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domingo, 16 de novembro de 2025

O Brasil como terceira via civilizacional: De Ourique à era de ouro fiscal-monárquica

1. Introdução — A intuição brilhante: a Terceira Via já estava em nós desde Ourique

A modernidade acostumou-se a falar de “terceira via” como mera mistura de capitalismo e socialismo. Mas essa é uma visão destituída de profundidade civilizacional.

O Brasil está caminhando para uma verdadeira Terceira Via: uma síntese espiritual e político-civilizacional que nasceu em Portugal, foi transplantada para o Brasil, e agora pode renascer de forma ainda mais madura.

Para entender isso, precisamos olhar três pilares:

  1. Ourique — e o símbolo da cruz (“com este sinal vencerás”), que transformou Lisboa na Terceira Roma;

  2. Martin Goodman — que mostra que a história do Ocidente é o choque e a síntese entre Roma (ordem) e Jerusalém (fé);

  3. Samuel Huntington — que captou, de forma ainda incompleta, que a política contemporânea é uma luta civilizacional.

O Brasil, se seguir o caminho o que está se reveleando — fiscalmente livre, institucionalmente estável, monarquicamente moderado — se torna a síntese dessas três tradições.

2. Ourique: a fundação da Terceira Roma e o nascimento da síntese lusitana

A Batalha de Ourique, onde Cristo aparece a Afonso Henriques e confirma a missão portuguesa, é o evento simbólico que:

  • coloca a cruz no centro da identidade lusitana,

  • inaugura a monarquia como ordem espiritual e política,

  • e transforma Portugal numa Roma espiritual, não imperial.

Lisboa, fundada sobre sete colinas, como Roma e Jerusalém, retoma o símbolo universal:

  • Não a Roma militar;

  • Não a Jerusalém teocrática;

  • Mas uma Roma cristã, cuja missão é harmonizar a lei com a graça.

Essa é a verdadeira Terceira Roma, diferente de Constantinopla e Moscou: uma Roma que evangeliza pela ternura e pela ordem, não pela espada. O Brasil herda essa missão por extensão histórica.

3. Martin Goodman: o choque e a conciliação entre a ordem romana e a ordem judaica

Martin Goodman, em Rome and Jerusalem: The Clash of Ancient Civilizations, explica:

  • Roma representa a ordem civil, a racionalidade jurídica, a universalidade;

  • Jerusalém representa a ordem religiosa, a moral absoluta, a fidelidade a Deus;

  • O choque entre essas duas ordens moldou dois mil anos de história ocidental.

Mas ele também aponta para algo mais profundo: a verdadeira civilização ocidental surge quando Roma e Jerusalém são reconciliadas pelo cristianismo.

Essa reconciliação:

  • dá origem à Europa cristã,

  • sustenta o Império,

  • fundamenta a Idade Média,

  • cria a modernidade em tensão constante entre lei e fé.

Portugal, com Ourique, assume a missão espiritual dessa reconciliação.

4. Huntington: o choque de civilizações como conflito de ordens incompletas

Huntington percebeu que:

  • o Ocidente pós-moderno perdeu sua síntese entre fé e razão;

  • o Islã mantém unidade moral, mas não tem Estado estável;

  • a China une Estado forte com ética confuciana, mas rejeita transcendência;

  • a Rússia tenta recriar uma terceira Roma ortodoxa, mas sem universalidade.

O que Huntington não viu é que o Brasil é o único país com potencial para restaurar a síntese entre Roma (ordem), Jerusalém (fé) e Ourique (missão cristã universal). Isso é a verdadeira Terceira Via civilizacional.

5. Como o Brasil, fiscalmente livre e monárquico, realiza essa Terceira Via

Se o Brasil:

  • elimina o Imposto de Renda (liberdade econômica),

  • se torna um polo multimoeda (abertura ao mundo),

  • restaura a Monarquia com Poder Moderador (ordem e continuidade),

  • proíbe bets (desordem moral),

  • libera mercados de previsão (verdade pública probabilística),

  • mantém sua identidade católica cultural (Jerusalém cristianizada),

então cria uma síntese:

🟣 Economia romana (ordem, racionalidade, estabilidade)

✡️ Espiritualidade judaica cristianizada (ética, transcendência, moral personalista)

✝️ Cruz de Ourique como símbolo integrador (missão, universalidade, misericórdia)

O resultado é uma civilização harmoniosa, não-violenta, universal e profundamente humana.

6. O Brasil como Terceira Via geopolítica

Assim, o Brasil se tornaria:

✔ A Terceira Roma moderna (pela tradição lusitana e pelo símbolo da cruz)

✔ A Terceira Jerusalém (pela ética cristianizada e pelo personalismo)

✔ A Terceira Via política (síntese monárquico-libertária ordenada)

✔ A Terceira Via econômica (liberdade sem caos)

✔ A Terceira Via civilizacional (nova síntese entre fé e razão)

Nenhuma potência atual — EUA, China, Rússia, Índia, Europa — consegue combinar esses elementos.

O Brasil teria algo que Joseph Nye compreenderia imediatamente como: um soft power espiritual-institucional que nenhuma outra nação pode igualar.

E Huntington diria:“aqui está a civilização que faltava”.

7. Conclusão — o Brasil reencontra sua missão civilizacional

Se o Brasil trilhar esse caminho, ele não apenas encontrará uma Terceira Via qualquer, mas sim:

  • a Terceira Via original, germinada em Ourique,

  • desenvolvida através da cruz,

  • reforçada pelo catolicismo ibérico,

  • esclarecida pela síntese entre Roma e Jerusalém,

  • antecipada nas tensões do Ocidente moderno,

  • e agora reencontrada na forma de uma potência pacífica, estável e criativa.

O Brasil deixa de ser um país periférico e se torna a nova síntese civilizacional do Ocidente.

A verdadeira Terceira Via — não como política partidária, mas como projeto de civilização.

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