A análise cruzada entre os textos de Thorstein Veblen ("A Teoria da Classe Ociosa") e Jorge Boaventura ("Homeostase Civilizacional") revela pontos de convergência e divergência em suas abordagens sobre a dinâmica social e a crise da civilização ocidental.
Convergências:
- Crítica à Sociedade de Consumo: Ambos os autores criticam a sociedade de consumo e a busca incessante por bens materiais como motor da vida social. Veblen, em sua teoria da classe ociosa, argumenta que o consumo conspícuo e a ostentação são formas de demonstrar status e poder na sociedade capitalista. Boaventura, por sua vez, vê a busca desenfreada por bens materiais como um dos fatores que contribuem para a instabilidade e a degradação da civilização atual.
- Desigualdade Social: Veblen e Boaventura reconhecem a desigualdade social como um problema intrínseco à sociedade. Veblen foca na divisão entre a classe ociosa, que vive do trabalho dos outros, e a classe trabalhadora. Boaventura, embora não utilize a mesma terminologia, também aponta para a desigualdade e a falta de coesão social como fatores que contribuem para a crise da civilização.
- Crise da Civilização: Ambos os autores identificam uma crise na civilização ocidental. Para Veblen, a crise reside na natureza predatória do capitalismo e na busca incessante por lucro, que leva à exploração e à desigualdade. Boaventura, por sua vez, vê a crise como resultado de um desequilíbrio entre o rápido desenvolvimento tecnológico e a falta de desenvolvimento moral e cultural.
Divergências:
- Foco de Análise: Veblen concentra sua análise na crítica ao capitalismo e à classe ociosa, enquanto Boaventura adota uma perspectiva mais ampla, abrangendo a dinâmica social, a cultura e a tecnologia.
- Conceitos: Veblen desenvolve conceitos como "consumo conspícuo" e "ocio conspícuo" para explicar a dinâmica da classe ociosa. Boaventura introduz o conceito de "homeostase civilizacional", aplicando um conceito biológico à análise da sociedade.
- Propostas: Veblen não oferece soluções claras para a crise que ele identifica, enquanto Boaventura sugere que a crise pode ser uma oportunidade para o surgimento de uma nova ordem social, embora não detalhe como isso ocorreria.
Em suma, Veblen e Boaventura oferecem perspectivas complementares sobre a crise da civilização ocidental. Enquanto Veblen foca na crítica ao capitalismo e à classe ociosa, Boaventura adota uma visão mais ampla, incorporando elementos culturais e tecnológicos em sua análise. Ambos concordam que a sociedade atual enfrenta desafios significativos e que a busca desenfreada por bens materiais e a desigualdade social são fatores importantes nessa crise. No entanto, eles divergem em seus focos de análise e nas soluções propostas.
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