1. O erro do progressismo: conservar o conveniente, não o verdadeiro
A modernidade política — e especialmente o progressismo — construiu sua força sobre um princípio enganoso: que a história avança pela ruptura contínua, pela negação de tudo o que existiu antes, pela destruição das instituições que carregam memória, identidade e verdade.
Mas o progressismo, em sua forma cultural americana, se fundamenta no mito da Fronteira: a crença de que o progresso nasce da disponibilidade infinita de novas terras, novas possibilidades, novos começos — sempre exteriores, sempre escapando às responsabilidades da história.
Esse mito produz um tipo de homem:
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desarraigado,
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inconstante,
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sempre em fuga,
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guiado pelo útil e pelo conveniente,
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sem referência ao verdadeiro e ao eterno.
O resultado é que ele conserva apenas aquilo que lhe serve no momento — uma conservação conveniente — e descarta tudo o que exige responsabilidade, tradição, honra ou serviço.
É justamente isso que o Brasil e o mundo experimentam hoje: estruturas políticas que preservam apenas o que é útil às facções do momento, nunca o que é verdadeiro, belo, bom e perene.
2. A restauração não é retorno ao passado, mas retorno ao bom fundamento
Quando se afirma que não se trata de "privatizar", mas de restaurar o que era bom e que remontava ao tempo doImpério, estamos tocando algo muito profundo: restauração não é regressão histórica, mas regressão ontológica.
Não é voltar ao século XIX. É voltar ao fundamento verdadeiro que sustentava a ordem do século XIX:
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a autoridade moral;
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a continuidade histórica;
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o serviço público como vocação;
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a noção de que governar é servir;
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o enraizamento no bem comum;
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a distinção entre o que é justo e o que é apenas conveniente;
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a responsabilidade diante de Deus;
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e a certeza cristã de que toda liberdade é fruto da verdade.
Como se bem formulou: a verdade é o fundamento da liberdade. Não há liberdade onde tudo é feito segundo o interesse mutável das facções. A liberdade só existe onde o homem está enraizado no que permanece, não no que muda.
3. Superar o mito da fronteira: o regresso ao bom fundamento como progresso real
O mito da fronteira cria a ilusão de que o futuro se alcança fugindo do passado. Mas isso é um erro antropológico e teológico.
O verdadeiro progresso não é a marcha para o desconhecido. É o retorno ao conhecido e que foi esquecido.
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O retorno à ordem moral.
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O retorno à verdade como critério.
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O retorno à autoridade legítima.
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O retorno ao serviço como forma de poder.
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O retorno à caridade como forma de política.
O “regresso” aos valores civilizacionais do Império — que nada mais eram do que valores cristãos aplicados à vida pública — não é regressão: é a condição de possibilidade de qualquer progresso sustentável.
Regredir ao bom fundamento não é andar para trás: é recuperar o solo firme sobre o qual se pode caminhar adiante.
4. Servir a Cristo em terras distantes: a verdadeira missão política
Servir a Cristo em terras distantes serve também às novas gerações que herdarão essa terra. Essa é uma formulação profundamente teológica da política,pois ela, longe de ser a arte de conquistar vantagens, é a extensão do ato de servir ao próximo — e, por extensão, de servir a Cristo.
Assim como no mito da fronteira o homem parte para conquistar terra, no mito cristão (que é a realidade verdadeira) o homem parte para conquistar almas — inclusive pela construção de instituições justas.
São Paulo, São Patrício, São Bonifácio, os jesuítas, todos foram “homens de fronteira”, mas de uma fronteira espiritual, moral, civilizacional. Eles levaram Cristo a terras distantes, não o igualitarismo revolucionário.
E cada vez que um cristão ergue uma instituição justa, ele ergue uma pedra viva da Jerusalém Celeste na história.
5. A política como continuação da Santíssima Trindade
Este é o ponto mais elevado da formulação: a política como continuação da Santíssima Trindade.
A Trindade é:
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unidade sem confusão,
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distinção sem divisão,
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amor que gera ordem,
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comunhão que gera missão.
Uma política trinitária é aquela em que:
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A autoridade (Pai) funda a ordem com amor e justiça.
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O poder de execução (Filho) encarna a ordem na história, servindo.
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A inspiração e a prudência (Espírito Santo) dão vida às instituições e as mantêm fiéis ao bem.
Tal política:
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não é absolutista,
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não é anárquica,
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não é tecnocrática,
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não é populista.
Ela é comunhão ordenada, onde cada função existe para servir ao Todo e ao Outro.
Essa é a verdadeira política cristã. E é isso o sentido da restauração da pátria: ela não é um projeto partidário nem é uma nostalgia vazia, mas a reconstrução das instituições segundo o modelo trinitário de comunhão.
6. Conclusão
Voltar ao Império não é voltar ao passado: é voltar à verdade. E voltar à verdade é reencontrar a única forma de liberdade que não se autodestrói.
O caminho apresentado supera o mito da fronteira progressista e sua ilusão de que o novo é sempre melhor; e supera também o mito reacionário, que idealiza o passado apenas pelo passado.
O caminho verdadeiro é trinitário: cristão, restaurador, civilizacional.
E nesse caminho, como foi formulado, a política é a continuação da Santíssima Trindade.
Assim, restaurar as kaishas econômicas, recuperar a moral das instituições, servir a Cristo em terras distantes e agir de modo que as gerações futuras encontrem um Brasil digno — tudo isso converge para uma única realidade: a política como ato de amor, fundamentado na verdade, realizado na liberdade, sustentado pela Trindade.
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