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domingo, 8 de julho de 2018

Comentários sobre uma aula de filosofia que tive, na época de faculdade

1.1) Quando estava na faculdade, numa aula de filosofia - não se foi com base em Platão ou Aristóteles - foi estabelecida a diferença entre política e arte.

1.2) Enquanto a política tem um fim bom nela mesma, a arte é voltada para uma determinada finalidade, cuja criação se funda num motivo determinante estabelecido pelo artista.

2) Como a arte se funda no belo, então o belo tem a sua razão de ser na verdade - como isso acaba inspirando toda a polis, o lugar onde se vive o homem virtuoso, então a discussão dos problemas da polis perpassa sempre a questão do belo, da verdade. E, nesse ponto, a política tende a ser uma arte, pois todas as decisões tomadas visando à promoção e à preservação do bem comum possuem um motivo determinante.

3.1) O problema está na concepção de que o homem é a medida de todas as coisas.

3.2.1) Se ele é a medida de todas a coisas, então ele busca arrogar um lugar que não lhe pertence, que é o de Deus. E neste ponto, o Estado será tomado como se fosse religião em que tudo está no Estado e nada pode estar contra ele ou fora dele.

3.2.2) Assim, em nome do belo, o feio e o vazio são promovidos, relativizando a verdade. Os libertários-conservantistas dizem que o que se funda na conformidade com o Todo que vem de Deus é a mentira e que conservar o que é conveniente, fundado no amor de si até o desprezo de Deus, é a verdade. E chegam a criar departamentos e ministérios da cultura para esse fim. Eis a apeirokalia (perda do senso do belo) como instrumento de poder. Ela acaba gerando apatria sistemática, desligando a terra ao Céu.

4) É por essa razão, portanto, que Deus deve ser o centro de todas as coisas, não o homem. E não é à toa que a Idade Média é uma evolução do mundo clássico, já que a filosofia grega, o direito romano passaram a servir de instrumento a tudo aquilo que se funda na conformidade com o Todo que vem de Deus.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 8 de julho de 2018.

Ricardo Roveran: o raciocínio proposto neste texto é na verdade o de Protágoras. Eu nunca imaginei que o "humansmo" de Protágoras pudesse conduzir a isto.

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