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segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Ensaio contra o nacionalismo idiomático


"Quando vierem aos EUA e entrarem numa conversa com intelectuais sobre assunto filosófico, não digam jamais "Immanuel Kant". Digam "Kent". "Kant" (cunt) é buceta ou puta. Segundo o Urban Dictionary, é 'considered by many to be the most offensive word in the English language'" (Olavo de Carvalho).

1) Eis um caso de regionalismo idiomático tomado como se fosse religião. Não posso pronunciar o nome de Kant na forma alemã, que é a terra desse pensador, ou na forma portuguesa, da qual eu sou originário. Devo americanizar na pronúncia, sob pena de não ser entendido - eis aí um sintoma nefasto de ter de ser politicamente correto. Isso é um sinal de que os americanos são um universo à parte e que têm a sua própria verdade, fora da tradição intelectual que herdamos da Europa. Nesse ponto, eles são tão nefastos quanto os bons selvagens de Rousseau.

2) Por isso que só dialogo com quem fala português, língua de um povo que tem a missão histórica de servir a Cristo em terras distantes. E uma boa língua é aquela  que faz povos inteiros compreenderem a missão universal de servir a Cristo em terras distantes, fazendo com que o país seja tomado como um lar em Cristo. E a língua portuguesa, por essa circunstância, tem esse poder.

3) Se você compreende bem o português, ainda que não o fale, já me sinto satisfeito, pois você aproveitará tudo o que tenho a dizer a você. Pois não vou dialogar com quem não está disposto a aprender a minha língua e com quem acha que a capital do meu país é Buenos Aires.

4) Como sou herdeiro da tradição que se edificou em Ourique, não posso ser tomado como um ser inferior. Pois quem é inferior é quem não toma isso como o seu norte - a maioria do povo brasileiro, viciada no esquerdismo e no quinhentismo.

4.1) Ainda que eu deva aprender outras línguas, de modo a me universalizar e bem servir a esta nação, toda a minha fundamentação intelectual deve ser em português, pois o que faço, enquanto pensador, edifica ordem pública, de tal modo a que o país seja tomado como um lar em Cristo e não como religião de Estado, de tal modo a ficar fora da conformidade com o todo que se dá em Deus.

4.2) Se outros povos quiserem aprender comigo essa experiência, eu autorizo a tradução para a outra língua, se houver demanda para isso.

5) Americanizar é sintoma de gnose - e não dialogarei com quem está disposto a fazer isso.

5.1) Ainda que isso reduza o quantitativo de pessoas com as quais eu possa dialogar de maneira sustentável, o fato é que as coisas sensatas não nascem rapidamente. Elas precisam ser internalizadas na carne - e isso se dá pé ante pé, pois a salvação é um trabalho de formiguinha - se eu salvo uma alma da má consciência sistemática, o céu se alegra pelo trabalho que faço. Nesse ponto, fechar o leque do mundo dos homens é abrir o leque para a eternidade, que se dá em Deus.

5.2) Ainda que o inglês seja língua-chave para muita coisa, a língua inglesa é uma língua de analfabetos. Escrita e fala não se casam - e quando não se casam, isso é um claro sintoma de formalismo. E é do formalismo que nasce a cultura de se tomar o país como se fosse religião, fora da conformidade com o que se dá em Deus.

5.3) Por isso, é fundamental que se resgate a valorização do latim, como língua universal. Pois o latim é a língua da Igreja.

6.1) Eu compreendo o inglês e posso ler e ouvir conversas gravadas nessa língua. E na medida do possível traduzirei as reflexões para o nosso idioma.

6.2) Ainda que a quantidade de informação a ser processada seja enorme, coisa que um tradutor sozinho não consegue dar conta, o mais importante é que servi a pátria, no melhor que pude fazer. Ainda que eu salve um e apenas um, isso já alegra aos céus.

7) Deus sabe que meu esforço de servir a pátria é nobre e vai multiplicar o esforço. Pois para Deus nada é impossível. E se Deus multiplica e distribui, então o inexeqüível torna-se exeqüível.

8) Minha realidade é Cristo. Se Cristo é a verdade, então Cristo é a realidade. Não posso tomar por realidade quem se baseia no realismo maquiavélico, causa de toda a sabedoria prática fundada nesta época em que a política se divorcia dos valores. Pois sabedoria humana dissociada da divina não é opinião digna de ser ouvida.

8.1) Se eu sentir conservantismo na sua fala, eu casso o teu direito de conversar comigo. Pois não há uma língua dos anjos que a coordene, de tal modo a que eu veja em você um espelho de meu próprio eu.

8.2) O que seu nefasto conservantismo faz é criar do nada um espectro de língua, de natureza demoníaca, que nos rege, de modo a termos um conflito de morte, criando uma luta de classes entre os cultos e os ignorantes. Pois quem toma o país como se fosse religião tende a tomar língua como patrimônio do governo - e quem pensa assim acha que é capaz de manipulá-la de tal modo a que o certo e o errado estejam em conformidade com as conveniências de Estado, fora da conformidade com o todo que vem de Deus. Essa língua se funda no fato de que o país foi tomado como se fosse religião de Estado, causa de apatria, pois tudo está no Estado e nada pode estar fora dele. O que é isso senão totalitarismo?

8,3) Eis a ditadura dos gramatiqueiros, fundada no desencantamento do mundo, coisa que os positivistas tanto pregam. É verdade que não houve quem protegesse a língua desses arroubos totalitários - e isso é um sintoma do nefasto republicanismo dentro do mundo português. Mas há gente disposta a proteger a língua e a ensinar seu povo a protegê-la bem. Este quem vos fala, por exemplo, faz este trabalho. Ainda que 5 ou 6 me ouçam, o que faço neste aspecto desde já alimenta a esperança.

8.4) Então, não ousem matar a esperança, pois isso é conservar o que convém, dissociado da verdade.

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