1) Onde quer que se vá, a quantidade de idiotas é infinitamente maior do que a dos sensatos. Num regime que tende a igualar a opinião do sensato a do idiota, o que vai acontecer será à promoção do relativismo moral, fundado no mais puro populismo e no mais puro utilitarismo.
2) Neste tipo de ordem, o peso do meu voto é de 1 para 150 milhões do que estão aptos a votar, bem abaixo de 1 por cento. Ou seja, ainda que eu vote corretamente, ainda que todos os sensatos - os que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento - votem corretamente, a possibilidade de vencermos no voto é ÍNFIMA. A mentalidade revolucionária é a que mais se beneficia com a democracia, pois ela nega o fato de que a ordem virtuosa pode se dar por um só homem, que é conforme o Todo que vem de Deus, coisa que vemos na monarquia e na aristocracia.
3) Não é à toa que os esquerdistas dominam as universidades. Pelo que puderam verificar, a partir de dados sociológicos, a maioria de nosso povo só se contenta com o que está disponível e só sabe conservar o que é conveniente e dissociado da verdade. Basta apelar, promovendo mundos e fundos, contratar os serviços de um bom publicitário eleitoral e eles são eleitos. Ainda que a sabedoria convencional, humana e dissociada da divina, diga que a culpa é do eleitor que votou mal ou que se absteve de votar, eu digo que a culpa está sempre no fato de se tomar a democracia como se fosse religião, pois ela tende a reduzir o país como se religião totalitária de Estado, a ponto de tirar, de nosso imaginário, Deus como sendo o centro de todas as coisas.
4) O regime democrático nasceu num país onde não se acreditava na fraternidade universal, própria do Cristianismo, e também num ambiente onde a autoridade da Igreja foi constantemente negada. Se a educação da Igreja Católica era voltada para formar a elite - e o povo se tornava virtuoso imitando essa elite, que imitava a Cristo -, a educação protestante era voltada para educar o povo em sua sabedoria humana dissociada da divina, uma vez que não crer numa hierarquia virtuosa leva necessariamente a não se crer na aristocracia como a base de todas as coisas, uma vez que ela aponta para o que se dá no mais alto dos céus. Eis aí as raízes do populismo e do totalitarismo, próprios de nossa república.
5) A decadência da civilização cristã é diretamente proporcional ao momento em que se começou a acreditar na reforma protestante enquanto sinônimo de progresso civilizatório e moral. O que aconteceu foi justamente o contrário: foi decadência moral e civilizatória.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 11 de março de 2016 (data da postagem original).
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