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sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Notas sobre o uso do leilão holandês

O leilão holandês é usado nas seguintes situações:

1) Quando o produto é perecível. Isso pode acontecer com flores e com alimentos - mas há casos onde o produto é perecível, por conta das constantes atualizações da legislação: como o caso dos manuais jurídicos ou dos vade mecums da vida.

2) Quando o comprador é único e vários são os vendedores. É o que vemos nas licitações.

3) Quando há economia monopsônica - no âmbito das relações trabalhistas, o salário vai sendo diminuído até chegar ao mínimo, o preço da praça - e se ele não está disposto a pagar por esse mínimo, é porque não houve acordo, por achar que os preços não são justos ou porque ele não tem necessidade de adquirir mais mão-de-obra. 

4) Dentro da lógica do leilão holandês, o comprador monopsônico  bate o botão geralmente no primeiro preço, na hora em que mais precisar, pois a demanda de trabalho é muito grande, na proporção em que seus serviços são muito necessários para outros mercados. Quando ele precisa, ele paga o primeiro preço que parecer mais justo, pois a necessidade é a mãe da justiça, da conformidade com o Todo que vem de Deus. Se o comprador monopsônico for maldoso, a ponto de esperar deliberadamente até que preço caia no preço mínimo da praça, ele tenderá a falir, pois a marca estará associada a práticas imorais, fora da conformidade com o Todo que vem de Deus. Além disso, se dentro de um determinado tempo ele não tomou uma decisão, é porque ele não chegou a um acordo com o preço que está disposto a pagar pelos serviços desses trabalhadores. E a demora em se chegar a um acordo levará ao prejuízo econômico do comprador monopsônico.

Notas sobre a aplicação do leilão holandês na venda de alimentos

1) No Canal Rural, mostrou-se como funciona o leilão holandês, praticado no mercado de flores de Holambra.

2) Quando uma flor é ofertada, o primeiro que bater o botão compra. Com o passar do tempo o preço tende a descer até haver um comprador. Se não houver um comprador, quando o tempo esgotar, o produto é descartado - não importa se o lote está em condições perfeitas, a flor vai para o lixo.

3) Se levarmos isso para o caso de alimentos, isso chega a ser temerário. Se alguém não comprar um determinado lote de alimentos que está em condições perfeitas, esse alimento vai ser desperdiçado.

4) Como o leilão é voltado para quem ama o dinheiro, para que o toma como se fosse um deus, então isso vai contra o ensinamento dos dois últimos papas: de que não se deve especular com comida. Seja no leilão inglês ou no holandês, o que ocorre é especulação.

Notas sobre política


1) Facção é uma palavra composta por aglutinação - ela deriva de fazer uma ação.

2) Fazer uma ação implica servir a todos os que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento. E política implica servir de maneira organizada a todos aqueles que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, o que leva a promover a caridade como sendo a base da ordem do dia, que se funda na eternidade, na conformidade com o Todo que vem de Deus.

3) Vários são os grupos que empreendem servindo ao próximo - várias são as facções, por conta da diversidade de atividades que são desempenhadas, mas una é a verdade. As facções estão geralmente relacionadas às atividades econômicas organizadas que fazem com que o país seja tomado como se fosse um lar em Cristo - e cada facção é sucedida por outra, desde que amparada na verdade sagrada. O mandato político se dá em ciclos (no sentido romano do termo, isso se chama revolução, pois cada época tem sua circunstância e vários são os desafios que devem ser encarados de modo a que o país seja tomado como se fosse um lar em Cristo).

4) Da mesma forma que existem facções que agem para o bem, há as facções que agem para o mal. Elas pregam a revolução no sentido germânico do termo, que é sinônimo de derramamento de sangue - e para que isso se edifique na imaginação das pessoas, esses grupos corrompem o significado de todas as coisas verdadeiras, ao pregar a mentira como se verdade - e vão repetindo isso até isso se tornar verdade. Se tudo esta no Estado e nada pode estar fora dele, a política para eles é no sentido maquiavélico do termo: pisar em todo mundo de modo a conquistar o poder e nele se manter a todo custo. Tais facções devem ser banidas e proibidas, pois tomam o país como se fosse religião. E quando não tomam o país como se fosse religião, elas tomam a economia como se fosse religião, pois amam muito ao dinheiro do que ao próximo.

5) Enfim, todos os que fazem ações voltadas para a esquerda do pai - seja no seu grau mais básico, seja no seu grau mais radical - devem ser banidos.

Comentários de Róger Badalum:

Santo Agostinho já nos alertava para o fato de que somente a substância boa é corruptível. É que, se não fosse boa, seria privada de qualquer bem, por ser incorruptível - e deixaria de existir. Logo, as substâncias corruptíveis que existem são boas! Cabe a nós desmascararmos as facções que apossaram de nossas substâncias boas!

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01) Da Amizade como a base para a sociedade política: http://adf.ly/c8q6A

02) A ordem se edifica a partir dos poucos que te ouvem: http://adf.ly/c8q9b

03) Comentários sobre a política em Aristóteles: http://adf.ly/bmJVe

04) Sobre os quatro significados do mito da caverna de Platão: http://adf.ly/cBUUu

05) Da associação dos trabalhadores no âmbito da economia monopsônica: http://adf.ly/1PrpTO

06) A nacionidade leva à coalizão dos batizados: http://adf.ly/1PrpyY

Novas notas sobre a diferença entre empréstimo e investimento

1) Tempos atrás, São Tomás de Aquino estabeleceu a diferença entre empréstimo e investimento.

2) O investimento tem caráter produtivo - por essa razão, uma remuneração justa é devida, por força do dinheiro que foi aplicado na atividade investida e do tempo que foi dispendido na organização dessa atividade de modo a se obter os resultados desejados.

3) O investimento numa atividade econômica organizada tem caráter de servir a ordem pública. Por essa razão, é perfeitamente possível exigir a devida remuneração do dinheiro investido na atividade mercantil. Essa ordem faz o bem sem olhar a quem - por isso mesmo, é lícito por força da lei natural exigir os frutos decorrentes desse investimento.

4) Quando você empresta dinheiro a um amigo, de modo a que ele possa pagar uma dívida, esse dinheiro teve caráter produtivo, por força da caridade. Como isso se funda numa ordem privada, não é ético você exigir do seu amigo a remuneração do investido, sob pena de fazê-lo seu inimigo, já que você ama mais o dinheiro do que a ele. Se esse seu amigo tem Deus no coração, além de devolver o dinheiro que foi emprestado a ele, ele voluntariamente te dará alguma coisa a mais, que pode ser diversa de dinheiro (isso no direito se chama dação em pagamento).

5) Quando a Igreja condena o empréstimo com caráter não produtivo, ela necessariamente condena a cultura do dinheiro que chama dinheiro. Não é certo você fazer empréstimos de maneira impessoal, sem se envolver nos riscos da atividade produtiva. Pois o não envolvimento em algo implica que você não quer a amizade dessa pessoa, pois você não é capaz de ver o Cristo na pessoa que pede a sua ajuda. E ao seu irmão você não deve emprestar com usura.

5) O direito de hoje em dia veda a dação em pagamento como alternativa ao pagamento dos impostos justamente porque não crê na fraternidade universal. O direito de hoje em dia está contaminado pelas ideologias do amor ao dinheiro, do pragmatismo e da aliança da oligarquia econômica com a ordem burocrática, que adota práticas muito semelhantes àquelas praticadas nas indústrias.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

A ideologia de gênero é filha da androgenia

1) Se na economia de massa os homens são substituíveis uns pelos outros, então pouco importa se o sujeito da espécie humana é do sexo masculino ou do sexo feminino.

2) A androgenia está intimamente ligada à massificação do homem, em que a fungibilidade foi consagrada ao nível do status quo, fundada numa liberdade fora da verdade que se dá em Cristo. Como o verdadeiro liberalismo implica viver na liberdade de Cristo, então buscar a liberdade fora dessa liberdade é buscar a ruína, a prisão - e isso é uma verdadeira ilusão.

3) Se pouco importa o sexo do homem massificado, então escolher o sexo com o fato de que isso é uma construção social é um pulo. A ideologia de gênero está intimamente ligada com a androgenia, coisa que marcou a cultura de massas nos anos 70 e 80.

O individualismo metodológico fundado no fato de que todos têm a sua verdade é falso

1) Uma das razões pelas quais a economia clássica não prosperou na Alemanha está no fato de que a utilidade das coisas está intimamente relacionada ao atendimento das necessidades humanas, levando-se em conta o custo e a oportunidade para se obtê-las. Esta observação derivava da observação direta da realidade, pois tudo isso decorre da própria experiência de se atuar na atividade mercantil. A Alemanha foi sede do Sacro Império-Romano Germânico e muitos de seus territórios foram parte da Liga Hanseática ou da Liga de Schmalkalde.

2) A economia mercantilista é por essência uma economia pragmática, fundada em resultados práticos. E esse pragmatismo é crucial de modo a atender necessidades humanas em larga escala. A experiência política dos romanos apontava isso - e aliança da política romana com a economia pragmática levou ao ressurgimento da ordem neopagã.

3) Enriquecida no individualismo metodológico, fundado em bases iluministas, neokantianas, não foi muito difícil para os industriosos e metódicos alemães erguerem uma economia próspera em muito pouco tempo, após a primeira unificação, em 1871.

4) A natureza pragmática e metodológica própria dos alemães teve seu eco na cultura do Estado tomado como se fosse religião, já que para Hegel o Estado é o ponto mais alto das realizações humanas. E o que é a exaltação do humanismo senão o pacto com o diabo, tal como vemos no Fausto, de Goethe?

5) Se o libertarismo leva a uma liberdade voltada para o nada, então os grandes erros da escola austríaca estão intimamente ligados aos vícios inerentes da cultura alemã da qual é originária. Se a doutrina de Kant é base para a mentalidade revolucionária, então o individualismo metodológico feito em bases kantianas é também viciado, senão herético.

6) O verdadeiro individualismo metodológico pede que se tome o país como se fosse um lar, e que se crie uma profissão com base nas circunstâncias em que os indivíduos se encontram - pois o individuo é ele mesmo e suas circunstâncias, como diria Ortega y Gasset. E a função empresarial está intimamente ligada às circunstâncias em que os indivíduos se encontram - ela não é pura, divorciada da realidade, pois o homem não é uma folha de papel.

7) Para se tomar o país como se fosse um lar, é preciso se estar em conformidade com o Todo que vem de Deus - e isso pede bases católicas e não bases libertárias, que buscam uma liberdade sem Cristo.

8) Se o pensamento austríaco for modificado em bases culturais diferentes daquelas da qual é originário, ele perderá seu caráter herético. Pois a sua heresia está na base kantiana e nos vícios inerentes da cultura alemã, da qual é originária.

Como a fungibilidade leva à concentração de poder

1) Quando você tem três fazendas, você precisa estar atento a uma grande quantidade de informações, de modo a que você possa tomar a melhor decisão possível, para o bem de cada uma delas. Por conta das circunstâncias, já que cada bem se encontra em lugares diferentes, tomar uma decisão sensata e correta pode ser difícil e ela tende a ser equivocada, pois há muitas variantes e muitas coisas a se levar em conta. Esse microgerenciamento inviabiliza a produção de riquezas - por isso que o centralismo não funciona, pois ele não leva em conta as circunstâncias locais, já que não tem ninguém que esteja próximo para cuidar daquilo que é preciso. Por isso também não foi possível um sistema similar ao comunismo na Idade Média.

2) Quando se tem três fazendas para se gerenciar, você deve preparar seus filhos de modo a que possam assumir o comando de cada uma delas e que possam prosperar com as suas próprias forças, pois a verdadeira riqueza vem da vocação, fundada no fato de servir a todos os que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento. Além de prepará-los para a sucessão, você ensina a eles a como cuidarem bem do que será um dia deles. Isso é distributivisimo fundado na generosidade e na própria autoridade de ser pai, coisa que é conforme o Todo que vem de Deus. E a função de pai é ser líder, pois é preciso preparar os filhos para a vida em liberdade, em conformidade com o Todo que vem de Deus.

3) Agora, quando se preza mais o dinheiro do que a vocação agrícola, você delega qualquer tipo de pessoa que tenha um MBA em administração de empresas de modo a que a fazenda possa lhe trazer mais dinheiro - e a teleogia da delegação libertária está centrada nisto: no amor ao dinheiro, que é tomado como se fosse um deus, a razão de ser de todas as coisas- e ao se delegar a fazenda a especialistas técnicos em produção de riqueza, eis que surge a economia de escala e a otimização dos custos. A infungibilidade fundada nas circunstâncias dos lugares se converte em dinheiro, em algo fungível - e a fazenda só valerá pelo que produz e não porque foi algo conquistado e batalhado pelos ancestrais que legaram esse bem a você. E o homem com isso vai perdendo os seus laços com a terra em que nasceu, pois o difícil trabalho de tomá-la como se fosse um lar foi perdido, por conta da ganância.

4) Para se converter bens infungíveis em bens fungíveis, você precisa de técnica e planejamento. E tudo é pensado e racionalizado em termos simples e repetitivos, tal como ocorre numa fábrica. Todo esse conhecimento, em vez de gerar sabedoria, só emburrece, aliena - e as pessoas tendem a viver as suas vidas na avareza, na vaidade, na pose, na ostentação, na cobiça, na soberba e na ganância.

5) O agronegócio, que substitui a economia agrícola familiar, é a fazenda administrada sob o prisma de uma fábrica. Pela oferta e demanda a comida produzida vira objeto de especulação - e o que é fora do padrão considerado bom é rejeitado e descartado. E isso foi condenado tanto por Bento XVI quanto pelo papa Francisco, pois é liberdade voltada para o nada, pois visa a se ter mais dinheiro e não para se enobrecer através do trabalho, da vocação, coisa que necessita da infungibilidade e da natureza diversa das circunstâncias de modo a que se possa prosperar.

6.1) Alimento em abundância, gerado pelo agronegócio, é crucial para se alimentar os exércitos de homens massificados das grandes cidades, de modo a que não haja uma revolução, por conta da carestia. Pois um dos grandes problemas ao longo da história da civilização é manter uma população numerosa tranqüila e satisfeita, tendo tudo o que precisa de modo a atender as suas necessidades massificadas, sejam elas concretas ou imaginárias, já que cada um tem a sua verdade. Não é à toa que o capitalismo adota métodos pragmáticos próprios dos romanos, pois se trata de uma economia de ordem pública, que visa a atender às necessidade do Estado Totalitário, onde o presidente é tomado como se fosse um Deus e o país é tomado como se fosse religião. E isso é algo tão nefasto quanto o comunismo, pois o amor ao dinheiro nega aquilo que é conforme o Todo que vem de Deus. Trata-se de um comunismo às avessas em sua versão mais light, mais próspera.

6.2) Do ponto de vista do poder, a economia fundada na fungibilidade faz concentrar as coisas em poucas mãos, pois é mais fácil administrar algo padronizado do que coisas diferentes por conta de suas diferentes circunstâncias e que precisam de cuidados específicos. Quanto mais você acumula riqueza derivada de algo simples e repetitivo, mais poder você tem - e menos você precisa pensar em microgerenciamento, o que forçaria a delegar poder a terceiros, a distribuir e repartir as coisas.

7) O poder totalitário só é possível porque o eixo da economia deixou de ser a terra, pois cada lugar da Terra tem a sua circunstância e o seu clima. Como o dinheiro é fungível, ele pode circular. E quanto mais você o tem, mais poder você terá. E aí começam os abusos, por conta da assimetria do poder.