmente no mercado interno.

b) Venda direta no Brasil como microempresa

Se o produto estiver em território nacional, a venda é realizada com nota fiscal eletrônica, e o faturamento será tributado conforme o regime do Simples Nacional.

O teto de faturamento para uma microempresa (ME) no Brasil é de R$ 360 mil por ano, podendo chegar a R$ 4,8 milhões no caso de uma empresa de pequeno porte (EPP). Isso dá ampla margem de crescimento para quem começa com operações de US$ 3.000 por lote.

4. Importar da ZOFRI e usar o Paraguai como entreposto

A Zona Franca de Iquique (ZOFRI), no norte do Chile, é um polo de distribuição de mercadorias isentas de IVA, voltado principalmente para exportação. Importar da ZOFRI para o Paraguai tem diversas vantagens:

  • Preço competitivo (sem imposto chileno)

  • Facilidade de negociação em volume

  • Isenção ou redução de tributos na origem

  • Possibilidade de usar o Paraguai como entreposto para reexportação ao Brasil

Essa cadeia logística pode ser percorrida via terrestre:
Iquique (Chile) → Paso de Jama (Argentina) → Paraguai (Ciudad del Este) → Brasil (Foz do Iguaçu).

5. Conclusão: criar um corredor logístico-tributário legal e eficiente

Ao combinar:

  • Um RUC paraguaio ativo

  • A estruturação de um ME ou EPP no Brasil

  • O uso de lockers paraguaios em zona de fronteira

  • A importação com valores baixos mas frequentes (até US$ 3.000)

  • E a reexportação formalizada ao Brasil

…o empreendedor brasileiro cria um corredor logístico e fiscal eficiente, aproveitando os melhores aspectos de cada país:

Elemento Paraguai Brasil
RUC Simplificado, acesso ao comércio exterior
Importação Até US$ 3.000 por operação Requer legalização e tributos, mas permite revenda
Lockers Ponto de apoio logístico e fiscal Recolhimento físico da mercadoria
ME Permite faturamento até R$ 360 mil com carga tributária reduzida

 Essa estratégia pode transformar a fronteira em um espaço de prosperidade para o micro e pequeno empreendedor, conectando mercados, reduzindo custos e gerando formalização com inteligência.

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