1) Uma sociedade igualitária tende a ser uma sociedade de impessoais, pois nega as qualidades dos indivíduos.
2) Se você nega as qualidades dos indivíduos, você nega também as suas competências, suas responsabilidades. Por essa razão uma sociedade igualitária será sempre uma sociedade anônima.
3.1) Numa sociedade anônima, não importa o que cada um faça - todos receberão sua parte com base na cota ideal, se houver lucro. A noção de lucro na sociedade anônima se dá de uma maneira presumida, como se fosse algo certo, sem olhar para a realidade, para as circunstâncias da atividade empreendida. É como se derivasse de um livro de auto-ajuda, onde o mero trabalho já é causa do sucesso, uma vez que parte do pressuposto de que a riqueza é um sinal de predestinação. É um fruto da ética protestante.
3.2) É justamente por haver regimes societários que presumem o lucro que o governo tributa o lucro fundado na presunção do lucro. Eis aí a prova de que o capitalismo promove o totalitarismo de Estado.
4) Se a lei constitucional nega o anonimato, então, por força lógica também deveria considerar inconstitucional as sociedades anônimas fundadas no capital e não na qualidade pessoal dos sócios (a sociedade fundada na affectio societatis).
5) Antes de a pessoa lançar-se à responsabilidade de bem servir aos seus semelhantes, ela precisa ter uma formação voltada para esse fim - ela precisa viver a vida em conformidade com o Todo que vem de Deus; ter uma consciência reta, no sentido de que vai tomar esta país em que vive como se fosse um lar em Cristo - e uma vida reta, no sentido de que não vai usar esta vocação com o intuito de prejudicar seus semelhantes na sociedade. Eis aí os fundamentos de uma pessoa bem formada - e uma boa sociedade se forma a partir da associação de duas pessoas que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento. Se as pessoas são conhecidas, então as responsabilidades são conhecidas, os riscos são conhecidos e as demandas serão bem atendidas. Se as demandas são atendidas, então haverá legitimidade para a expansão e o preenchimento de demandas mais complexas, que demandarão mais organização empresarial e mais investimento na formação da própria sociedade economicamente organizada.