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sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Por que devemos estudar a realidade?

1) Se devemos estudar a realidade, então isso significa estudar a nossa condição de pecadores e de que não somos nada sem Deus. E neste ponto a Antropologia, para ser realmente entendida, necessita muito que se estude Deus primeiro, pois é a partir dos propósitos do Criador que se compreende a criatura, feita à imagem e semelhança de Deus.

2) Estudar a realidade é admitir o fato de que existem coisas geniais e bestiais no mundo. E isso implica admitir que milagres existem e que absurdos também existem.

3) Milagres são autoprobantes e estão numa categoria muito acima daquela em que a razão é capaz de explicar - por isso mesmo, é preciso crer primeiro para só depois entender - e é neste ponto que o Espírito Santo atua de modo a apreciarmos retamente todas as coisas, o que é um atributo próprio da bondade de Deus, pois é a bondade em pessoa.

4) O absurdo está muito abaixo do nível da ordem natural das coisas e da reta razão, fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus. Se é do absurdo que extraímos os primeiros conceitos e os primeiros elementos necessários a se conservar o que é conveniente e sensato, fundamento para se chegar à verdade, então há por trás do absurdo uma lógica que precisa ser estudada, pois o louco perdeu tudo, exceto a razão fundada em sabedoria humana dissociada da divina. E neste ponto, tanto Albert Camus quanto Chesterton estão corretos.

5) Dizer que o pecado não existe é fugir da realidade. E fugindo da realidade, você nega o extraordinário do milagre e o ordinário do absurdo. E isso é absurdo!

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 12 de agosto de 2016.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Do jornalismo e da literatura como formas de apreensão da lógica do absurdo

1) Camus costuma dizer que o registro do absurdo, do fato da realidade que é fora da ordem natural das coisas, é a primeira forma de se apreender a lógica que há por trás dele.

2) É, pois, do absurdo que extraímos o primeiro conceito, a primeira verdade. É da experiência de se lidar com absurdos que nós conservamos o que é conveniente e sensato e rejeitamos o que conveniente e dissociado da verdade.

3) Dentro desta linha, o jornalismo, enquanto uma fonte de observação, registra os absurdos e os denuncia, de modo a que sejam depois analisados a posteriori por todos aqueles que se dedicam à atividade intelectual independente, de modo a conhecer a verdade, fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus.

4) Ainda que não haja registro jornalístico, a literatura pode suprir isso, pois é a possibilidade de um absurdo vir a acontecer na realidade, coisa que pede um bom senso especulativo, o que é próprio de um filósofo. Uma boa literatura é capaz de antecipar em anos fatos jornalísticos.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 11 de agosto de 2016.

Matérias relacionadas:

http://blogdejoseoctaviodettmann.blogspot.com/2016/10/as-possibilidades-de-acao-politica.html

O bom jornalismo prepara o caminho para uma análise histórica séria

1) Uma revista jornalística é feita de fatos flagrantes (o termo "flagrante" vem de coisa ardendo, pois onde há indício de fumaça há fogo). E não há nada mais sensacionalista do que exibir a figura de um prédio em chamas, servindo liberdade para o nada, de modo a ganhar ainda mais audiência.

2) Por isso, nunca compre uma revista jornalística pela sua natureza de revista jornalística. O verdadeiro valor de uma revista jornalística se dá quando os fatos se tornam ruínas, monumentos do passado. E como documento, eles são uma fotografia do que de fato aconteceu - e ao investigarmos as ruínas, nós chegaremos às causas da verdade, a longo prazo.

3) Nenhum jornalismo será sério se não se tiver a consciência de que o registro dos fatos ardendo em brasa viva pode dar causa a uma investigação mais profunda. Todo jornalista é um historiador do tempo presente, o historiador de primeira mão, um historiador do imediato, já que ele produz a fonte primária, uma vez que ele vê a casa pegando fogo e tem o dever de comunicar as coisas a quem interessar possa, por imperioso dever de caridade com todos aqueles que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, de modo a que o lobo não acabe com as ovelhas do rebanho do bom pastor - por isso mesmo, ele precisa fazer um registro preciso e minucioso do que aconteceu, de modo a que o perito das ruínas, o do passado consolidado, investigue as coisas, de modo a descobrir a verdade sobre as coisas, já que a verdade é filha do tempo e se revela depois dos fatos acontecidos, uma vez que as ruínas do monumento estão postas sob documentos, posto que são monumentos que nos apontam para conformidade com o Todo que vem, coisa que leva à verdade.

4) O registro do testemunho solitário, de primeira mão, é sempre necessário para se chegar à verdade. E o jornalista que se presta a esse trabalho o faz sistematicamente, diuturnamente, se estiver com a alma formada na fé cristã, na conformidade com o Todo que vem de Deus.

José Octavio Dettmann

Matéria original postada no Rio de Janeiro, em 1º de julho de 2014.

Matéria republicada no Rio de Janeiro, 11 de agosto de 2016.

Nada que decorra de uma ordem revolucionária pode ser bom

1) Nada que decorra de uma ordem revolucionária pode ser bom.

2) Os pretensos "historiadores" que disserem que "a República no Brasil trouxe coisas positivas" que me deletem, pois vocês se declararam mortos - e eu não quero mortos em vida, zumbis subservientes a esta falsa e infame realidade. Tal realidade não é conforme o Todo que vem de Deus - e quem profere tal opinião não o faz a serviço da caridade ou da verdade, mas tão somente para atender a uma vaidade, a uma sabedoria humana dissociada da divina, coisa que é tão nefasta quanto as universidades marxistas.

3) Historiador formado em universidade não pode ser parâmetro para se medir um que seja sério e que aprendeu as coisas por esforço próprio, como foi o meu caso. Pois os sérios desde cedo estudam por conta própria, sem precisar de professor. Esses aprendem a amar o Brasil através da sabedoria dos antigos, pois é através deles que aprendem a carregar a cruz da pátria como sendo sua.

4) Ser historiador é uma vocação - jamais será profissão. Servir à verdade é sacerdócio. Quem serve bem tem o que comer e terá direito à vida - quem mente e corrompe tem mais é que perecer. Do mesmo modo, o jornalismo.

5) Nenhuma faculdade te ensinará aquilo que você sozinho buscará por si mesmo, se você atender a este chamado de Deus. Pois os títulos não medem a grandeza de um homem - na verdade, eles são um sintoma de uma sociedade doente, cada vez dissociada de sua fé fundacional e que está se tornando cada vez injusta e impessoal.

6) Pobre do país que confia demais nos títulos de bacharel do que no chamado que decorre da verdade, do Cristo Crucificado de Ourique. Esses que me compreendem precisam aprender desde cedo que a cruz é de chumbo e que precisa ser carregada com todo o amor e carinho. Quem não aprende isso automaticamente se declarou apátrida por escolha.

José Octavio Dettmann

Postagem original feita no Rio de Janeiro, em 24 de junho de 2014.

Matéria republicada no Rio de Janeiro, em 11 de agosto de 2016.

Examinando uma opinião geralmente disseminada

1) Há quem diga que, entre o videogame e a realidade, é preferível a realidade ao videogame.

2) Eu concordo com esta opinião - no entanto, ela não me parece realista, pois moramos em cidades dominadas pela criminalidade, onde o consumismo e o ritmo da vida moderna não favorecem que experimentemos a sensação de vastidão de mundo real, coisa que nos leva a uma verdadeira apeirokalia, ou perda do senso de belo, das boas impressões que acumulamos ao longo de uma vida bem vivida e que nos levam ao senso de conformidade com o Todo que vem de Deus. Essas coisas favorecem à vida contemplativa e à imaginação - e a perda disso reduz o horizonte de consciência das pessoas, a ponto de torná-las estúpidas, insensatas, insensíveis e materialistas, o que favorece a  construção de uma ordem totalitária, tirânica.

3) Por isso mesmo, é preciso tomar cuidado com essas coisas antes de afirmar algo peremptoriamente, sem examinar as nossas circunstâncias.

4) Eu sei que, perto da realidade, o videogame é uma gambiarra. Mas, como estamos numa guerra cultural, a cultura do improviso é a chave da sobrevivência.

Notas sobre o potencial dos jogos RPG sandbox

1) Uma coisa que estou aprendendo com os jogos sandbox é a noção de vastidão do mundo, dando-me a impressão de que as coisas devem ser testadas e experimentadas - e eu devo ser sensato, a ponto de conservar o que é conveniente, pois isso me aponta para aquilo que é conforme o Todo que vem de Deus.

2) Essa sensação de vastidão e ilimitação do mundo ao meu redor amplia ainda mais a sensação de consciência, coisa que faz com que tenhamos uma dimensão universal das coisas, o que restaura o senso de eternidade.

3) O videogame pode ser pedagógico, posto que o mundo moderno dos apartamentos, dos condomínios fechados, favorece a redução do horizonte de consciência das pessoas, a ponto de gerar má consciência sistemática, base de todo barbarismo comportamental - e isso é altamente destrutivo para uma criança em formação. No meu caso, como morei numa região afastada do Rio de Janeiro que já foi por muitos anos chamada de Zona Rural, a minha sensação de mundo era limitada, já que não tive a oportunidade de ir ao Centro do Rio, posto que não tinha dinheiro para isso - e muito menos viajar para outros lugares do Brasil, justamente por falta de dinheiro. A coisa só foi melhorar quando fui pra faculdade, pois o Centro do Rio passou a ser parte do meu mundo até me formar. E já tive a oportunidade de viajar para São Paulo de avião, por conta do batismo de meu irmão.

4) Jogar esses jogos sandbox pode até restaurar o senso de vastidão de mundo que se perdeu desde que me formei e desde que me mudei para um apartamento em Jacarepaguá - isso durará enquanto a cidade estiver sendo dominada pela criminalidade, o que inviabiliza meu ir e vir físico. O maior desafio é evitar que meu filho confunda isso com a própria realidade, tal como estamos a ver por aí.

5) O combate à criminalidade enfrenta uma preliminar de mérito: o regime político favorece a ação dos bandidos, pois foi feito de bandidos par bandidos. Se a República for derrubada e a Monarquia restaurada, a noção de bem comum voltará e o combate à criminalidade passará a ser uma questão de prioridade, pois não há noção de progresso sem a conformidade com o Todo que vem de Deus, base de toda ordem virtuosa, já que nela justiça e bom direito estarão caminhando de mãos dadas, por força da Aliança do Altar com o Trono.

A geopolítica espiritual é um símbolo ou um conceito?

1) Há quem diga, como o meu colega Haroldo Monteiro, que o termo "geopolítica espiritual" não seja um conceito que possa ser deduzido, mas um simbolismo para explicar algo que não sabemos. Até porque há razões divinas que não conhecemos e que são verdadeiros mistérios.

2) Estou de pleno acordo. Se examinarmos as coisas, Cristo queria um Império para Si e estabeleceu uma Antiga Navegação em Ourique, que foi perdida com a Revolução Liberal do Porto, em 1820 - tempos depois, Cristo anunciou à Santa Faustina que traria São João Paulo II de modo a restaurar a Antiga Navegação, ao empregar a chave-mestra de modo a restaurar a Antiga.

3) Tal como falei, um dos propósitos da chave-mestra é religar o que foi por sabedoria humana dissociada da divina desligado.