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sábado, 7 de julho de 2018

Se o fim da polis está nela mesma, então a justificação da existência dessa entidade só pode ser explicada por uma única causa - e isso é falso

1.1) Se o fim da polis está nela mesma, então a tendência é justificar a existência dessa entidade política por uma única causa, quer sociológica, quer sobrenatural. E essa explicação tende a ser estritamente materialista, fundada no fato de se conservar o que é conveniente e dissociado da verdade.

1.2.1) De qualquer maneira, explicar a existência da polis por uma única e exclusiva causa tende a ser falsa, pois o fundamento que justifica a existência dessa entidade política está no amor de si até o desprezo de Deus, já que tudo está na polis e nada pode estar fora dela ou contra ela - eis a origem do totalitarismo.

1.2.2) A maior prova disso é que os gregos se definiam como civilizados, a ponto de definirem como "bárbaros" todos os que não têm um estilo de vida assemelhado ao grego - e tal definição certamente é arbitrária, guardada conveniente e dissociada da verdade. Tanto é verdade que o inimigo pode ser definido por razões de Estado, que são subjetivas, fundadas no amor de si até o desprezo de Deus

1.2.3) Por conta disso, o Estado tomado como se fosse religião decorre de um conceito de polis mais extrapolado, mais elástico, pois abrange mais cidades e mais territórios, a ponto de se tomar todo o mundo conhecido - ou mesmo desconhecido, como o espaço sideral - como parte de seu domínio.
Eis a tal aldeia global - ela não passa de uma cosmópolis.

2.1) A explicação por uma única e exclusiva causa tende a reduzir a pessoa - quer física, quer jurídica - à sua natureza ou mesmo às suas funções, a ponto de encontrar os motivos determinantes de sua existência nela mesma, a ponto de viver fora da conformidade com o Todo que vem de Deus.

2.2.1) Eis no que dá explicar as coisas a partir do método geométrico, como pretendeu Marx. Por isso mesmo, toda explicação para os males que assolam uma nação tende a ser falsa se ela se reduzir tão-somente ao materialismo ou ao economicismo, pois a riqueza não pode ser reduzida a um sinal de salvação, coisa que vem de um demiurgo, que dividiu o mundo entre eleitos e condenados.

2.2.2) Como demiurgo não existe, já que Deus não pode ser mau, então esta concepção de mundo de reduzir tudo a sua natureza ou função é falsa e acaba servindo liberdade com fins vazios, a ponto de tudo o que é sólido se desmanchar no ar - e o caminho para isso está no mundo líqüido em que nos encontramos. Afinal, como falsos deuses podem criar falsos demônios? Como as coisas podem decorrer do nada, já que um demiurgo não passa de um nada?

José Octavio Dettmann

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