1.1) No México, os bairros são chamados de "colônias" - a riqueza dessas colônias, que se funda tanto na atividade imobiliária quanto no comércio ou na prestação de serviços, é destinada ao centro da cidade, que é onde fica a sede da administração municipal. Quanto mais colônias uma cidade tiver, maior a influência do centro sobre essas colônias, que constituirão a periferia em torno desse centro de poder.
1.2) Às vezes a influência desse centro é tão poderosa que exerce influência sobre as cidades mais próximas, fazendo com que haja o surgimento de uma região metropolitana, em que a cidade mais importante acaba servindo de cidade-líder da região, de cabeça da região, enquanto as demais ficam como cidades-dormitório. Isso pode ser percebido facilmente, com relação aos municípios da Baixada Fluminense - antes da construção da Ponte Rio-Niterói, o Rio de Janeiro, enquanto distrito da Guanabara, exercia influência sobre os municípios de sua ponta da Baía; já Niterói, a então capital do Estado do Rio de Janeiro, exercia influência sobre São Gonçalo, que ficava na outra ponta. Com a integração das duas cidades numa área conurbada todo o eixo de poder da região sendo modificado, fazendo a capital do Estado se deslocar para o Rio de Janeiro, que tinha toda uma infraestrutura já montada, por ter sido capital do Brasil por muitos anos.
1.3) Ao tornar-se capital do Estado, a cidade do Rio assumiu uma prerrogativa que antes era de Niterói: sustentar os municípios do interior do Estado, como os do Norte Fluminense, o Sul Fluminense e a Região Serrana - uma responsabilidade para a qual a cidade do Rio não estava preparada, aumentando ainda mais a pressão dos custos da máquina pública sobre a economia da cidade. Naturalmente, os caciques políticos do interior, que nunca se preocuparam em espalhar o progresso para o todo o Estado, viram na cidade do Rio um bom hospedeiro para se praticar parasitismo.
2.1) Se o socialismo é essencialmente parasita, então isso explica porque, desde a fusão, a gente só teve governos de esquerda na cidade e no Estado, já que o município sustenta o Estado criado por força da integração de Niterói ao Rio, algo que é irreversível do ponto de vista da realidade política da região.
2.2) Se é uma grande verdade que a economia massificada favorece ao aumento da intervenção estatal, a prova disso aqui no Rio é evidente por si mesma: a invasão dos bárbaros se deu de fora para dentro (do interior para a capital). Isso sem contar toda uma invasão vertical que já havia antes, coisa que começou com Pombal: a invasão predatória dos governantes sobre os governados, por conta da centralização administrativa da cidade, que serviu de sede do governo do Reino Unido e do Brasil independente, tanto na monarquia quanto na República. A construção desse aparato administrativo complexo e asfixiante gerou a nefasta querela do estatismo, o eterno conflito entre a classe dirigente (o estamento burocrático) e o povo, tal como bem apontou Faoro em Os Donos do Poder.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 27 de setembro de 2016.
Matéria relacionada:
http://blogdejoseoctaviodettmann.blogspot.com/2016/09/como-o-centralismo-levou-ao.html
1.2) Às vezes a influência desse centro é tão poderosa que exerce influência sobre as cidades mais próximas, fazendo com que haja o surgimento de uma região metropolitana, em que a cidade mais importante acaba servindo de cidade-líder da região, de cabeça da região, enquanto as demais ficam como cidades-dormitório. Isso pode ser percebido facilmente, com relação aos municípios da Baixada Fluminense - antes da construção da Ponte Rio-Niterói, o Rio de Janeiro, enquanto distrito da Guanabara, exercia influência sobre os municípios de sua ponta da Baía; já Niterói, a então capital do Estado do Rio de Janeiro, exercia influência sobre São Gonçalo, que ficava na outra ponta. Com a integração das duas cidades numa área conurbada todo o eixo de poder da região sendo modificado, fazendo a capital do Estado se deslocar para o Rio de Janeiro, que tinha toda uma infraestrutura já montada, por ter sido capital do Brasil por muitos anos.
1.3) Ao tornar-se capital do Estado, a cidade do Rio assumiu uma prerrogativa que antes era de Niterói: sustentar os municípios do interior do Estado, como os do Norte Fluminense, o Sul Fluminense e a Região Serrana - uma responsabilidade para a qual a cidade do Rio não estava preparada, aumentando ainda mais a pressão dos custos da máquina pública sobre a economia da cidade. Naturalmente, os caciques políticos do interior, que nunca se preocuparam em espalhar o progresso para o todo o Estado, viram na cidade do Rio um bom hospedeiro para se praticar parasitismo.
2.1) Se o socialismo é essencialmente parasita, então isso explica porque, desde a fusão, a gente só teve governos de esquerda na cidade e no Estado, já que o município sustenta o Estado criado por força da integração de Niterói ao Rio, algo que é irreversível do ponto de vista da realidade política da região.
2.2) Se é uma grande verdade que a economia massificada favorece ao aumento da intervenção estatal, a prova disso aqui no Rio é evidente por si mesma: a invasão dos bárbaros se deu de fora para dentro (do interior para a capital). Isso sem contar toda uma invasão vertical que já havia antes, coisa que começou com Pombal: a invasão predatória dos governantes sobre os governados, por conta da centralização administrativa da cidade, que serviu de sede do governo do Reino Unido e do Brasil independente, tanto na monarquia quanto na República. A construção desse aparato administrativo complexo e asfixiante gerou a nefasta querela do estatismo, o eterno conflito entre a classe dirigente (o estamento burocrático) e o povo, tal como bem apontou Faoro em Os Donos do Poder.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 27 de setembro de 2016.
Matéria relacionada:
http://blogdejoseoctaviodettmann.blogspot.com/2016/09/como-o-centralismo-levou-ao.html