O falso “poste” e o verdadeiro intercessor da Nação
O termo “poste” entrou no vocabulário político brasileiro para descrever a presidente Dilma Rousseff. Escolhida por Lula para sucedê-lo, Dilma foi incapaz de firmar uma identidade política própria e sempre permaneceu sob a sombra do seu criador. Sua trajetória, desde o início, revelou-se como uma extensão do lulismo — uma administração dependente, sem o brilho carismático que sustenta líderes em tempos de crise.
Quando a oposição polonesa acusa Andrzej Duda de ser “poste” de Jarosław Kaczyński, tenta importar para o cenário europeu uma caricatura semelhante à brasileira. Mas a realidade polonesa é outra. Ainda que Duda tenha sido lançado politicamente pelo PiS (Lei e Justiça), ele soube se elevar acima da condição de mero sucessor para assumir a postura de verdadeiro intercessor da nação.
A diferença entre a tutela e a devoção
Dilma governava sob tutela. O projeto era de Lula, os símbolos eram de Lula e, quando a maré virou, não havia capital político para sustentar-se. Ao contrário, Duda encontrou na religiosidade polonesa o caminho para se ligar diretamente à alma nacional. Frequentando o santuário de Częstochowa, lugar onde a Virgem Negra é venerada há séculos, o presidente assumiu uma função que transcende a política partidária: ele rezava pelo povo, como outrora faziam os reis católicos.
Enquanto Dilma se tornava símbolo de dependência, Duda encarnava a figura de um governante que ora com e pelo povo, fortalecendo a união espiritual entre governante e nação.
A religião como manipulação e como fundação
O contraste com o Brasil é evidente. Lula e Dilma utilizaram a religião como instrumento de manipulação. Evocavam símbolos cristãos quando convinha às campanhas, mas ao mesmo tempo promoviam uma agenda cultural anticatólica, relativizando valores da família, da vida e da fé. Essa contradição corroía a legitimidade de seu discurso religioso, reduzido a mero recurso de marketing eleitoral.
Já na Polônia, o catolicismo não é adereço: é fundamento da própria identidade nacional. Desde a resistência contra as invasões suecas no século XVII até a luta contra o comunismo no século XX, a presença de Jasna Góra e da Virgem Negra sustentou o espírito do povo polonês. Duda, ao reafirmar esse vínculo, não instrumentalizou a fé: ele se inseriu numa tradição histórica que o antecede e que o legitima.
O papel de monarca na república
Curiosamente, Duda assumiu um papel que lembra mais o de um monarca católico do que de um presidente republicano. Ele entendeu que o Chefe de Estado não governa apenas com decretos e políticas públicas, mas também com gestos simbólicos que exprimem a alma do povo. É isso que o leva, em ocasiões solenes, a dobrar os joelhos diante da Virgem de Częstochowa.
No Brasil, Bolsonaro ensaiou gesto semelhante ao dirigir-se a Aparecida. No entanto, enfrentou resistência de parte da hierarquia eclesiástica local, contaminada por correntes progressistas. Foi impedido de exercer o que é próprio do Chefe da Nação: rezar por seu povo, diante de Deus, como intercessor.
O verdadeiro e o falso “poste”
Assim, a diferença é nítida. Dilma foi um “poste” real, incapaz de firmar identidade política e dependente do criador. Duda, ao contrário, só é chamado de “poste” pela propaganda adversária: na prática, tornou-se ator político principal, enraizado na tradição católica polonesa, e símbolo da continuidade histórica de um povo que jamais separou a política de sua missão espiritual.
Na lógica brasileira, o “poste” cai e seu criador volta à cena. Na lógica polonesa, o suposto “poste” se ergueu como verdadeiro intercessor de uma nação, no espírito da realeza católica que nunca deixou de rezar pelo seu povo.
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