Pesquisar este blog

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Sobre a natureza do impedimento de Dilma

01) Corre na Internet a alegação de que o impedimento de Dilma está sendo "orquestrado" pela Família Imperial Brasileira. Estão semeando a balela de que a monarquia voltará através de um "golpe".

02) Para quem conhece a História muito bem, os positivistas valeram-se da manifestação popular exigindo a deposição de João Goulart e fizeram uma intervenção militar de modo a depô-lo. Fundados no conservantismo, pediram para que D. Pedro Henrique, pai de D. Luiz, D. Bertrand e D. Antônio, assumisse o trono. Este recusou, pois os militares queriam restaurar a monarquia não por força da vontade do povo, mas por força de conservantismo, de modo a preservar os vícios da república. E numa base pobre, a monarquia não seria restaurada. Sábia foi a visão dele, ainda que muitos o critiquem.

03) A maior prova disso é que a intervenção militar deveria durar 8 meses e, após isso, haveria novas eleições - esta foi a promessa feita. Como positivista e conservantista não têm compromisso com a verdade, o Estado de Exceção foi prorrogado por 21 anos e nada fizeram para eliminar a ameaça comunista no país. E a ameaça não se resume só à luta armada: se lessem Gramsci, a ameaça também está nas vias culturais. E quando cederam as universidades para os esquerdistas, com base na teoria da panela de pressão de Golbery do Couto e Silva, eles deram um tiro no próprio pé - a longo prazo, o marxismo cultural foi crescendo e crescendo até que a situação foi se tornando insustentável, forçando a restauração da democracia como um meio "lento, gradual e seguro" para a tomada esquerdista do poder. Pela via cultural, a redemocratização foi uma espécie de golpe contra o golpe, ainda que sem o uso das armas.

04) Depois disso, foi só questão de tempo: o PT tomou o poder em 2002, após 8 anos de socialismo fabiano de FHC, que preparou as bases para que o PT dominasse. E por fim, veio a tragédia.

05) O salvacionismo da nova república se mostrou uma farsa. Aliás, a república, enquanto regime, já tinha sucumbido mesmo em 1930. O salvacionismo levou a uma ditadura  de 15 anos com Vargas - o compromisso com as forças aliadas na Segunda Grande Guerra exigiu uma mudança drástica do regime para a democracia como um modo de justificar que aqui há uma democracia também, quando na verdade nunca houve, a não ser nos tempos da monarquia. Quando a coisa começou a feder, o salvacionismo implantou um regime militar.

06) O salvacionismo e o conservantismo só fizeram distanásia política. Advogar a intervenção militar de novo é um novo erro - vamos repetir um ciclo de 50 anos de estupidez, pois os homens de farda não têm coragem para expulsar o PT e o Foro de São Paulo do país.

07) O caminho mesmo é o da tomada cultural - e o povo que toma o país como um lar deve atuar nessa luta.

08) Quando se toma o país como um lar, você aprende a conhecer a história do país sem precisar de professor. E aí você perceberá o sentido da pátria nascido em Ourique e a quebra desse sentido de pátria com a queda da monarquia.

09) O impedimento de Dilma não significa a derrota definitiva do Foro. Tal como na reestruturação política que se deu na União Soviética, far-se-á uma terra arrasada e o PT será destruído pelos próprios comunistas, na tentativa de se salvar o Foro de São Paulo. E um outro partido emergirá para representar esse infame grupo - e logo será alçado ao poder, posto que o povo está corrompido e dominado pela linguagem esquerdista.

10) A arena de batalha se dá na república - ainda é muito cedo para se restaurar o antigo, mas verdadeiro, regime. Nossas bases ainda são nulas e não temos um partido que ouse restaurar o sentido de se conservar a dor de Cristo entre nós, de modo a que o pais seja tomado como um lar.

11) A restauração da monarquia pede que se tenha um senso de aliança entre o altar e o trono, coisa que se fundou em Ourique, e um senso de governo voltado para as gerações e não para as próximas eleições. Essas duas coisas não estão presentes na mente do povo - e isso é dado cultural, fundado na verdade que se dá em Cristo.

12) Essa coisa não se dá da noite para o dia - uma geração precisa ser formada neste sentido. E nós devemos fazer isso, sem ter que contar com a ajuda do governo.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 11 de fevereiro de 2015 (data da postagem original).

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Dialética branca x dialética negra.

1) Existem dois tipos de dialética: a branca (ou áurea), inspirada em Deus, e a negra, decorrente da sabedoria humana dissociada da divina, da qual o marxismo é o seu produto mais bem acabado. 

2) A dialética inspirada em Deus leva a um método geométrico fundado na conformidade com o Todo. Logo, todas as suas ferramentas de análise serão bons meios para se chegar à verdade, que decorre de Cristo Jesus.

3) A dialética fundada na sabedoria humana dissociada da divina só leva à falsidade, posto que está marcada pelo pecado original. Ela mais confunde do que explica, tal como vemos na torre de Babel.

4) Dessa guerra de dialéticas, dessa guerra de métodos geométricos, a verdade, fundada em Deus, sempre vence o que decorre do mal, fundado na sabedoria humana dissociada da divina.

Mais sobre o verdadeiro método geométrico

1) Uma dobra deve ser pensada em pares: uma idéia deve ser pensada em permanente diálogo com o seu contrário. Exemplo nacionismo (país tomado como um lar) x nacionalismo (país tomado como se fosse religião). Analisado todos os aspectos, a síntese deve se dar em Deus - e ninguém chega a Deus, senão por Jesus, que é o caminho, a verdade e a vida.

2) A síntese, que é o ponto de contato dessas idéias até a verdade, sempre nos apontará para o céu, para a conformidade com o Todo que vem de Deus. Sendo a síntese uma filha da tese e da antítese, cria-se uma relação triangular voltada para o céu.

3) À medida que você vai analisando a realidade a partir de várias dobras, você começa a dissecar questão a partir de triângulos, todos voltados para o céu.

4) Uma trigonometria fundada na análise lógica dessas relações triangulares será desenvolvida, analisando não só os triângulos individualmente, mas também o que decorrerá a partir da integração desses triângulos em uma figura geométrica maior.

5) Isso gera um tipo de geometria que se funda totalmente na verdade e na conformidade com o todo que vem de Deus. Uma análise holística, fundada no fato de se tomar o país como um lar.

A teoria da nacionidade se funda agora em 6 dobras


1) Levando em conta o que a amiga Sara Rozante​ me mostrou, sinto que a teoria da nacionidade não se baseia nas 3 dobras que originalmente apresentei (nacionismo x nacionalismo, salvação x salvacionismo e conservadorismo x conservantismo), mas em 6 dobras (as outras três novas dobras são: socialismo x sociabilidade, comunismo x comunitarismo e direito x legalística, que é como chamo a pseudociência jurídica que é ensinada nas universidades).

2) Quanto mais dobras ou trincas puderem ser feitas, melhor o entendimento que pode ser feito acerca das coisas.

Um recado aos meus leitores


1) Uma das coisas que aprendi, ao longo dos meus estudos, é estar sempre revendo o estado das questões que estou sempre a debater com vocês. Por isso, quando posso, estou organizando e publicando as conversas que tive com os meus contatos a respeito de coisas relevantes.

2) Quando puderem, me encaminhem as conversas relevantes que vocês tiveram com outras pessoas, de modo a que eu possa dar uma olhada (se houver algo que esteja dentro da minha área, manda pra mim). Pode ser que alguma coisa importante esteja sendo discutida e eu devo não estar levando em consideração, por não estar sabendo de algo importante.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Resumo de uma conversa que tive sobre a economia e a ordem das grandes cidades

Eis o resumo de uma conversa que eu tive com o amigo Tiago Barreira sobre a economia e a ordem das grandes cidades:

01) Um dos maiores problemas espirituais de quem vive no país de modo a tomá-lo como um lar em Cristo ocorre justamente no âmbito trabalhista: muitos acabam se submetendo ao jugo de gente gananciosa, que trata os empregados de modo injusto. E é justamente por eles tratarem os empregados de modo injusto que eles, seduzidos pelo socialismo, acabando colaborando no processo de criar sistemas legais que pervertem a lei e à própria justiça, criando um senso de coitadismo. Esse coitadismo nasce de um desejo de vingança contra o capitalista opressor - e isso vai contra a ordem de Deus

02) A verdade é que é mais fácil servir a quem é sério e conhecido do que a um patrão desconhecido. Esse é aí o problema das relações impessoais de emprego - quem é sério e conhecido ama e rejeita as mesmas coisas que você, tendo por Cristo fundamento - e essa integridade foi tão pulverizada que é difícil de se encontrar gente assim por aí. Se o organizador da atividade produtiva agisse como se fosse o Cristo em sua empresa, isso traria mudanças muito importantes 
nas relações de emprego. Nela, empregado pode tornar-se sócio. Eis o cooperativismo, enquanto ramo do comunitarismo econômico.

03) Quando empregados são convertidos em sócios, os poderes decorrentes do controle da coisa, da organização da empresa, são distribuídos a todos os sócios, que passam a ser donos da coisa comum. Isso gera uma relação horizontal de trabalho e isso elimina a necessidade de uma intervenção estatal no âmbito econômico.

04) O grande problema da intervenção econômica está justamente na natureza assimétrica da relação de trabalho - a assimetria cria conflitos de interesse qualificados por uma pretensão de trabalho - e acaba criando uma jurisdição no âmbito trabalhista. Isso é uma espécie de publicização do direito privado.

05) O problema por que estamos passar decorre de uma sociedade cada vez menos cristã, seja no âmbito familiar, seja no âmbito profissional.

06) Ao se pregar um libertarismo, uma liberdade laica, divorciada da tradição cristã, isso deu causa o totalitarismo comunista.O liberalismo do século XIX, decorrente da revolução francesa, que nada tem a ver com o liberalismo, tal como sustentado por Erik von Kuehnelt-Leddin: o da ordem livre fundada na liberdade em Cristo.

07) Grandes cidades tendem a uma maior impessoalidade - são uma ordem anti-natural, tal como foi apontada por Santo Tomás de Aquino

08) As grandes metrópoles decorrem da concentração econômica em território específico. Muito disso decorre da aliança entre governantes e a elite econômica da cidade. As grandes metrópoles são de um certo modo um sintoma de oligarquização do poder.

09) Nossa industrialização forçada concentrou muito o PIB regionalmente. Por isso que não temos cidades médias que se destacam. A economia se concentra nas grandes capitais.

10) Quando se distribui o desenvolvimento econômico por todo o território e se incentiva o desenvolvimento do talento local, o que ocorre é nacionismo.

11) Nacionismo não é protecionismo. O nacionismo preza por uma economia aberta fundada na confiança e na colaboração. Numa ordem fundada na colaboração, o tomador de serviço investiga quem faz um serviço melhor e toma o melhor preço possível - e para ele conseguir um bom acordo comercial, ele precisa saber se relacionar com o seu semelhante - se a pessoa ama e rejeita as mesmas que ele, tendo por Cristo fundamento, bons negócios são feitos, fundados na justiça de Deus e na lei natural, que se dá na carne. 

12) A publicidade, tal como a conhecemos, só faz sentido onde ninguém conhece ninguém, criando-se o risco de que uma mentira dita mil vezes torna-se verdade, forçando-se a necessidade de haver uma justiça consumeristas. Por isso que propaganda boca-a-boca é sempre a melhor solução.

13) Numa economia impessoal, o grande tem os meios econômicos para perverter as leis - e o socialismo é um desses mecanismos. Assim o grande destrói o pequeno.

14) Por isso que prefiro cidades pequenas e médias a metrópoles.Metrópoles são uma maravilha para todos aqueles que defendem o planejamento familiar e a regulamentação de tudo.

15) Nas metrópoles, Os relacionamentos sociais são dados de tal forma que fica impossível a formação de uma associação de grupos, de modo a se fazer resistência a tirania, pois é bem raro encontrar pessoas que amem e rejeitem as mesmas coisas - como se pode fazer associação para se defender o direito de qualquer coisa, o que se semeia é uma diversidade relativista, afastada da verdade de Cristo. Enfim, Um relativismo moral.

16) É necessário reduzir o inchamento e o crescimento desordenado das grandes cidades - é preciso fazer a população dos grandes centros migrar para territórios, de modo a que mais cidades médias possam surgir e progredir - e isso é uma idéia que favorece o sentido de se tomar o país como um lar. Pois havendo menos concentração econômica há mais chance para relações mais pessoais e uma ordem social mais humana, havendo mais liberdade em Cristo.

17) O liberalismo verdadeiro se funda em distribuir liberdade por todo o território, de modo a que o país inteiro seja tomado como um lar.

18) Em uma sociedade verdadeiramente livre, todas a potencialidades humanas se desenvolvem em todos os campos do território. Não faria sentido existir um Nordeste e um Sudeste. O êxodo nordestino não existiria.

19) Nos EUA há grandes cidades, mas o peso delas na economia da nação não é tão grande quanto aqui. Lá, todo o país é desenvolvido; Aqui, toda a economia está centralizada no Centro-Sul. Por isso que temos um país populoso e pouco povoado.

20) No Império, havia senhores de engenho que estimularam a industrialização do lugar. E isso era comum no Nordeste. Se esse processo tivesse continuidade, não haveria favelização aqui. Com a República, o estímulo terminou, Bastou o café-com-leite e temos o que temos. O Rio, por ser a capital da nação que ficava entre o dois grandes centros da política, terminava por ser o fiel da balança dessa relação triangular de poder, que tinha caráter oligárquicos.

21) Quando a economia é toda dirigida, o custo de vida aumenta e as pessoas tendem a ter menos filhos. Além disso, existe toda uma situação de modo a que cada um tenha a sua verdade e nem tenha filhos, ou aborte, ou se divorcie

22) Numa cidade grande, é muito comum encontrarmos famílias com poucos filhos ou com filho único. É o berço da família planejada.

23) Quando você tem uma sociedade antinatural, a família antinatural é aquela que tem menos filhos, e no caso, único.

24) O instinto de maternidade é pervertido e se torna uma obsessão.  Nela, criamos um ambiente de tensão familiar, que leva ao conflito geracional.

25) Isso não só destrói o país demograficamente, como traz implicações morais sérias, pois aumenta a proporção de filhos mimados.
 
Rio de Janeiro, 08 de fevereiro de 2015 (data da postagem original)

Gramsci, o mestre da vigarice


1) Antonio Gramsci foi o maior professor de vigarice que o mundo já conheceu. Ele transformou o maquiavelismo numa ciência da patifaria em massa, numa sistematização da mendacidade psicopática, contra a qual nenhuma sociedade conhecida tem defesas e que tem o dom de corromper não um círculo palaciano como o "Príncipe" de Maquiavel, mas países e continentes inteiros.
  
2) A intuição central de Gramsci é simples e certeira: o emprego sistemático da astúcia maligna como método de conquista do poder total é complexo demais para poder ser aplicado por um indivíduo isolado; para colocá-lo em prática é preciso uma organização inteira, um Partido.

 Olavo de Carvalho