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terça-feira, 23 de julho de 2024

O Brasil é uma fábrica de espiões russos

(0:00) Recentemente, uma história que parece ter saído de um roteiro de um filme de espionagem (0:05) veio à tona. (0:06) Um espião russo, se passando por um brasileiro, tentou se infiltrar no coração do poder (0:14) da capital dos Estados Unidos, Washington, D.C. (0:18) Essa história que pode parecer extraordinária ou nada comum, na verdade, quando nós olhamos (0:24) mais a fundo, é possível a gente identificar um padrão, uma tendência. (0:30) O serviço secreto russo tem uma preferência por infiltrar espiões em países de língua (0:38) portuguesa, principalmente o Brasil.

(0:42) Na verdade, por exemplo, o maior escândalo de espionagem da história da OTAN era um (0:48) espião russo se passando por um português. (0:51) Mas o meu foco hoje é contar uma história mais recente sobre essa preferência russa (0:58) e explicar como que a nossa burocracia aqui no Brasil, nosso sistema jurídico, as leis, (1:06) a nossa sociedade, enfim, a nossa realidade, pode, na verdade, estar contribuindo para essa (1:13) predileção russa. (1:15) Você se lembra quando você passou na faculdade dos seus sonhos? (1:18) Com certeza deve ter sido um momento muito feliz.

(1:21) Não foi diferente para o Victor Miller Ferreira, quando ele passou no mestrado de Relações (1:26) Internacionais da Johns Hopkins University, uma prestigiada instituição no coração (1:33) de Washington, D.C., no ano de 2018. (1:37) A história de Victor Miller Ferreira, ou melhor, Sergei Cherkasov, desdobra-se como um enredo (1:44) de espionagem digno de um romance bem sofisticado. (1:49) Sergei, um espião russo oriundo da distante Kaliningrado, embarcou em uma jornada de quase (1:55) dez anos, meticulosamente forjando a identidade de Victor Miller para se infiltrar no coração (2:02) político dos Estados Unidos.

(2:04) Sob a capa de estudante brasileiro exemplar, uma fachada longe da sua verdadeira essência, (2:10) o Sergei estava, na realidade, descendo, construindo uma rede de espionagem. (2:16) Ele fazia parte de uma célula secreta de espiões russos, estrategicamente posicionados (2:21) em Washington, D.C., com a missão de infiltrar-se profundamente nas estruturas de poder americano. (2:27) Seu alvo, nada menos que os pilares de segurança nacional dos Estados Unidos, desde o Departamento (2:33) de Estado até a CIA.

(2:35) Passando por tudo que pudesse interessar ao GRU, o temido Serviço de Inteligência Militar (2:41) Russo. (2:49) Eu vou contar essa história pra vocês do início e aprofundadamente. (2:54) O embrião de Victor Miller Ferreira foi construído cuidadosamente em cima de uma série de documentos (3:02) forjados que serviram de casulo para a metamorfose de Sergei Tcherkasov na sua nova identidade.

(3:11) Em 2009, uma nova certidão de nascimento, portanto de nome inventado, foi hábilmente (3:17) inserida nos registros, antecipando a chegada de Tcherkasov ao Brasil, seguida pela emissão (3:23) de uma carteira de motorista feita com a foto de um estranho. (3:26) Evidências de uma preparação minuciosa por parte de uma rede de colaboradores e agentes (3:32) do GRU já estabelecidos aqui no Brasil.

(3:34) Essa operação explorou brechas nos sistemas brasileiros de imigração e registro civil, (3:40) contando não apenas com a colaboração de agentes locais, mas também com subornos, (3:45) como demonstrado pelo presente de um colar da Svarovtsky a um tabelião envolvido na (3:50) certificação dos documentos fraudulentos.

(3:53) Com uma base sólida já estabelecida, Tcherkasov avançou na consolidação de sua identidade (3:58) brasileira, adquirindo documentos críticos como o CPF e um passaporte, todos sob o nome (4:05) de Vitor Miller. (4:07) O espião chegou a comentar sobre a facilidade alarmante de conseguir esses documentos aqui (4:11) no Brasil. (4:12) Ele disse que não precisava mais do que uma dezena de dólares para conseguir tais documentos, (4:18) e isso revelando a facilidade do sistema ser corrompido.

(4:24) Nos anos que se seguiram, Tcherkasov, sobre a sua identidade forjada, inseriu-se no tecido (4:29) social e econômico do Brasil, chegando a trabalhar em uma agência de viagens suspeita (4:34) de ser fachada de operações do GRU, que mais tarde encerrou suas atividades. (4:39) Esse período de preparação e integração serviu como um prólogo para a complexa teia (4:45) de espionagem que Tcherkasov estava prestes a tecer, utilizando o Brasil como palco para (4:50) seus atos clandestinos. (4:52) Ele se apresentava como um produto de uma infância fragmentada, marcada pela perda (4:58) da mãe e uma sequência de cuidadores temporários, um enredo desenhado para evocar simpatia e (5:05) desviar suspeitas.

(5:06) Aprofundando-se na ficção, o GRU, em sua operação no Brasil, atribuiu a Tcherkasov (5:12) uma linhagem materna fictícia, nomeando o filho de Jurassi Elisa Ferreira, uma brasileira (5:18) cuja morte, em 1993, supostamente o deixara órfão. (5:23) No entanto, investigações e depoimentos de familiares, como o de Juliano Einhardt, sobrinho (5:29) de Ferreira, contestavam essa alegação, assegurando que ela jamais tivera filhos. (5:35) Entre as evidências mais intrigantes encontradas no caso, estava um documento detalhado no (5:40) computador de Tcherkasov, que mais parecia um guia de estudo para o papel da sua vida.

(5:47) Esse texto, escrito em português fluente, iniciava com a afirmação (5:52) Eu sou Vitor Miller Ferreira, desdobrando-se em uma série de detalhes pessoais fabricados, (5:58) desde alegações de uma aversão peculiar ao odor de peixe no Rio de Janeiro, até lembranças (6:04) de um pôster de Pamela Anderson em uma oficina mecânica, um local de trabalho alegado, mas (6:10) nunca confirmado. (6:11) Esse documento também antecipava e tentava neutralizar potenciais questionamentos sobre (6:15) as características físicas marcantes de Tcherkasov, com seu cabelo loiro e um sotaque (6:21) estranho, propondo explicações que incluíam ascendência alemã e longas estadias fora (6:27) do Brasil, que teriam atenuado suas habilidades linguísticas. (6:31) A menção de ser apelidado de gringo pelos colegas na escola, num lugar que ele nunca (6:36) estudou, revelava uma tentativa calculada de construir uma identidade baseada na solidão (6:41) e no isolamento.


(6:43) A presença desse documento, uma década depois da sua criação, destaca não apenas a incompetência (6:48) individual do espião em apagar seus rastros, mas também uma falha sistêmica mais ampla (6:53) nos métodos empregados pelo GRU nas suas operações clandestinas. (6:57) Essa tendência para o descuido, ironicamente, tornou-se quase uma marca registrada nas operações (7:03) conduzidas pelo GRU nos últimos anos. (7:05) A audácia com que o GRU executou suas missões, desde a infiltração digital até os atos (7:11) de envenenamento em solo estrangeiro, destacou uma aparente indiferença em ocultar completamente (7:16) suas pegadas.

(7:17) Incidentes notáveis incluem o ataque cibernético ao Comitê Nacional do Partido Democrata nos (7:23) Estados Unidos em 2015, o envenenamento do ex-espião Sergei Skripal na Inglaterra em (7:29) 2018 e a tentativa de assassinato do opositor russo Alexei Navalny, que agora acabou sendo (7:35) executada com sucesso. (7:37) Essas ações arriscadas parecem seguir uma linha de operação onde a sutileza não é (7:43) prioritária e os rastros são deixados para todo canto. (7:46) Tcherkasov, apesar desses métodos questionáveis de seu empregador, avançou rapidamente em (7:51) sua missão de infiltração.

(7:53) Sua jornada acadêmica levou do Trinity College de Dublin até prestigiadas instituições (8:00) de ensino em Washington, D.C., onde sua admissão na Johns Hopkins University marcou um passo (8:06) significativo em direção aos seus objetivos. (8:09) A conquista foi tão celebrada por Tcherkasov que ele compartilhou a sua euforia com os (8:15) superiores no GRU, proclamando em um e-mail, (8:18) Cara, eu consegui, eu realmente consegui. (8:22) Curiosamente, a presença de Tcherkasov na Johns Hopkins University, apesar da sua identidade (8:29) verdadeira e original, ele não levantou suspeitas quando chegou lá.

(8:35) Ele foi percebido como um estudante mais velho, mais competente, se passando por um brasileiro (8:41) com antepassados irlandeses. (8:44) Uma cobertura que, segundo Eugene Finkel, professor na Johns Hopkins e falante nativo (8:51) de russo, era convincente o suficiente para explicar qualquer peculiaridade no seu sotaque. (8:57) Essa fase da operação de Tcherkasov ilustra não apenas a complexidade das táticas de (9:03) espionagem moderna, mas também a capacidade de indivíduos treinados de se emergir profundamente (9:09) em culturas e sociedades estrangeiras.

(9:12) Ou seja, ele conseguiu enganar até um nativo em russo e professor de relações internacionais, (9:18) alguém que tinha tudo para perceber a verdadeira identidade do espião. (9:22) Mas nem tudo era perfeito, longe disso. (9:25) Dentro do ambiente acadêmico da Johns Hopkins, um encontro casual entre Tcherkasov, sobre (9:31) o disfarce de Victor Miller, e um ex-oficial da Marinha dos Estados Unidos, também versado (9:36) em russo, introduziu um elemento de desconfiança na até então impecável fachada do espião russo.

(9:44) O espião russo e o ex-oficial da Marinha americana tinham um gosto comum por motocicletas (9:51) e saíram para dar um rolê. (9:53) E nessa interação, o russo falando, o americano acabou percebendo um sotaque russo. (10:02) E como ele falava russo, ele questionou e perguntou para o espião se ele tinha alguma (10:09) descendência russa.

(10:11) O espião rapidamente, o Tcherkasov, respondeu rapidamente, (10:14) não, não, é que eu tenho uma descendência alemã, eu sou alemão, e sumiu, nunca mais (10:21) quis encontrar com ele. (10:23) Isso mostra um pouco da dificuldade de manter essa aparência, essa fachada, essa história (10:30) em situações inesperadas como essa. (10:33) Esse episódio específico acabou não levando a uma investigação aprofundada ou uma desconfiança (10:41) maior por parte da instituição ou de outros sobre a identidade do Tcherkasov.

(10:46) Além disso, um outro fator que passou desapercebido, talvez uma falha da universidade, foi a capacidade (10:55) do Tcherkasov em financiar os seus estudos. (10:59) É importante ressaltar que um curso de mestrado numa faculdade dessa americana custa milhares (11:07) de dólares e ele contava uma história de ter vindo de uma família muito humilde do (11:12) Brasil e ele tinha o dinheiro para pagar prontamente os dois anos sem nenhuma bolsa de estudo. (11:19) Isso não foi questionado pela faculdade, a faculdade não quis entender de onde vinham (11:24) esse dinheiro ou esses fundos para pagar o seu curso.

(11:29) Mais tarde depois, quando ele foi preso no Brasil, Tcherkasov veio com uma explicação (11:33) inusitada para como conseguiu financiar sua educação cara nos Estados Unidos. (11:39) Ele disse que ganhou dinheiro com apostas e bitcoin. (11:43) Contudo, o FBI descobriu que na verdade ele recebia dinheiro regularmente dos seus superiores (11:49) na Rússia e que ele movimentava através de contas nos Estados Unidos e na Irlanda.

(11:53) Tcherkasov enviou seu currículo para vários empregos, incluindo estágios em lugares prestigiados (12:00) como as Nações Unidas, think tanks, instituições financeiras, veículos de mídia e até mesmo (12:08) oposições dentro do governo americano. (12:10) Mas com a pandemia do coronavírus afetando o mercado de trabalho, o espião acabou não (12:15) conseguindo nenhum desses empregos e ele teve que deixar os Estados Unidos em setembro de (12:20) 2020, pouco antes do seu visto de estudante expirar. (12:23) De volta ao Brasil, Tcherkasov não perdeu tempo e continuou a usar suas conexões em (12:28) Washington.

(12:28) Em novembro de 2021, com a tensão entre Rússia e Ucrânia escalando, ele enviou relatórios (12:34) para a Rússia detalhando a percepção de autoridades americanas sobre as ações de (12:38) Moscou. (12:39) Essas atividades mostram como Tcherkasov manteve o seu engajamento em atividades de espionagem (12:44) mesmo fora dos Estados Unidos, destacando a continuidade de sua missão mesmo após (12:50) o fim da estadia no país. (12:51) Nos e-mails que Tcherkasov enviou, ele detalhava informações que alegava ter obtido de consultores (12:57) de think tanks que supostamente estavam em contato com figuras de alto escalão do governo (13:02) Biden, incluindo o secretário de Estado Antony Blinken.

(13:06) Em um dos relatórios, ele mencionava que o secretário de Defesa, Lloyd Austin, teria (13:11) sido instruído a não demonstrar qualquer possibilidade de envolvimento militar dos (13:16) Estados Unidos na Ucrânia, sugerindo uma postura de não intervenção por parte dos (13:20) Estados Unidos no conflito iminente. (13:22) Ao mesmo tempo em que fazia esses relatórios, Tcherkasov se deparou com uma nova oportunidade. (13:28) Ele recebeu uma oferta de estágio no Tribunal Penal Internacional, TPI, uma instituição (13:33) que há muito é considerada hostil por Moscou devido ao seu mandato de julgar genocídios, (13:39) crimes de guerra e outras violações graves do direito internacional.

(13:43) A perspectiva de trabalhar no TPI representava uma chance valiosa para Tcherkasov de se infiltrar (13:49) em uma organização internacional crucial, potencialmente facilitando operações de (13:54) espionagem russa contra um órgão jurídico que poderia ameaçar os interesses russos (13:59) no palco mundial. (14:00) Não custa lembrar que, recentemente, o Tribunal Penal Internacional emitiu um mandado de prisão (14:06) contra o presidente russo pelos crimes cometidos na guerra na Ucrânia. (14:11) O Tcherkasov, trabalhando ali no TPI, ele teria acesso aos bancos de dados, enfim, (14:19) à segurança dos sistemas digitais do tribunal e, com isso, ele poderia quebrar ou penetrar (14:27) e acessar informações muito valiosas.

(14:30) Na preparação para sua nova função, Tcherkasov organizou cuidadosamente seus preparativos (14:37) no Brasil. (14:38) Ele escondeu dispositivos eletrônicos em locais secretos, numa trilha nas proximidades (14:44) de São Paulo, deixando instruções detalhadas para seus contatos russos sobre como recuperá-los. (14:50) Isso demonstra uma rede de comunicação bem estabelecida com seus superiores na Rússia, (14:55) facilitada pela descrição que o território brasileiro oferecia.

(14:58) No entanto, em 2022, ao embarcar para Amsterdã, Tcherkasov não imaginava que ele estava caminhando (15:06) para uma armadilha planejada cuidadosamente pelo serviço de inteligência holandês para (15:13) prendê-lo. (15:14) Os holandeses foram alertados por informações detalhadas fornecidas pelo FBI e a operação (15:21) de interceptação no aeroporto envolveu um interrogatório extenso e análise minuciosa (15:27) dos seus dispositivos eletrônicos. (15:29) O uso de tecnologia de reconhecimento facial para conectar a imagem no passaporte de Tcherkasov (15:35) com as fotos dele antes da sua associação com o GRU foi o golpe final.

(15:42) Esse momento crítico marcou o fim da operação de espionagem de Tcherkasov, expondo não (15:46) apenas suas intenções, mas também destacando a eficácia da cooperação internacional e (15:51) do compartilhamento de inteligência entre os Estados Unidos e seus aliados. (15:55) Tcherkasov foi forçado a retornar ao Brasil, onde, ao desembarcar, foi detido pelas autoridades (16:00) locais. (16:01) Ainda no caminho do Brasil, Tcherkasov não perdeu a oportunidade de se comunicar com (16:05) sua ex-namorada na Rússia, pedindo ajuda para entrar em contato com seus superiores (16:10) no GRU.

(16:10) Logo depois de ser preso no Brasil, Tcherkasov agarrou-se na sua identidade de Vitor Miller (16:17) e negou veementemente as acusações das autoridades holandesas, dizendo que o que aconteceu era (16:24) um erro de identificação. (16:26) Dois meses depois de tudo isso, as autoridades holandesas decidiram tornar o caso público, (16:32) emitindo um comunicado de imprensa detalhando a tentativa falha de Tcherkasov de entrar (16:37) no país, juntamente com a estranha biografia que ele havia criado para si mesmo. (16:42) Essa ação tinha como objetivo não apenas expor as atividades de espionagem russas, (16:46) mas também sensibilizar os governos aliados sobre o perigo representado pelos espiões (16:51) ilegais operando sob identidades falsas, surpreendendo um total de zero pessoas.

(16:56) A Rússia negou qualquer envolvimento dele em atividades de espionagem, demandando sua (17:01) extradição do Brasil sobre alegações que autoridades americanas consideram ser mais (17:06) uma mentira. (17:07) Segundo os russos, Tcherkasov não seria nem um estudante, nem um espião que se apresentava, (17:13) mas um fugitivo envolvido no tráfico de heroína buscando escapar das garras da justiça russa. (17:19) A história chocou a comunidade acadêmica de John Hopkins.

(17:23) Lembram do professor que eu citei, o Eugene Finkel, que foi professor do Tcherkasov? (17:28) Então, ele era ucraniano e ele escreveu uma carta de recomendação para o espião russo (17:35) conseguir um emprego no Tribunal Penal Internacional. (17:39) E quando ele descobriu toda a história, óbvio que ele ficou devastado. (17:42) Primeiro porque ele era ucraniano e ele já era um crítico e, assim, temia as ações (17:48) da Rússia e ele acabou ajudando um espião russo a conseguir um emprego numa instituição (17:55) que estava ali, inclusive, defendendo a Ucrânia e tentando condenar a Rússia pelas suas atrocidades (18:02) contra os ucranianos.

(18:04) Voltando para o Brasil, o Tcherkasov estava confiante de que a sentença de 15 anos não (18:11) seria mantida. (18:12) De jeito nenhum eu vou ficar aqui, disse ele em uma mensagem no dia 7 de junho para a mulher (18:17) russa com quem ele tinha pedido permissão aos seus chefes do grupo para se casar. (18:22) Em uma mensagem enviada no final de agosto, ele garantiu à mesma mulher que seu caso (18:26) seria finalizado em questão de semanas e que até o ano novo os dois estariam passeando (18:31) pelo Palácio de Inverno em San Petersburgo.
(18:35) Tudo vai ficar bem, disse ele, assinando como prisioneiro de guerra. (18:39) Dois anos depois, nos dias de hoje, o Tcherkasov continua preso no Brasil e sem um destino (18:47) claro do que vai acontecer com o seu futuro. (18:50) O STF concedeu extraditá-lo para a Rússia pela acusação de passaporte e documentos (18:58) falsos, uma pena de 15 anos, lembra? (19:02) Mas o STF disse que ele não pode ser extraditado enquanto a Polícia Federal não concluir (19:08) a outra investigação sobre espionagem.

(19:12) Então, seu caso está parado e indefinido. (19:16) Toda essa história revela uma grande preocupação e constrangimento para as autoridades brasileiras. (19:25) Obviamente, se espiões russos podem chegar aqui no Brasil, adquirir tantos documentos, (19:31) usar o país como base de operação e tantas fraudes com facilidades enormes podem ser (19:40) cometidas, mostra a fragilidade do nosso sistema, mostra como o Brasil é um país que convida (19:48) esse tipo de ação.

(19:51) As autoridades brasileiras têm dito que elas estão revisando procedimentos e mecanismos (19:58) para dificultar ou para corrigir essas possíveis fraudes. (20:04) Mas essa história toda do Vítor ou do Serguei, ela é só uma de muitas histórias de espiões (20:12) russos que se passam por brasileiros. (20:16) Para vocês terem uma ideia, tem uma outra história em 2021 de um espião russo que (20:21) foi preso na Noruega e ele usava uma identidade falsa de um brasileiro que nasceu na década (20:28) de 80 numa cidade chamada Padre Bernardo, no interior de Goiás.

(20:34) E as autoridades até hoje não descobriram onde está essa verdadeira pessoa, o dono da identidade (20:40) que o espião russo se apossou e usava como se fosse a dele. (20:45) Um terceiro incidente também em 2021, no final de 2021, um empresário carioca saiu (20:53) de viagem para fora do Brasil e desapareceu. (20:57) E aí os seus amigos aqui no Brasil ficaram desesperados, preocupados e começaram uma (21:03) campanha nas redes sociais para encontrar ele.

(21:08) E aí depois de um tempo autoridades na Grécia vieram a público e disseram que o carioca (21:17) não era carioca e na verdade ele era um espião russo que tinha ido para a Grécia (21:23) para se encontrar com a sua namorada, esposa, que era uma espiã russa na Grécia e que (21:29) os dois tinham ido embora, passado por ali e fugido para a Rússia. (21:33) As autoridades nunca mais falaram sobre o assunto e as brasileiras também não comentam (21:38) o caso. (21:39) Esses incidentes desencadearam uma grande investigação aqui no Brasil para descobrir (21:44) se realmente nosso país virou uma incubadora de espiões russos para tentar penetrar dentro (21:52) do Ocidente.


(21:53) Isso coloca o Brasil numa situação bem difícil, delicada e preocupante, porque as investigações (22:03) das autoridades brasileiras falam pouco sobre o assunto, mas elas acreditam que muitos outros (22:10) espiões russos estejam alocados, estejam aqui no Brasil se preparando para operações (22:17) mundo afora. (22:18) Quanto mais a Rússia se torna isolada, mais vai ser difícil para espiões russos com (22:25) um passaporte ou uma identidade russa penetrarem em países ocidentais. (22:30) Então ter um passaporte, uma identidade, uma história vindo de um país já do Ocidente (22:37) faz o Brasil ser muito atrativo.

(22:39) E esses exemplos todos que eu mostrei para vocês colocam o Brasil nessa situação complicada. (22:46) Nós precisamos estar atentos com o que está acontecendo, com essa facilidade desses espiões (22:53) virem para cá. (22:54) Por isso que o Brasil precisa entender desse problema.

(22:57) As autoridades, a sociedade precisam prestar atenção e nós precisamos ter mecanismos (23:02) de fiscalização, resiliência, combater essas fraudes, essa facilidade de você conseguir (23:10) passaporte, identidade, imigrantes vindo de outro lugar, conseguem burlar o nosso sistema (23:18) com documentos falsos. (23:21) Enfim, o Brasil precisa estar atento porque ele está se tornando um santuário para receber (23:28) espiões da Rússia e talvez de outras ditaduras que vão usar o nosso país como base para (23:35) penetrar no resto do mundo.

Porfessor HOC

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