1)
Quando você serve à confiança de quem deposita o dinheiro no seu banco,
você está chamando a responsabilidade para si de garantir a segurança
do dinheiro, dado que guardar e transportar riquezas é uma atividade de
altíssimo risco e isso facilita a atividade criminosa, dado que a
ocasião faz o ladrão.
2)
Se você age como agente de confiança dos seus amigos que viajam,
guardando os dólares de viagem que sobraram, você age com nobreza. E é
da nobreza sistemática, que decorre do fato de se guardar em confiança o
dinheiro, que surge a arriscada atividade financiar os projetos de
outras pessoas, através da concessão empréstimos, de tal modo a fomentar
uma atividade econômica.
3)
O risco é mitigado se o tomador do empréstimo é teu conhecido e se você
é confiável, no trato de guardar o dinheiro dos outros. É de uma ordem
pessoal e segura que os bancos agem como fomentadores de uma economia de
ordem privada, que passa a ter efeitos muito positivos na ordem
pública, quando o exemplo da confiança se torna conhecido e distribuído a
quem interessar possa.
4) É da confiança sistemática que nasce a liberdade bancária, o serviço de se servir e guardar o dinheiro em prol dos outros.
5)
A liberdade bancária começa a se perverter em concentração bancária
quando o serviço não se funda numa relação de pessoalidade, de modo a
atender as necessidades do tomador de recursos, mas, sim, numa relação
de impessoalidade, fundada na própria natureza da coisa. Quando a
relação se recai sobre dinheiro, você está edificando uma ordem fundada
no amor ao dinheiro, pois ele se torna o centro das atenções da
sociedade, em vez de ser Deus a causa da edificação de tudo.
6)
A impessoalidade gera concentração de riqueza em poucas mãos, que
tendem a manipular e a enganar as pessoas, fazendo com que a relação
bancária se torne objeto de conflito e de permanente desconfiança,
causando sérios problemas de ordem pública. E para se mitigar esse
problema, investimentos em publicidade são feitos de modo a se
economizar o tempo que vai se perder ao se tentar convencer um a um dos
seus semelhantes, de modo a depositar o seu dinheiro no banco.
7)
Além da impessoalidade e da publicidade, há a rivalidade entre os
banqueiros, que concorrem entre si de modo a se ter o monopólio absoluto
da economia bancária. E em muitos casos eles se associam ao Estado, de
modo a terem o monopólio quase exclusivo da atividade, por conta da
regulação.
8)
É do amor ao dinheiro que se dá a progressiva impessoalidade da
atividade econômica, dando causa ao processo de proletarização da
sociedade.
9)
É da proletarização da sociedade que a relação bancária deixa de ser
uma relação de confiança, fundada na conveniência, e passa a ser uma
relação necessária, fundada no amor ao dinheiro, já que eles não confiam
na forma como você vai gastar esse dinheiro ganho pelo suor do seu
esforço.
10)
Desnecessário dizer que o comunismo nasceu da parceria que se dá entre
os bancos e a crescente concentração de bens em poucas mãos, criando uma
economia de massa, impessoal.
11)
Dessa concentração de bens em poucas mãos surge a estatização - onde
tudo passa a ser do Estado. Ela nasce da impessoalização como sendo a
ordem do dia - ela nasce do pragmatismo, em que o resultado é mais
importante do que a satisfação que se dá aos clientes.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 11 de outubro de 2014.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 11 de outubro de 2014.
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