Introdução
A direita política no Brasil enfrenta, segundo Olavo de Carvalho, um problema fundamental: a falta de unidade real. Essa ausência não se deve apenas a divergências estratégicas ou eleitorais, mas à confusão sobre os princípios que deveriam unir o campo conservador. Sem uma fundação moral e espiritual firme, a unidade política é frágil e sujeita ao relativismo cultural, moral e ideológico.
A unidade não pode ser superficial
Olavo de Carvalho argumenta que não há unidade política possível sem unidade moral e espiritual. O engano de muitos setores da direita é tratar como aliados políticos figuras que, na essência, são heréticas ou revolucionárias, como os liberais clássicos. Ao incluí-los sob a bandeira do “conservadorismo”, cria-se uma base instável, onde os princípios são sacrificados em nome de conveniências momentâneas.
Essa confusão gera um relativismo cultural e moral, no qual qualquer debate perde referência clara sobre o certo e o errado, e a política torna-se mera disputa de poder. A consequência prática é uma direita dispersa, que não consegue resistir aos avanços do progressismo ou consolidar políticas coerentes.
O problema do relativismo moral
Quando heréticos ou liberais são tratados como sendo “de direita”, estabelece-se um cenário onde os princípios se tornam maleáveis. Olavo critica fortemente a ideia de que o bolsonarismo poderia ser uma ordem superada, ou que eleições sem Bolsonaro representariam uma nova fase da direita. Tais visões refletem a confusão entre pragmatismo político e coerência moral, resultando em fragmentação e ausência de identidade clara.
A direita, para ser efetiva, precisa alinhar suas ações e propostas à conformidade com o Todo que vem de Deus, isto é, à verdade objetiva e à moral cristã, que servem de fundamento para qualquer estrutura política duradoura.
Consequências para a política brasileira
A dispersão da direita leva a três efeitos principais:
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Incapacidade de formar coalizões sólidas – alianças baseadas em conveniências eleitorais se desfazem facilmente.
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Vazamento ideológico para o centro ou esquerda – princípios fundamentais são sacrificados em nome de “modernidade” ou “realismo político”.
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Perda de referência moral para a sociedade – sem modelos virtuosos, a população é privada de lideranças que inspirem ação coerente e ordenada segundo valores cristãos.
Conclusão
A unidade da direita brasileira depende de algo mais profundo do que estratégias eleitorais ou conveniências políticas: depende da unidade moral e espiritual. Ignorar esse princípio fundamental é aceitar o relativismo e a fragmentação, condenando o campo conservador a uma crise permanente. A consolidação de uma direita coerente passa, portanto, pela recusa de alianças com ideologias contrárias aos princípios cristãos e pela reafirmação de valores que transcendem a mera política: a verdade, a moral e a lei divina.
Bibliografia
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Carvalho, Olavo de. O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota. São Paulo: É Realizações, 2013.
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Carvalho, Olavo de. Direita e Esquerda: Por uma filosofia da política brasileira. Rio de Janeiro: Vide Editorial, 2009.
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Burke, Edmund. Reflections on the Revolution in France. London: J. Dodsley, 1790.
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Scruton, Roger. How to Be a Conservative. London: Bloomsbury, 2014.
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Voegelin, Eric. The New Science of Politics. Chicago: University of Chicago Press, 1952.
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