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domingo, 13 de janeiro de 2019

Do messianismo político como forma de distanásia política - notas sobre a metástase do Partido Brasileiro


1.1) Em tempos de crise, onde as coisas tendem a perder o sentido com aquilo que decorre da conformidade com o Todo que vem de Deus, as pessoas tendem a depositar as esperanças em alguém que encarne as virtudes que são a razão de ser da pátria.

1.2) Como Deus não é mais a medida de todas as coisas, elas estão dispostas a acreditar em qualquer coisa, a tal ponto que vai chegar alguém que encarne o super-homem descrito em Nietzsche, rico no amor de si até o desprezo de Deus e que tome o Estado como se fosse religião, em que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele, uma vez que esse pretenso iluminado dirá que o Estado é ele, como disse Luís XIV, o rei da França.

1.3) Max Weber achava que esse messianismo político seria algo muito bom, pois isso promoveria o desencantamento do mundo, mas isso vai contra o que Aristóteles disse: esse super-homem, rico no amor de si até o desprezo de Deus, sempre mentirá em nome da verdade, a ponto de ser o pior dos homens, submetendo a tudo e a todos ao seu arbítrio, ao seu domínio.

1.4) Eis as razões de ser do Estado totalitário - Hitler, Mussolini e Stalin sempre encarnaram esses homens fortes, o que leva ao messianismo político, a ponto de muitos buscarem em vão as antigas glórias do passado, numa época em que esses povos eram pagãos e não estavam sujeitos à proteção e autoridade de Cristo por meio de sua esposa, a Santa Madre Igreja Católica.

2.1) O Brasil que decorre da amputação havida em 1822 está passando por uma crise semelhante, uma vez que a razão de ser desse estado de coisas, fundado numa falsa fé revolucionária, entrou em metástase.

2.2.1) Por essa razão, a constante recorrência ao messianismo político pode ser vista como uma forma de distanásia política, a ponto de manterem artificialmente viva toda uma ordem que já produziu todos os frutos que poderia produzir, uma vez que o Partido Brasileiro, fundado na mentirosa alegação de que o Brasil foi colônia de Portugal, está perdendo sua razão de ser, dado que não há mais espaço para se fazer política com base em mentiras ou em tradições inventadas, feitas à revelia da documentação portuguesa.

2.2.2) A maior prova disso é que as três últimas eleições presidenciais foram pautadas nesse fenômeno - o que confirma a tesoura entre a facção vermelha e verde-amarela do partido brasileiro, dado que ambas tomam o país como se fosse religião.

2.3.1) Como diz professor Loryel Rocha, o Brasil fundado em Ourique - na missão de servir a Cristo em terras distantes a ponto de ser tomado como um lar n'Ele, por Ele e para Ele - precisa ter sua verdadeira conexão de sentido restaurada, o que justifica a existência de um Partido Português, pois este caráter nacional não pode ser desprezado.

2.3.2) Para haver um Partido Português, é preciso que se produza reflexões históricas e culturais de tal modo que restaurem essa conexão de sentido, o que levará as pessoas à necessidade de serem amigas de Deus, a ponto servirem a Cristo em terras distantes, pois esta foi a razão pela qual o país foi fundado. Talvez a atual crise pela qual a Igreja passa atrase um pouco as coisas, mas este é um trabalho que certamente demandará gerações, posto que essas coisas se fundam na eternidade.

2.3.3) O pessimismo deveria ser a base de nossa postura daqui pra frente, já que acreditar em governos messiânicos fundados naquilo que se conserva conveniente e dissociado da verdade é uma esperança vazia, uma vez que o homem que usa a faixa presidencial é um animal que mente e ele se tornou a medida de todas as coisas. Enquanto preservarem esta amputação conveniente e dissociada da verdade, impropriamente chamada de "Independência do Brasil", mais necessária se torna a nossa resistência, pois esse pessimismo é justificável, porque se funda na verdade, naquilo que decorre da dor Cristo na Santa Cruz, de modo a termos o perdão de nossos pecados.

2.3.4) O purpurado presidencial da vez se chama Bolsonaro e o arranjo de pessoas que gravita em torno dele, o bolsonarismo, é rico em má consciência, a ponto de estar com o imaginário todo colonizado naquilo que é fora das reais tendências da nação. Eles estão em conformidade com aquilo decorre dos EUA, o que os lavará a reproduzirem as mesmas experiências históricas desastrosas que lá ocorreram.

2.3.5) Isso será altamente desastroso, pois a liberdade será servida com fins vazios a tal ponto que renovará por muitos anos a distanásia política que aqui ocorre.

2.3.6) Trata-se de um caminho que leva ao atraso, pois nega a razão de ser da pátria, bem como sua vocação historica, fundada em Ourique.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 13 de janeiro de 2019.

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