1.1) Um texto escrito é uma fotografia da alma da pessoa. Você conhece a alma intelectual dessa pessoa pelo que ela diz de sensato e pelo que conserva de conveniente e dissociado da verdade - o professor Olavo de Carvalho, ao desnudar a confusão demoníaca feita por Maquiavel, usou esta técnica, ao examinar as três principais obras desse autor: A História de Florença, O Príncipe e os Comentários sobre a Primeira Década de Tito Lívio.
1.2) Quem idolatra uma pessoa ignora essa linha tênue, a ponto de aceitar tudo o que ela diz como sendo verdade inquestionável, como se essa pessoa fosse um Deus. É por essa razão que disse numa das minhas postagens que maldito é o povo de uma nação que confia no homem, a ponto de este ser uma espécie de São João Baptista que prepara o caminho para o messias que tem Messias no nome, o que confirmará a narrativa da guerra de Messias, apontada pelo professor Loryel Rocha.
1.3) Se fizessem exame de consciência, saberiam que isso realmente faz sentido, dado que a História do Brasil é rica de episódios messiânicos, uma vez que o messianismo virou arma na mão da esquerda, pois ela estudou esse fenômeno, que é recorrente em nossa História, já que somos obra de Portugal.
2) A maior prova do que falo no ponto 1.1 é que podemos ver o mau-caratismo de Karl Marx por conta das fraudes documentais que fez n'O Capital e por conta do que ele declarou a respeito do genocídio étnico dos eslavos. Além do que ele escreveu, a vida dele em família foi também biografada, o que fornece boas pistas a respeito do que ele escreveu.
3.1) O que faz me move a discordar do professor Olavo de Carvalho não se funda na vida dele de família, pois não me meto em assuntos de foro intimo - e a vida privada de alguém é inviolável, já que não posso julgar a vida de ninguém, a não ser que sirva de modelo para a mentalidade revolucionária, tal como ocorre com os jogadores de futebol - e no caso do Olavo, eu não tenho razão alguma em condená-lo, no tocante à vida privada.
3.2) O que critico, e faço isso por boas razões, é com base no que ele falou, seja no COF, seja no True Outspeak, seja no que está escrito nos livros dele em comparação com coisas que vi e ouvi de outras fontes, pois não fecho minha alma ao que outras pessoas têm a dizer, como fazem alguns de seus alunos.
4.1) Jaime Cortesão, em sua Teoria Geral dos Descobrimentos Portugueses, falava em um método geométrico, com base em John Stuart Mill - se as coisas estão reduzidas a uma única causa ou a um único ângulo, então é fechamento para a verdade, pois é gnose.
4.2) Alguns dos alunos do Olavo fazem disso uma sola; se não for livro escrito pelo Olavo, se não for livro indicado pelo Olavo, se não for livro escrito por algum aluno do Olavo, então nada presta. E neste caso, o único sobrevivente da cultura brasileira que existia nos anos 50 e 60 torna-se um faraó, a ponto de escravizar a alma das pessoas, pois conservar o que é conveniente e dissociado da verdade tornou-se norma universal - e isso é errado.
5.1) Quando conheci o pensamento do professor Loryel Rocha, eu descobri o outro, tal como disse Corção. Graças a isso, hoje sei que existe vida além desse fechamento da alma que fazem, que é uma verdadeira morte ao intelecto, à vocação intelectual.
5.2) O professor Olavo é um bom pensador, eu não nego, mas o olavismo cultural é um sistema fechado, pois nele o Olavo, sendo homem, tornou-se a medida de todas as coisas - para alguns de seus alunos, essa medida tornou-se extrema. Um caso particular de antropocentrismo. Essa é a verdade!
6.1) Definitivamente, o estudo da antropologia brasileira vai incluir um capítulo acerca do homem olaviano, que vive em conformidade com o Todo que vem do Olavo, que é tomado como se Deus fosse.
6.2) Do ponto de vista do fenômeno do messianismo político, Olavo faz o papel de São João Baptista que prepara o caminho para o messias que tem Messias no nome. Esse exame de consciência ninguém fará, mas é exatamente isso que está a ocorrer, pois estou vendo o todo de tudo isso.
7.1) Se falar a verdade é perder amizades, então eu aceito correr o risco de perder todas as amizades que tenho com alunos do Olavo, além do apoio na forma de doações, vindas da parte de alguns deles. Este preço eu pago e pago com muito prazer.
7.2) Se sobrevivi ao positivismo da UFF e ao comunismo, então eu sou muito bem capaz de sobreviver à tentativa de cooptação que certos alunos do Olavo estão tentando fazer a quem está criticando esse abuso tão manifesto.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 12 de março de 2018.