Pesquisar este blog

sábado, 30 de janeiro de 2016

Como os antigos e os modernos enxergavam os bens?

A) Definição dos antigos sobre os bens:

1) Aristóteles (em seu livro sobre a Política) define a natureza dos bens como tudo aquilo que visa ao bem-estar e à felicidade dos homens, sem o qual a vida humana seria impossível. 

2) Essa definição está relacionada aos aspectos éticos da finalidade dos bens. Isso influenciou decisivamente o pensamento medieval, que passou a relacionar os bens com a vida eterna. Tudo o que nos prepara para a vida eterna e para conformidade com o Todo que vem de Deus é útil - e por essa razão é um bem, pois atende as nossas necessidades humanas, tanto carnais quanto espirituais.

B) Definição de Bens segundo Forbonnais (princípio da definição moderna sobre os bens):

Bens: tudo aquilo que não produz receita anual (frutas e móveis preciosos)

Riqueza: tudo o que produz receita anual, produto interno bruto

1) Tudo aquilo que não produz receita anual é um bem escasso, difícil de ser produzido em massa, difícil de ser impessoalizado, pois o seu custo elevado não compensa a iniciativa de massificá-lo. Justamente por ser um bem escasso, valioso, esse bem tem um valor bem elevado.

2) Todo bem escasso é um bem servido, voltado para todos aqueles que amam e rejeitam as mesmas coisas, tendo por Cristo fundamento. Um bem servido é um bem a serviço do bem comum, destinado ao bem-estar e à felicidade dos homens. Logo, um bem públco. Por ser um bem fora do comércio, por não produzir renda regularmente, em todas as épocas do ano, não está sujeito á tributação.

3) Todo bem que produz receita regularmente, que possui um ciclo econômico definido, é um bem econômico, pois produz riqueza. Essa riqueza se dá através da produção bens móveis destinados ao atendimento das necessidades da população (economia massificada) e através dos frutos decorrentes dos rendimentos da terra, seja na forma de aluguéis ou arrendamento, para o caso da agricultura. A riqueza produzida por essas duas atividades - uma, de natureza econômica, e outra, fundada em direito real - gera o direito de o Estado tributar essa riqueza, através do imposto de renda.

4) Enfim, o começo do socialismo começa na definição moderna de Forbonnais, que leva em conta a relação entre a riqueza e os interesses de Estado - algo já relacionado aos tempos renascentistas.

5) A partir do momento em que a definição deixou de levar em conta os valores da vida eterna, tudo se reduziu ao mais puro utilitarismo. Como a intervenção do Estado na economia se dá por vias utilitaristas, pragmáticas, então a relegação da vida eterna gerou a noção de materialismo, base para o totalitarismo.

Fontes: Princípios de Economia Política, de Carl Menger - nota 1 do Capítulo 1

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 30 de janeiro de 2016 (data da postagem original).

Postagens Relacionadas:

Ninguém quer o bem do Brasil

1) Ninguém quer o bem do Brasil, pois este renega as suas origens. Como deliberaram as coisas sem consultar professores de história - ao eliminar praticamente tudo o que vem antes de 1500 ou de 1789, para a doutrinação gritante e das brabas -, agora o "conselho comum" quer eliminar as letras da terra lusa, berço do idioma falado no Brasil.

2) O objetivo é idiotizar, manter as pessoas na ignorância invencível. "Divide e dominarás" - Quem controla o conhecimento, mesmo para o mal, controla o rebanho.

3) É doutrinação bananeira pura! A mais descarada. E os imbecis ligados a área de educação... bem, todos devem ser iletrados comunistas do MEC ligados ao Foro de SP!

4) Precisamos urgentemente acabar com o Foro, com os partidos ligados ao mesmo, com a deforma ortográfica lulista e com o MEC.

Arthur Benderoth de Carvalho​

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Todo conservantista comete crime comissivo por omissão

1) Não opor-se ao erro é aprová-lo - é conservar o que é conveniente e dissociado da verdade. 

2) Quem fica reclamando demais e nada faz não é digno de ser conservador, pois por omissão está permitindo que se atente contra tudo o que se funda na verdade, em Cristo. Por não estar conservando dor nenhuma e ajudando, com a omissão, a ver o mesmo Cristo ser crucificado repetidas vezes, ele está se tornando conservantista.

3) Por isso que eu digo que o inimigo mais temível no movimento não é nem o comunista ou o libertário, mas o conservantista. O moderado conserva o que conveniente e dissociado da verdade - e só por conta disso já prepara o caminho para o radical, totalitário.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 29 de janeiro de 2016 (data da postagem original).

Notas sobre a filosofia japonesa

Para o filósofo japonês Tetsuro Watsuji, a única escolha moral verdadeira do indivíduo é a do auto-sacrifício em prol da comunidade. Este filósofo confrontou a filosofia ocidental apontando para o individualismo a que tendem assumir na ética - para ele, a ética não é uma questão de ação individual, mas de esquecimento ou sacrifício do próprio eu, de modo que o indivíduo possa trabalhar em benefício de uma comunidade mais ampla. Ele chamou a isto de "estar entre".

Em seus primeiros escritos (entre 1913 e 1915), ele introduziu o trabalho de Søren Kierkegaard e Friedrich Nietzsche, mas em 1918 voltou-se contra esta posição, criticando o individualismo filosófico ocidental e atacando a sua influência sobre o pensamento japonês e a vida no Japão. Isso levou a um estudo das raízes da cultura japonesa.

Flávio Fortini

Facebook, 29 de janeiro de 2016 (data da postagem original).

Do anti-olavismo como uma forma de conservantismo

Um mérito não se pode negar à campanha anti-olavista. A sanha devoradora da sociedade antropofágica permaneceu, até recentemente, uma força constante, mas discreta, um mal secreto que rastejava nas sombras em busca das suas vítimas e só se tornava visível pelos seus efeitos de longo prazo, por sua vez nem sempre ostensivos e espetaculares. Escritores, artistas, filósofos e sábios iam definhando e morrendo, sacrificados e servidos na mesa da estupidez sem que se pudesse identificar pelo nome um grupo de culpados. Velascos, Tirapanis e similares, agora, encarnam essa força odienta a maligna com uma presença ostensiva, com uma teatralidade histriônica que jamais poderá voltar ao conforto do anonimato. Pela primeira vez a antropofagia brasileira tem exemplares individualizados que podem ser isolados e colhidos para estudo. São como o abscesso que, traz à flor da pele a infecção longamente escondida no fundo do organismo.

Quem acha que me envolvo em "briguinhas" não entende NADA do que está acontecendo. O anti-olavismo é o fenômeno sociopolítico MAIS IMPORTANTE E REVELADOR DO MOMENTO. Nele está a chave de toda a disputa de poder neste país. Esperem e verão.

Olavo de Carvalho

Notas do Olavo de Carvalho sobre o libertarismo

Os termos "direita" e "esquerda" têm vários níveis de significado, que correspondem a fenômenos reais especificamente diferentes, que os nossos lindos doutrinadores e comentaristas de mídia confundem até chegar à alucinação completa. 

1) Desde logo significam “ideologias”, isto é, modelos gerais de sociedade, documentados historicamente em textos e justificados por interpretações da realidade histórico-social modeladas numa linguagem aparentemente científica, mas criadas propositadamente para justificá-los. 

2) Vêm em seguida as auto-imagens justificadoras dos grupos políticos ativistas, as quais só correspondem às ideologias muito esquematicamente, apelando não raro à imitação da linguagem adversária, como por exemplo quando uma facção direitista se apresenta como defensora da “justiça social” ou o esquerdista apela a “valores cristãos”. Esses dois níveis não podem, de maneira alguma, ser descritos e analisados com os mesmos conceitos. 

3) Num outro nível, existem os grupos e partidos reais, liderança e militância. Suas ações só coincidem com a auto-imagem e com a ideologia de maneira remota e hipotética, pois, mesmo supondo-se que tenham o sincero desejo de realizar as metas ali delineadas, têm de primeiro tomar o poder. Estratégia e tática de tomada do poder confundem ainda mais os vários níveis de discurso, por causa das exigências imediatas da disputa, das alianças e da propaganda. 

4) Temos, portanto, não uma oposição dual, mas uma complexa dialética de SEIS elementos que se combinam das maneiras mais imprevistas em cada situação concreta. A confusão leva os observadores mais inexperientes a desistir de saber o que são direita e esquerda e, portanto, até a negar que elas existam. 

5) Essa incapacidade camufla-se, com freqüência, numa afetação de superioridade olímpica, onde o sujeito, justamente por não conseguir entender o fenômeno, acredita que o “superou”. O dr. Feuerstein destaca, entre as principais deficiências da inteligência humana, a dificuldade de seguir DUAS linhas de raciocínio ao mesmo tempo. Imaginem agora o que os nossos iluminados doutrinários e comentaristas conseguiriam fazer com SEIS linhas simultâneas. Anos de treino no modelo dialético da cruz de seis pontas são o mínimo necessário para fazer de alguém um verdadeiro cientista político.

6) Tanto a “direita” quanto a “esquerda”, por sua vez, subdividem-se em vários fenômenos especificamente diferentes, que só podem ser descritos por conceitos criticamente elaborados e distintos. Só para dar um exemplo, o “liberalismo” é um termo que abarca no mínimo seis correntes ideológicas distintas, às quais correspondem na esfera política real não sei quantos grupos entremesclados e confundidos. Não posso explicar isso aqui por extenso e, portanto, só vou dar, a título de amostra, os nomes de seis ideologias liberais:

6.1) Liberalismo econômico teórico de Adam Smith (que só tardiamente viria a ter alguma encarnação política).

6.2) Liberalismo antimonárquico.

6.3) Liberalismo anticatólico.

6.4) Liberalismo anti-estatista. (austríaco).

6.5) Liberalismo católico (herético), condenado em várias encíclicas papais, e antecessor, não raro colaborador, de uma corrente esquerdista, a teologia da libertação. 

6.6) Liberalismo pós-moderno (misto de economia de livre-mercado e de “liberação sexual”, de drogas, etc.)

7) Cada um desses liberalismos aproveita-se, às vezes, da lingüagem de alguns dos outros, criando uma confusão dos demônios. Entendem por que digo que não existem cientistas políticos no Brasil?

8) Os cultores da "unidade" não parecem ter percebido o que está acontecendo: o fenômeno MAIS SIGNIFICATIVO na política brasileira de hoje é o surgimento, dentro do quadro geral da "direita", de uma facção que pretende representar o melhor do direitismo, a sua versão mais linda e civilizada, e que já entra em cena, desde seus primeiros momentos, fazendo uso maciço dos mesmos procedimentos de ASSASSINATO DE REPUTAÇÕES característicos do comunopetismo. Isso, por si -- sem contar o esforço dessa facção para desviar o movimento popular de seus objetivos originários e transformá-lo em servidor da mesma classe política que ele abomina -- já não prenuncia nada de bom.

Olavo de Carvalho 

Facebook, 29 de janeiro de 2016 (data da postagem original).

Kim Kitaguiri x Lech Walesa

Um verdadeiro líder popular age diretamente junto à população, longe das câmeras e dos sorrisos paternais da grande mídia. Um fantoche age sobretudo diante dos holofotes, só se comunicando com a população pela telinha.

O Lech Walesa passou décadas organizando a militância popular - ele só apareceu na mídia quando já era um quarentão. Se, depois de protestos que levaram dois milhões de pessoas às ruas, em vez de passar a organizar a militância no seio da sociedade -- nas escolas, nas igrejas, nas sociedades de bairro --, uma mente iluminada prefere andar a pé até Brasília para pedir que Suas Incelenças votem um "impeachment", só um cego, surdo, mudo e mentecapto não percebe que a referida criatura está boicotando o movimento popular em vez de fomentá-lo. A simples teimosia de continuar discutindo uma coisa tão óbvia já denota alto grau de analfabetismo político praticamente incurável. 

Olavo de Carvalho