1) Se os poderes de usar, gozar e dispor forem distribuídos ao maior número possível de pessoas, então a tendência é as coisas usadas para a produção de riqueza se autopagarem. A partir do momento em que as coisas se autopagam, elas tendem a financiar o seu aperfeiçoamento, bem como a sua manutenção, uma vez que do uso vem a fruição. A disposição é uma conseqüência da fruição, a ponto de a titularidade da coisa ser transferida para uma outra pessoa.
2.1) Nem todas as pessoas que usam um determinado equipamento para seu sustento - como o computador usado para escrever textos - têm condições de aprimorar o que usam, seja por conta de não possuírem conhecimentos de mecânica ou mesmo de eletrônica, seja por não terem o talento necessário para lidar com isso.
2.2) Por isso, é natural que alguns contratem um artífice para aperfeiçoarem o bem de trabalho segundo as demandas e instruções do usuário, desde que essas coisas não tendam ao impossível. Assim, o bem usado tende a ser mais pessoal, a ponto de se tornar um símbolo da tradição da família e ser usado em um brasão, como era comum nas profissões da Idade Média.
3.1) Às vezes, um dos filhos do usuário tem habilidade e vocação para aprimorar ou criar coisas que possam ser usadas de modo que os chefes de família consigam seu sustento - e se família for grande, numerosa, então é provável que esse talento seja revelado no seio da própria família.
3.2) Se o pai investir no talento do filho, então basta que ele invista no que é necessário para produzir computadores de boa qualidade, por exemplo - e o pai que investiu no filho terá o melhor produto possível de modo a produzir riqueza para si, bem como poderá indicar o trabalho do seu filho para quem estiver interessado em ter um computador voltado para o trabalho ou para o lazer. E se esses computadores estiverem com defeito ou precisarem ser aperfeiçoados, então o filho desse usuário consertará o equipamento, já que a garantia está no bom nome da família, que acabará virando sinônimo de excelência em serviços relacionados à tecnologia da informação. E isso é uma garantia permanente, perpétua, já que a propriedade é perpétua, uma vez que acessório segue a sorte do principal.
4) Se isto se aplica bem aos computadores, então isto pode ser aplicado a qualquer produto e a qualquer ramo de atividade laboral.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 7 de julho de 2018.
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