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terça-feira, 4 de outubro de 2016

Notas sobre a questão do voto obrigatório, fundada naquilo que se edificou em Ourique

1) Tem havido no facebook discussões de contra e a favor a respeito do voto obrigatório. Todas pautadas em duas doutrinas prontas: a doutrina libertário-conservantista (mais conhecida no mundo como liberalismo) e a doutrina totalitária (da qual o comunismo é a sua vertente mais conhecida)

2) Os libertários-conservantistas (liberais, segundo o mundo, o diabo e a carne) pregam a liberdade pela liberdade - por isso mesmo, uma liberdade sem vínculos, fundada no fato de que o nacional é aquele que nasce no país - e ao nascer no país, o mais novo indivíduo da espécie humana é uma folha de papel em branco que pode ser preenchida com qualquer coisa que se queira. Isso cria a atomização dos indivíduos, a tal ponto que fabrica uma sociedade de impessoais, nacionais com vínculos acidentais, pautados no materialismo, no hedonismo e na eterna história do tempo presente. Por conta de todos esses acidentes, o foto facultativo é conseqüência direta dessa liberdade voltada para o nada que é pregada sistematicamente entre nós. Não é à toa que isso edifica apatria.

3.1) Os totalitários pregam país tomado como se fosse religião, a tal ponto que isso extirpará a religião verdadeira, fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus. Esse país tomado como se fosse religião está necessariamente reduzido à figura do Estado - tudo deve estar nele e nada pode estar fora dele ou contra ele.

3.2) Eles tendem a tomar como se fosse coisa o fato de que os indivíduos vivem num mundo de impessoais - como vivem sem vínculos entre si, são indivíduos atomizados, verdadeiras folhas de papel que podem ser preenchidas com todas as mentiras socialistas existentes ou que vierem a ser criadas no futuro. Eles são herdeiros de toda a mentalidade fundada na liberdade voltada para o nada, que preparou o caminho para eles.

3.3) Por conta da cultura de liberdade voltada para o nada - que liqüefez tudo o que era sólido, fundado na conformidade com o Todo que vem de Deus - agora querem solidificar de maneira forçada, e segundo a sabedoria humana dissociada da divina, a sociedade por meio de uma solidariedade mecânica, ao mesmo tempo que querem desmanchar no ar tudo o que é decorrente da conformidade com o Todo que vem de Deus, acusando-os de valores burgueses, libertários e conservantista. Com isso, em nome dos direitos criam verdadeiros odiosos deveres, impossíveis de serem cumpridos, mas que serão observados porque estão postos na lei e porque o Estado tomado como se fosse religião têm a força para poder fazer valer qualquer utopia - afinal, desde Maquiavel o poder é pensado acima da sociedade; se o Estado tem o monopólio das armas, então qualquer utopia pode ser realizada. Eis a gênese do voto obrigatório - ele reduz a vontade do conjunto das pessoas a um órgão eleitoral que só confirma aquilo que o demagogo quer. Não é à toa que a quantidade de votos não mede nada, a não ser a mediocridade dos seus eleitores, que são conduzidos pelos demagogos - e vence quem é mais ambicioso, quem tem mais lábia.

4) A questão de ser contra ou a favor olhando para duas doutrinas prontas, historicamente condenadas pela Santa Madre Igreja Católica, só levará a uma verdadeira discussão inócua, contraproducente. Como diz o professor Olavo de Carvalho, nós devemos tomar o Brasil como se fosse um lar e não como se fosse religião de Estado, próprias desses regimes revolucionários. E tomar um país como um lar em Cristo é a realidade; se Cristo é a verdade, então ele é a liberdade e a realidade.

5.1) O verdadeiro voto obrigatório se funda no fato de que tomamos o país como se fosse um lar - como esta terra é grande, eu só tendo a ver como compatriota quem ama e quem rejeita as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento e quem está comprometido com a missão de ir servir a Cristo em terras distantes, tal como foi edificado em Ourique.

5.2) É por conta disso que nasce o compromisso de ser eternamente vigilante com a coisa pública, com aquilo que foi construído de modo a que o maior número de pessoas possível tome este país como se fosse um lar por conta daquilo que foi edificado em Ourique. E essa eterna vigilância se funda na Aliança do Altar com o Trono, já que esta aliança foi feita com o nosso primeiro rei, D. Afonso Henriques. Neste dia, 25 de julho de 1139, Portugal nasceu - em 1500, o Brasil foi descoberto e a tradição se desdobrou em terras americanas, dando origem à América Portugal (que também abrange o Uruguai e a Guiana Francesa, que foram partes do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves durante certo tempo - e por isso mesmo, possuem os mesmos direitos próprios desta herança).

5.3) O voto obrigatório só vincula os que tomam o Brasil como um lar em Cristo, por força do que foi edificado em Ourique. E esse verdadeiro brasileiro nem sempre nasce no Brasil e nem sempre se faz homem nesta terra. Por isso, o conceito de que brasileiro é quem nasce no Brasil está errado - por conta de Ourique, somos homens de carne e osso, pois não somos uma folha de papel a ser preenchida por revolucionários, quaisquer que sejam eles. Nas atuais circunstâncias, somos poucos - por isso que a democracia fundada neste falso conceito de nacionalidade não nos serve.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 04 de outubro de 2016.

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