1) Quando aquilo que você tem a dizer é tão urgente e necessário que deve ser dito ao maior número de pessoas possível, faz-se jus usar a fala como se fosse uma segunda escrita. E a técnica de se usar a fala como se fosse uma segunda escrita se chama retórica, que é uma extensão da ars bene decit, coisa que leva ao desenvolvimento da escrita a partir da literatura.
2) Para fazer isso, você precisa ter uma coragem pessoal muito grande, de modo a encarar a impessoalidade e o conservantismo sistemático, fundado numa sociedade que não crê em fraternidade universal, uma vez que o mundo moderno tem este caráter derivado do protestantismo.
3) Nem sempre bons escritores são necessariamente bons oradores. O tempo do escritor é a reserva e a prudência; o do orador, a urgência. Jornalistas têm mais utilidade para noticiar as coisas falando, pois isso leva a denunciar o que é urgente, flagrante, pois as coisas estão pegando fogo; o historiador tende a registrar as coisas mais por escrito porque está sempre a analisar ruínas do passado - e investigar o passado de modo a compreender o presente pede muito a racionalidade. E a escrita é a ferramenta da racionalidade por excelência.
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