1) Me foi contada a história de uma pessoa que não bate bem de cabeça: ela faz da Igreja sua casa literalmente, a ponto de levar o colchão para dormir no chão da paróquia, usar a cozinha da casa paroquial para fazer comida, o banheiro da casa paroquial para fazer suas necessidades fisiológicas, além de fazer coisas muito inconvenientes, coisas próprias de quem está dentro do terreno da insensatez. Pois não há cristão que agüente esses inquilinos indesejáveis, cujo senso de conformidade com o Todo que vem de Deus está tão deturpado a ponto de fazer coisas próprias de um neurótico. Afinal, essa gente perdeu tudo, exceto a própria razão. Até mesmo a própria graça!
2) Essas pessoas tendem a ter muita raiva do pároco, sob a alegação de que este não lhe passa uma missão por escrito. Eles são tão burros que não percebem o grau da sua insensatez, pois são incapazes de fazer um exame de consciência, por mais simples que seja. A maior prova disso é que o próprio Cristo Crucificado jamais passou uma missão por escrito a El-Rey D. Afonso Henriques, de modo a que o povo português servisse a Cristo em terras distantes. E é porque a memória desse milagre está tão viva no tecido social, que constitui o mundo português, que mais tarde as crônicas de D. Afonso Henriques foram escritas a partir daí, desse fato tomado como se fosse coisa.
4) Se os insensatos enxergassem o Cristo Crucificado vivo naquele padre a que tanto incomodam, saberiam, pela luz do Espírito Santo, qual é a missão que lhes cabe. Pois a missão surge a partir do momento em que a Lei Eterna se opera na própria carne, desde a eucaristia - e se essas pessoas conhecessem a si próprias, saberiam quais são os dons que lhe são cabidos, quais são os seus limites. Além disso, saberiam que esta força é maior do que a simples soma deles todos associados, e é isto que nos conduz numa epopéia rumo à eternidade.
5) E até onde sei, coisas boas tendem não se fazerem presentes quando da mistura de positivismo e quinhentismo, próprios da nossa realidade cultural pobre, com a neurose fundada na insensatez do agente.
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