1) Para fazer o que eu faço, é preciso se dedicar e muito. Não é à toa que meu ofício de escritor se tornou uma profissão.
2) O fato de o Rio de Janeiro ser uma cidade caótica e vazia é um convite para a vida em reclusão - quase não saio de casa, a não ser para ir à Igreja. Se a porta de casa é a serventia que me leva a atender aos que estão na rua, quando me visitam, então a tela do computador é a serventia por excelência para um mundo bem mais amplo, atendendo a todos aqueles que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, sejam eles espalhados pelo Brasil inteiro, quiçá pelo mundo inteiro.
3) O mundo online é uma evolução da conversa que se dava entre os vizinhos, numa época em que não existia esse modernismo nem essa mentalidade revolucionária que fabricou apátridas em massa, esses seres bestializados que não conseguem imaginar que nosso país nasceu a partir de um milagre decorrente do Cristo Crucificado, que queria fundar um Império e escolheu os portugueses e seus descendentes, nós, para esta santa tarefa. O lado bom é que eu converso com pessoas cuja cabeça lembra muito a minha - e esses amigos adequados, ainda que dispersos pelo país ou pelo mundo afora, me fazem ver a vida com um sentido - se dependesse do que vejo no mundo real, eu seria mais um da horda que aprendi a desprezar, quando vi que Cristo era o caminho, a verdade e a vida.
5) Eu consigo contemplar a riqueza das excelentes conversas de antigamente, coisa de que meus ancestrais tanto falavam. A diferença é que as possibilidades são ainda maiores. Se eu tivesse os meios necessários para viajar pelo país inteiro, visitando os lares dos meus pares para discutir assuntos importantes, eu estaria cumprindo o que o Olavo tanto fala: de que os movimentos de renovação do senso de se tomar o país como se fosse um lar dependem da interação de pessoas reais, que interagem umas com as outras face à face. E para sair do computador, eu necessito de dinheiro - e isso consigo trabalhando da forma como eu trabalho.
6) Neste mundo virtual, o aeroporto para mim é a versão atual dos portos do chamado (ports of call) que me fazem servir a Cristo em terras distantes, sobretudo no lar dos meus pares, se eles me abrirem a casa para isso e se me convidarem. Estarei sempre na estrada - e isso se dá cruzando as estradas que construíram no céu (as linhas aéreas).
7) Se navegar online é preciso, então viver a vida no hedonismo moderno não é preciso. Meu país imaginário, a Pseikörder, está imitando Portugal pelas duas únicas vias disponíveis: a do ciberespaço e a do espaço aéreo. Não é por falta de mar que não seremos como são os portugueses, em sua grandeza - esses dois meios suprem aquilo que nos falta de modo a sermos como eles e sermos mais brasileiros que a maioria dos nascidos aqui, que são apátridas.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 2 de fevereiro de 2016.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 2 de fevereiro de 2016.
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