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quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Notas sobre a natureza comunitarista do ofício literário

1) Na visão estreita do novo direitista tupiniquim - que só conserva o que é conveniente e dissociado da verdade, coisa essa que está à esquerda do Pai -, escritor é quem publica livros.

2) Este raciocínio equivale a dizer que favelado é quem mora na favela. Por essa razão, é incapaz de perceber nuances que estão bem diante de seus olhos.

3.1) Eu faço atividade intelectual independente há mais de dez anos e tenho mais de 2500 artigos escritos, apesar de não ter publicado nenhum livro ainda.

3.2) Pela minha experiência, se eu publicar um livro agora, eu estarei exposto ao patrulhamento ideológico, já que vivemos num mundo de impessoais e sei que ninguém vai mover uma palha para me proteger disso. Como ao longo da minha vida eu sofri bullying em todos os lugares por onde passei e não desejo passar por isso de novo, é por essa razão que não publico livros, a não ser pequenas tiragens, com o intuito de promover debates de autor para autor.

3.3) Faço isso porque prefiro adotar a tática da catacumba: quero construir uma comunidade primeiro e só depois publicar coletâneas dos meus trabalhos para os membros da minha comunidade - os meus leitores, que são a minha família agora.

3.4.1) Outra razão pela qual eu não publico livro tal como todos fazem é que, como católico, eu não posso abraçar aquilo que é fruto da ética protestante e que edifica liberdade para o nada. Prefiro publicar para conhecidos primeiro - e só depois expandir, se houver esta possibilidade. Prefiro que façam boca-a-boca deste trabalho que faço online, em primeiro lugar. Quando tiver um público grande, o suficiente para esgotar uma tiragem completa, aí publico.

3.4.2) Afinal, não adianta publicar um livro sabendo que ele vai ficar encalhado nas lojas - além disso, eu não trabalho pensando no dinheiro. Isto que faço é um apostolado - ele é voltado para as pessoas; ainda que eu as conheça online, são pessoas de carne e osso. Se as minhas circunstâncias fossem favoráveis, eu iria conhecer essas pessoas pessoalmente, atendendo ao conselho do Professor Olavo de Carvalho de que os agentes da contra-revolução devem se conhecer uns aos outros.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 14 de setembro de 2016.

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