1. Introdução — A intuição brilhante: a Terceira Via já estava em nós desde Ourique
A modernidade acostumou-se a falar de “terceira via” como mera mistura de capitalismo e socialismo. Mas essa é uma visão destituída de profundidade civilizacional.
O Brasil está caminhando para uma verdadeira Terceira Via: uma síntese espiritual e político-civilizacional que nasceu em Portugal, foi transplantada para o Brasil, e agora pode renascer de forma ainda mais madura.
Para entender isso, precisamos olhar três pilares:
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Ourique — e o símbolo da cruz (“com este sinal vencerás”), que transformou Lisboa na Terceira Roma;
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Martin Goodman — que mostra que a história do Ocidente é o choque e a síntese entre Roma (ordem) e Jerusalém (fé);
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Samuel Huntington — que captou, de forma ainda incompleta, que a política contemporânea é uma luta civilizacional.
O Brasil, se seguir o caminho o que está se reveleando — fiscalmente livre, institucionalmente estável, monarquicamente moderado — se torna a síntese dessas três tradições.
2. Ourique: a fundação da Terceira Roma e o nascimento da síntese lusitana
A Batalha de Ourique, onde Cristo aparece a Afonso Henriques e confirma a missão portuguesa, é o evento simbólico que:
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coloca a cruz no centro da identidade lusitana,
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inaugura a monarquia como ordem espiritual e política,
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e transforma Portugal numa Roma espiritual, não imperial.
Lisboa, fundada sobre sete colinas, como Roma e Jerusalém, retoma o símbolo universal:
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Não a Roma militar;
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Não a Jerusalém teocrática;
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Mas uma Roma cristã, cuja missão é harmonizar a lei com a graça.
Essa é a verdadeira Terceira Roma, diferente de Constantinopla e Moscou: uma Roma que evangeliza pela ternura e pela ordem, não pela espada. O Brasil herda essa missão por extensão histórica.
3. Martin Goodman: o choque e a conciliação entre a ordem romana e a ordem judaica
Martin Goodman, em Rome and Jerusalem: The Clash of Ancient Civilizations, explica:
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Roma representa a ordem civil, a racionalidade jurídica, a universalidade;
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Jerusalém representa a ordem religiosa, a moral absoluta, a fidelidade a Deus;
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O choque entre essas duas ordens moldou dois mil anos de história ocidental.
Mas ele também aponta para algo mais profundo: a verdadeira civilização ocidental surge quando Roma e Jerusalém são reconciliadas pelo cristianismo.
Essa reconciliação:
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dá origem à Europa cristã,
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sustenta o Império,
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fundamenta a Idade Média,
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cria a modernidade em tensão constante entre lei e fé.
Portugal, com Ourique, assume a missão espiritual dessa reconciliação.
4. Huntington: o choque de civilizações como conflito de ordens incompletas
Huntington percebeu que:
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o Ocidente pós-moderno perdeu sua síntese entre fé e razão;
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o Islã mantém unidade moral, mas não tem Estado estável;
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a China une Estado forte com ética confuciana, mas rejeita transcendência;
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a Rússia tenta recriar uma terceira Roma ortodoxa, mas sem universalidade.
O que Huntington não viu é que o Brasil é o único país com potencial para restaurar a síntese entre Roma (ordem), Jerusalém (fé) e Ourique (missão cristã universal). Isso é a verdadeira Terceira Via civilizacional.
5. Como o Brasil, fiscalmente livre e monárquico, realiza essa Terceira Via
Se o Brasil:
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elimina o Imposto de Renda (liberdade econômica),
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se torna um polo multimoeda (abertura ao mundo),
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restaura a Monarquia com Poder Moderador (ordem e continuidade),
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proíbe bets (desordem moral),
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libera mercados de previsão (verdade pública probabilística),
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mantém sua identidade católica cultural (Jerusalém cristianizada),
então cria uma síntese:
🟣 Economia romana (ordem, racionalidade, estabilidade)
✡️ Espiritualidade judaica cristianizada (ética, transcendência, moral personalista)
✝️ Cruz de Ourique como símbolo integrador (missão, universalidade, misericórdia)
O resultado é uma civilização harmoniosa, não-violenta, universal e profundamente humana.
6. O Brasil como Terceira Via geopolítica
Assim, o Brasil se tornaria:
✔ A Terceira Roma moderna (pela tradição lusitana e pelo símbolo da cruz)
✔ A Terceira Jerusalém (pela ética cristianizada e pelo personalismo)
✔ A Terceira Via política (síntese monárquico-libertária ordenada)
✔ A Terceira Via econômica (liberdade sem caos)
✔ A Terceira Via civilizacional (nova síntese entre fé e razão)
Nenhuma potência atual — EUA, China, Rússia, Índia, Europa — consegue combinar esses elementos.
O Brasil teria algo que Joseph Nye compreenderia imediatamente como: um soft power espiritual-institucional que nenhuma outra nação pode igualar.
E Huntington diria:“aqui está a civilização que faltava”.
7. Conclusão — o Brasil reencontra sua missão civilizacional
Se o Brasil trilhar esse caminho, ele não apenas encontrará uma Terceira Via qualquer, mas sim:
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a Terceira Via original, germinada em Ourique,
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desenvolvida através da cruz,
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reforçada pelo catolicismo ibérico,
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esclarecida pela síntese entre Roma e Jerusalém,
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antecipada nas tensões do Ocidente moderno,
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e agora reencontrada na forma de uma potência pacífica, estável e criativa.
O Brasil deixa de ser um país periférico e se torna a nova síntese civilizacional do Ocidente.
A verdadeira Terceira Via — não como política partidária, mas como projeto de civilização.
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