1. Feriados como instrumentos de poder
Entre os muitos dispositivos criados para moldar a consciência coletiva, poucos são tão eficazes quanto os feriados nacionais. Por meio deles, o Estado escolhe o que deve ser lembrado, e, por consequência, o que deve ser esquecido.
No caso brasileiro, datas como 21 de abril (Tiradentes) e 15 de novembro (Proclamação da República) foram elevadas à condição de símbolos cívicos não por representarem a verdade histórica, mas por servirem aos interesses dos que tomaram o poder pela força ou pela fraude ideológica.
Esses feriados nasceram do esforço de esvaziar a memória católica e monárquica do Brasil, substituindo-a por um imaginário republicano e laico, moldado segundo os ideais da Revolução Francesa. Assim, cada feriado “nacional” tornou-se uma missa profana, em que o povo celebra — muitas vezes sem saber — a própria ruptura com suas raízes espirituais.
2. O trabalhador contra-revolucionário
O homem que busca a verdade não pode simplesmente apagar essas datas do calendário, mas pode dar-lhes um novo sentido. Trabalhar conscientemente nesses dias é um ato simbólico de resistência: ao invés de participar da comemoração de um mito revolucionário, o trabalhador dedica-se ao seu ofício, santificando o tempo através do trabalho honesto.
No contexto norte-americano, onde a cultura do mérito e da negociação individual é mais desenvolvida, seria natural propor um adicional simbólico por trabalhar nesses dias. Esse “differential pay” não seria uma compensação financeira por esforço físico, mas um reconhecimento moral e espiritual por enfrentar um ambiente de alienação ideológica e permanecer fiel à própria consciência.
O adicional, portanto, não é apenas monetário: é o sinal de que o trabalhador tem uma razão superior para agir — não se deixa submeter às festas de um regime que não reconhece a Verdade, mas transforma o próprio trabalho em ato redentor.
3. A redenção do tempo
Na tradição cristã, o tempo é dividido em Chronos (tempo que passa) e Kairos (tempo oportuno). O primeiro é regido pela sucessão dos dias; o segundo, pela intervenção da graça. Ao trabalhar em dias consagrados à mentira histórica, o homem contra-revolucionário transforma o Chronos em Kairos: converte o tempo profano em tempo de sentido. Ele não celebra o feriado; ele o redime.
Essa é uma forma de resistência silenciosa, pacífica e inteligente — que não busca destruir o calendário civil, mas purificá-lo, reintegrando-o à ordem do espírito. Trabalhar nesses dias é negar, na prática, a idolatria do Estado e afirmar a soberania de Deus sobre o tempo e sobre a memória.
4. O adicional como símbolo de liberdade
Negociar um adicional por trabalhar nessas datas é um gesto de maturidade espiritual e intelectual. É declarar que:
“Não desejo ser pago para servir ao feriado, mas para esquecer o erro que ele representa — e concentrar-me no bem que posso realizar com meu trabalho.”
Essa proposta, de aparência econômica, é em essência uma forma de ascese política. Ela resgata o princípio cristão de que o trabalho é um meio de santificação, não de alienação. E, ao mesmo tempo, reafirma o direito do homem de não se submeter aos ritos do poder revolucionário.
5. Conclusão: a economia da graça
Trabalhar nos falsos feriados é mais do que uma escolha prática: é um ato de fidelidade. O contra-revolucionário, ao transformar esses dias em jornadas produtivas e conscientes, recupera o verdadeiro sentido do trabalho como vocação e serviço. O adicional recebido por esse esforço é apenas o sinal visível de uma graça invisível: a graça de permanecer livre num mundo que tenta converter todos os homens em servos de uma narrativa.
Assim, cada hora trabalhada no dia de Tiradentes ou da Proclamação da República torna-se uma pequena reparação histórica, uma gota de luz na restauração da verdade e na esperança de um Brasil reconciliado com a sua origem católica e monárquica.
Bibliografia Recomendada
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Plínio Corrêa de Oliveira. Revolução e Contra-Revolução. São Paulo: Vera Cruz, 1959.
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Antônio Conselheiro. Apontamentos sobre a guerra de Canudos.
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Leão XIII. Rerum Novarum. (1891).
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José Pedro Galvão de Sousa. A Crise da Democracia Contemporânea. São Paulo: Saraiva, 1965.
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Olavo de Carvalho. O Jardim das Aflições. Rio de Janeiro: Record, 1995.
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Christopher Dawson. A Religião e o Nascimento da Cultura Ocidental. Lisboa: Aster, 1949.
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Alasdair MacIntyre. Depois da Virtude. São Paulo: É Realizações, 2013.
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