Pesquisar este blog

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

História que ouvi - a Lenda da Matrioska

1) Na minha consulta dentária de ontem, eu ouvi a história da matrioska - essas bonequinhas russas.

2) Havia um certo lenhador que coletava lenha no inverno. Sempre que ele encontrava uma madeira boa, ele esculpia.

3) Houve uma nevasca e ele não pôde trabalhar. No dia seguinte, por milagre, a neve havia se dissipado - e debaixo da neve dissipada ele encontrou uma madeira muito boa para se esculpir. Por um instante, ele ficou sem saber o que fazer, até o momento em que decidiu esculpir uma boneca, a qual deu-lhe o nome de "matrioska" - aquela que ouve, em russo.

4) Tal qual o Wilson no filme "Náufrago", o lenhador conversava todos os dias com a matrioska - até o dia em que ela começou a falar. Teve um dia em que a matrioska tinha vontade de ter um filho. O lenhador tirou um pouco de madeira da barriga da matrioska - e fez uma boneca igual, mas em escala menor, chamada "trioska".

5) Algum tempo depois, trioska disse que também queria ter um filho - o lenhador tirou um pouco de madeira da barriga da trioska e fez uma boneca igual à trioska, mas em escala menor, chamada "oska".

6) Algum tempo depois, a oska disse que queria ter um filho. O lenhador tirou o pouco de madeira que ainda restava da barriga da "oska" e nasceu um boneco chamado "ka".

7) O caso da matrioska explica perfeita o sentido da vida - mesmo que sejamos ou homens ou mulheres, algo de bom pode nascer a partir de nós, a partir do desdobramento da nossa carne, pois filho é uma bênção.

8) Quando o colega Italo Lorenzon define assassinato como "a interrupção injustificada da biografia de uma alma racional, ainda que esta esteja destituída das prerrogativas da razão", ele faz menção ao fato de que o assassinato implica destruir matrioskas, uma vez que esta obra de arte nos aponta para o mistério da vida, da conformidade com o Todo que vem de Deus. É um verdadeiro sacrilégio!

Notas sobre a relação entre literatura, arquivologia e jornalismo

1) Quando se é um escritor, você deve manter um registro das histórias e das coisas que sua família aprende, de modo a passar isso às futuras gerações.

2) Tudo que tiver valor deve ser registrado, desde receitas de bolo a técnicas de conserto de materiais. Até mesmo histórias que você ouve de amigos devem ser registradas, de modo a que não sejam esquecidas.

3) Eu comecei a perceber isso quando jogava Ultima Online - a cada dia que passa vejo a relação cada vez mais umbilical entre literatura e arquivologia, uma vez que nesse jogo é possível perfeitamente escrever em livros de modo a passar o que você sabe aos seus pares. Além de jogar, o jogo favorecia uma excelente cultura de debate.

4) Fico imaginando como poderia ser fantástico debater com os meus pares na forma de livros escritos, numa conversa de autor para autor - isso geraria um debate intelectual e tanto dentro do jogo. Não é à toa que o primeiro RPG em massa da História pode ser também considerada a primeira rede social que existiu ao longo da história da humanidade, 7 anos antes do surgimento do Orkut.

Resposta à colocação de um amigo

1) Mesmo em um ambiente em que predomine o amor à verdade, às vezes a própria personalidade fica refreada desse amor ao verdadeiro, coisa que leva ao belo, à conformidade com o Todo que vem de Deus - quando ela não consegue transcender ao belo, ela sofre um verdadeiro processo de apeirokalia e se torna um anjo deformado, tal qual Lúcifer. Isso meu amigo Lucas Correia me expôs muito bem - e estou de pleno acordo.

2) Essas almas deformadas surgem aqui e acolá com o passar dos tempos. Quando tomam o poder, fazem do governo uma fábrica, pois produzem esquizofrênicos em massa - isso explica o fato de que conservar o que é conveniente ainda que dissociado da verdade constitui a base da mentalidade revolucionária - o "estar à esquerda do Pai, no seu grau mais básico", como costumo dizer em meus artigos. Aí é que está o problema. Eis aí porque devemos ser eternamente vigilantes.

Da importância da memória como uma forma de relacionar o ensino ao amor à verdade, coisa que decorre da conformidade com o Todo que vem de Deus, com a dor de Cristo

1) Quando estudava, a "decoreba" era o caminho que garantia a aprovação. Se você tivesse boa memória, sua aprovação estava garantida.

2) O problema da "decoreba" está relacionado ao fato de que o ensino se tornou uma espécie de teatro, de fingimento: o aluno finge que aprendeu e o professor finge que ensinou. Diante desse pacto não-escrito, os alunos progridem na hierarquia escolar e nada aprendem, dado que houve divórcio permanente do ensino com o amor à verdade, com o não-esquecimento das coisas, o que favorece o trabalho de doutrinação ideológica.

3) Quando se criou o ensino público, laico, divorciado do magistério da Santa Madre Igreja, a finalidade foi criar crentes na doutrina de se tomar o país como se fosse religião e não como se fosse um lar em Cristo. Como tudo é fundado no fato de se conservar o que é conveniente e dissociado da verdade, então isso gerou o relativismo moral e a insinceridade do ensino, pois acabou se tornando doutrinação.

4) Ainda que certos professores digam que o aluno deve entender as coisas ao invés de decorar, de nada adianta a pessoa compreender se ela não assimilou na carne o que é indispensável para se aprender um conteúdo novo. E de nada adianta apreender um conteúdo novo se o conteúdo estiver divorciado da verdade, fora daquilo que é conforme o Todo que vem de Deus.

5) Se o ensino deve ser fundado na verdade - pois Cristo é o caminho, a verdade, a vida -, então decorar é a forma de assimilar essa cara verdade dentro de nossa própria carne, de modo a que não esqueçamos as coisas. Para que eu pudesse melhor compreender os ensinamentos da Bíblia e da tradição apostólica, eu tenho feito um esforço de memorizar a palavra escrita na Bíblia, de modo a que pudesse melhor raciocinar acerca do que é ensinado na homilia e de modo a melhor expor o que falo nos meus textos. Se a Bíblia é um suporte ao ensino da fé católica, então ela não pode ser pregada com interpretações particulares, fundadas em sabedoria humana dissociada da divina. E o que é pregado não pode ser voltado para o nada, de modo a gerar uma odiosa hipocrisia.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 4 de agosto de 2016 (data da postagem original).

Observações realistas sobre o princípio da impessoalidade

1) Princípio da impessoalidade pressupõe dar importância às instituições criadas por conta da Constituição ou por conta do regime instaurado de modo a melhor reger o bem comum.

2) Eu não creio na impessoalidade, pelas seguintes razões:

a) A República nasceu através de um golpe, o que a torna ilegítima.

b) O que é ilegítimo praticará constantes salvacionismos de modo a conservar o que é conveniente e dissociado da verdade. É por isso que a Constituição foi mudada diversas vezes, por conta das constantes mudanças do estado de compromisso, das regras do jogo.

c) Quando a constituição é mudada, instituições são criadas, extintas ou modificadas. Com as constantes mutações, o trabalho feito por homens públicos virtuosos se perde por conta da entropia, pois as regras que nortearam esses homens não são as mesmas para as gerações seguintes. Logo, não há tradição em função de a regra ser a mesma com o passar gerações - o que há é uma tradição revolucionária, onde a regra é mudada a cada geração, o que gera um verdadeiro relativismo moral, o que força as pessoas focarem suas vidas no presentes, criando um ambiente profundamente hedonista e materialista. E é por conta disso que o horizonte das mesmas se torna reduzido, o que fomenta má consciência.

3) Além de as instituições serem frutos das mudanças abruptas por que o país passou, durante o regime republicano, há ainda um outro agravante, fundado no princípio do rec sic stantibus. Digamos que a constituição de 1988 continue vigorando por mais 60 anos, sendo emendada uma vez a cada 4 meses, da forma está sendo feita: ainda que as instituições se mantenham de pé, elas serão inócuas, ineficazes, pois os homens são fisiológicos, já que eles não possuem virtude alguma, uma vez que estão na política por carreirismo - e o populismo é uma forma de se ganhar a vida, pois a política virou profissão. Enfim, fica impossível tomar o país como se fosse um lar com bananas no poder - por isso que o Olavo os chama de homens de papelão, pois são permissivos a todo tipo de agressão que seja feita a tudo aquilo que é conforme o Todo que vem de Deus. E não opor-se ao erro é aprová-lo - é por essa razão que o termo "sob a proteção de Deus" soa uma ofensa ao Pai verdadeiro, posto que é dito de maneira vã, insincera.

4) Enfim, o professor Olavo está coberto de razão quando essa gente me vêm com esse argumento de que "precisamos preservar as instituições". Isso é repetir a história - o Brasil precisa de mudança; ele precisa voltar ao que funcionava antes, pois são 127 anos de ordem voltada para o nada. E trazer a virtude passada para a realidade implica adaptar as leis da época a uma sociedade que não conheceu o Imperador D. Pedro II, pois o ensino sério da História foi a ela negado, por conta da doutrinação ideológica, seja dos positivistas - que tomam a República como se fosse religião -, seja dos comunistas.

Notas sobre as diferenças entre EUA e Brasil, quanto à fase de meio de mandato

1) EUA: renovação do Congresso no meio do mandato presidencial. Isso gera a impressão de que o Poder Moderador está na mãos do povo - o problema é que na democracia há o igualitarismo, em que o voto do idiota tem o mesmo peso do voto do esclarecido.

2) Brasil: mudança do Presidente da República no meio do mandato do senador. Resultado: alteração da relação institucional entre a União e os Estados, a ponto de gerar desequilíbrio do pacto federativo. Como os senadores são superdeputados eleitos pelo voto popular, então é a sujeição certeira do interesse dos Estados aos desígnios da Presidência.

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Da importância de ver os filmes sob o ponto de vista da realidade do país produtor desse bem cultural

1) Antigamente, eu não assistia aos filmes porque a realidade retratada neles não tinha nada a ver com a realidade que eu vivia no Brasil. Para mim, isso era uma alienação e isso prejudicaria os meus estudos.

2) Tudo mudou quando comecei a assistir filmes sob o ponto de vista da cultura americana sem me sentir forçado a fazer o que todo mundo faz por modismo. Enquanto esperava alguns jogos de baseball começarem, eu via alguns filmes por streaming em inglês, sem legenda. Foi aí que tudo começou a me fazer sentido, pois se tratava de um tipo de imersão cultural, o que é perfeitamente aceitável, já que estou explorando a cultura americana naquilo que ela tem de melhor e que pode me ajudar a entender tanto aquela cultura particular quanto a entender o homem, dentro de sua dimensão universal, em conformidade com o Todo que vem de Deus.

3) Os filmes que costumam ser exibidos no Brasil são exibidos em função do modismo, do consumismo o que acaba fazendo com que este produto cultural acabe sendo servido para o nada, edificando má consciência sistemática. Se a moda tem um quê de vanguarda, então a moda edifica mentalidade revolucionária, relativismo cultural - e isso fabrica apátridas, ao invés de cidadãos do mundo. E podemos dizer que uma das finalidades da Nova Ordem Mundial é fabricar apátridas sob a falsa noção de que são cidadãos do mundo - do mundo sem Deus, onde todas as religiões são boas e cada um tem a verdade que quiser.

4) Se os filmes no cinema fossem exibidos com um propósito específico, de modo a que as pessoas conhecessem de fato a cultura inglesa e os problemas da típicos da realidade americana, sem esteriotipá-la, seriam uma excelente ferramenta educacional, de modo a que o país também seja tomado como se fosse um lar, tal como devemos fazer com o Brasil, o que favoreceria uma política de boa vizinhança, já que somos do mesmo continente. Como tudo é fabricado com intuito comercial, então acaba sendo um verdadeiro desperdício de tempo e de dinheiro.

5) Enfim, a diplomacia cultural e a diplomacia comercial da América são a mesma coisa - a tal ponto que isso favorece a edificação da mentalidade revolucionária pelo mundo inteiro, de tal sorte que muitos passarão a odiar aquele país. Enfim, o verdadeiro inimigo que há na América mesmo é sua indústria cinematográfica, cheia de esquerdistas, fora toda uma tradição de relações internacionais mais voltada a misturar cultura e negócios, algo que se funda no amor ao dinheiro e que acaba servindo uma falsa realidade do país retratado.

6) Eis aí um exemplo que não deve ser imitado. A verdadeira América precisa ser descoberta com curiosidade e com esforço de quem deseja aprender as coisas, e isso se faz na seara individual - e esse desejo de aprender deve ser incentivado de uma maneira reservada; em geral, isso é feito pelos próprios pais, pelos bons amigos ou pelos professores. Quando isso é feito por agentes de mídia, que substituem esses três agentes, vira modismo e estupidifica a sociedade inteira, tal como é retratada nos filmes, pois muitos imitam algo que não tem nada a ver com a nossa realidade.