Uma das marcas da maturidade é a capacidade de precisar de pouca afeição e compreensão, mas ser capaz de dar muita. Ao contrário da criança e do adolescente, que necessitam constantemente de aceitação externa para se consolidarem como pessoas, o homem maduro encontra em si mesmo a solidez que outrora buscava nos outros. O imaturo é como uma massa amorfa, incerta, que precisa ser constantemente solidificada por fatores externos; o maduro, pelo contrário, aprendeu a sustentar-se por dentro.
Essa visão lembra a simbologia alquímica do mercúrio e do enxofre: o mercúrio, fluido e instável, necessita do enxofre para ganhar firmeza e estabilidade. Da mesma forma, a personalidade humana, enquanto imatura, depende de apoios externos; mas, uma vez amadurecida, encontra em sua própria interioridade os elementos de sustentação.
Nesse contexto, aprender a ficar sozinho é uma escola indispensável. “Quem não sabe ficar sozinho não sabe nada”, dizia Olavo de Carvalho. Amar sem ser amado, embora doloroso, é parte desse aprendizado. O amor verdadeiro não é uma moeda de troca, mas um ato de doação que encontra sua fonte última em Deus. Quem ama sem esperar retorno descobre que, mesmo na solidão, é sustentado pelo amor divino.
A maturidade também exige assumir a responsabilidade pela própria vida. Quem espera constantemente o apoio ou o aplauso dos outros permanece prisioneiro de uma imaturidade crônica. É preciso ter a coragem de apostar em si mesmo, mesmo quando ninguém mais aposta. Como dizia Dom Quixote: “Yo sé quién soy” — eu sei quem sou. Essa certeza interior é o que liberta o homem da dependência da aprovação alheia e o torna capaz de realizar sua vocação, ainda que contra a corrente dominante.
A verdadeira vitória não está em ser reconhecido ou aplaudido, mas em ser fiel àquilo que se deve ser e fazer. Afinal, “todo mundo gosta de um vencedor”, mas a vitória que importa não é a dos aplausos, e sim a de ter cumprido, diante de Deus e de si mesmo, a própria missão.
Assim, o homem maduro é aquele que aprendeu a transformar a solidão em força, o amor não correspondido em doação, a falta de apoio em confiança em si mesmo, e a fragilidade em solidez espiritual.
Referências Bibliográficas
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CARVALHO, Olavo de. O Imbecil Coletivo. Rio de Janeiro: Record, 1996.
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CARVALHO, Olavo de. A Nova Era e a Revolução Cultural. São Paulo: É Realizações, 2012.
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FROMM, Erich. A Arte de Amar. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.
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RUSSELL, Walter. The Secret of Light. University of Science and Philosophy, 1947.
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FRANKL, Viktor E. Em busca de sentido. Petrópolis: Vozes, 2008.
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GUÉNON, René. A simbólica da cruz. São Paulo: Pensamento, 2003.
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BÍBLIA SAGRADA. Carta de São Paulo aos Coríntios, capítulo 13 (sobre o amor).
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