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quinta-feira, 18 de julho de 2024

Diálogo entre Thorstein Veblen e Jorge Boaventura

Veblen: Jorge, sua teoria da homeostase civilizacional é intrigante. Vejo paralelos com a minha teoria da classe ociosa, especialmente na crítica à busca desenfreada por bens materiais e status.

Boaventura: Veblen, sua análise da classe ociosa e do consumo conspícuo foi pioneira e ainda é relevante hoje. Concordo que a busca por status e bens materiais é um fator importante na crise da civilização que estamos enfrentando.

Veblen: Em minha época, a classe ociosa era a principal responsável por esse consumo conspícuo. Mas vejo que hoje essa busca se estendeu a outras camadas da sociedade, impulsionada pela mídia e pela cultura de massa.

Boaventura: Exatamente! A sociedade de consumo se tornou onipresente, criando um ciclo vicioso de produção, consumo e descarte que está levando ao esgotamento dos recursos naturais e à degradação do meio ambiente.

Veblen: E a desigualdade social, que sempre foi um problema, parece ter se agravado ainda mais. A classe trabalhadora continua sendo explorada, enquanto uma pequena elite acumula cada vez mais riqueza e poder.

Boaventura: A desigualdade é um dos principais fatores que desestabilizam a nossa civilização. Ela gera conflitos, violência e instabilidade social, contribuindo para a ruptura do equilíbrio que chamo de homeostase civilizacional.

Veblen: Em minha obra, foquei na crítica ao capitalismo e à classe ociosa, mas vejo que sua análise vai além, incorporando elementos culturais e tecnológicos.

Boaventura: Acredito que a crise da civilização é multifacetada e exige uma abordagem holística. A tecnologia, por exemplo, avança em um ritmo vertiginoso, mas não estamos preparados para lidar com suas consequências sociais e éticas.

Veblen: A tecnologia pode ser uma ferramenta poderosa, mas também pode ser usada para fins nefastos, como a guerra e a exploração. É preciso ter cuidado para que ela não se torne um fim em si mesma, em vez de servir ao bem-estar da humanidade.

Boaventura: Concordo plenamente. A civilização precisa encontrar um novo equilíbrio, um novo "formato civilizacional", como eu o chamo, que seja mais justo, sustentável e humano.

Veblen: A mudança é necessária, mas não será fácil. A classe dominante não abrirá mão de seus privilégios sem lutar.

Boaventura: A crise que estamos enfrentando pode ser uma oportunidade para repensarmos nossos valores e construirmos uma sociedade mais justa e equilibrada. Mas para isso, precisamos de uma mudança de mentalidade, um despertar da consciência coletiva.

Veblen: A esperança é a última que morre, Jorge. Quem sabe, a partir dessa crise, possamos construir um futuro melhor para a humanidade.

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