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sexta-feira, 15 de agosto de 2025

O Trem-Bala Rio–São Paulo: da viabilidade técnica e dos obstáculos políticos

Resumo

O projeto de trem-bala ligando Rio de Janeiro e São Paulo tem sido alvo de debates sobre sua viabilidade técnica e econômica. Alegações de inviabilidade geográfica e custo elevado são frequentemente apresentadas como justificativa para o adiamento ou cancelamento da obra. No entanto, análises modernas de engenharia e experiências históricas indicam que tais obstáculos são superáveis. Este artigo demonstra que o projeto é tecnicamente possível, economicamente sustentável e que a verdadeira razão para a paralisação é, em grande parte, política.

1. Viabilidade técnica

Historicamente, a geografia acidentada entre Rio de Janeiro e São Paulo foi apontada como um entrave para a construção de uma ferrovia de alta velocidade. Entretanto, a engenharia moderna permite superar tais barreiras por meio de:

  • Túneis em regiões montanhosas, semelhantes aos usados na Linha de Alta Velocidade Gotthard, na Suíça, ou na Ferrovia Qinghai-Tibet, na China.

  • Viadutos e pontes para atravessar vales e rios, inspirados em obras como a Ponte Vasco da Gama, em Portugal.

  • Terraplenagem e nivelamento de trechos irregulares, prática comum em obras de infraestrutura complexa no Brasil e no mundo.

O traçado Rio–São Paulo, de aproximadamente 430 km, poderia ser percorrido em 1h30 a 2h, com velocidade média de 300 km/h, reduzindo drasticamente o tempo de deslocamento e a dependência da ponte aérea.

2. Viabilidade econômica

Com base na demanda atual da ponte aérea Rio–São Paulo, que transporta cerca de 9 milhões de passageiros por ano, um trem de alta velocidade atenderia confortavelmente 40–50% dessa demanda. Considerando tarifas médias de R$ 200–300, a receita anual estimada seria de R$ 5–8 bilhões, permitindo que o investimento se pagasse em 10–12 anos.

A obra se mostra sustentável no médio prazo, com benefícios adicionais:

  • Integração econômica entre os principais polos do país

  • Redução de emissões de carbono em relação à aviação

  • Estímulo ao transporte público nas áreas urbanas conectadas

3. Redução de custos via execução militar

Historicamente, o Exército brasileiro executou grandes obras de infraestrutura de forma mais econômica e eficiente, como:

  • Rodovia Transamazônica

  • Ferrovia Carajás

  • Hidrelétricas como Itaipu e Tucuruí

A execução do trem-bala sob supervisão de engenheiros militares poderia reduzir o custo total em 20–30%, passando de R$ 70–80 bilhões (custo médio privado) para R$ 50–55 bilhões, com manutenção anual menor e menor risco de atrasos ou sobrepreço.

4. Aspectos políticos

A justificativa de inviabilidade técnica ou econômica tem caráter político:

  • O projeto foi anunciado próximo à Copa do Mundo de 2014, sugerindo interesse em visibilidade internacional, e não em benefício direto da população.

  • Obras dessa magnitude frequentemente enfrentam resistências burocráticas e disputas de interesse econômico.

  • A paralisação atual reflete falta de prioridade política, e não impossibilidade de execução.

5. Conclusão

O trem-bala Rio–São Paulo é:

  • Técnica e logisticamente viável, com soluções comprovadas internacionalmente para superar terrenos acidentados.

  • Economicamente sustentável, com retorno do investimento estimado entre 10–12 anos, podendo ser ainda mais rápido com execução militar.

  • Politicamente obstruído, mais por interesses eleitorais e simbólicos do que por barreiras reais.

Portanto, a alegação de inviabilidade é uma desculpa fraca, enquanto os benefícios de integração econômica, mobilidade urbana e redução de dependência aérea são claros. A obra é viável e desejável, e seu adiamento não encontra justificativa na engenharia ou na economia, mas sim na política do momento.

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