Pesquisar este blog

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Notas sobre o instituto da Casa de Contratación espanhola

1) Nas monarquias cristãs, por conta do princípio da concórdia entre as classes, a guilda de mercadores de uma cidade portuária importante para a economia de uma nação - no tocante a edificar um bem comum que nos aponte para a conformidade com o Todo que vem de Deus e fazer com a maior parte do povo tome o país como um lar em Cristo a ponto de se preparar para a pátria definitiva, que se dá no Céu - fazia uma parceria com o vassalo de Cristo, a ponto de promover o bem comum também no Novo Mundo, a ponto de a Nova Espanha ser um espelho de além-mar das Espanhas. E assim nasceu a Casa de Contratación, fazendo com que a busca da Espanha por si mesma se tornasse uma espécie de serviço ao Reinado Social de Cristo, tal como se deu em Ourique.

2) Essas guildas ajudavam na interiorização do povoamento, a ponto de a cidade mais central servir tanto de mercado como de porto seco, de modo a atender a demanda que ocorre no além-mar - com a expansão do povoamento do continente, novos produtos eram integrados à rede comercial, a partir do momento em que os índios eram postos sob proteção e autoridade da coroa, como se fossem súditos do Rei da Espanha. Por meio de informações privilegiadas, os membros da guilda atendiam as demandas de todas as classes da população, desde a produção de gêneros de primeira necessidade a gêneros destinados a produção da indústria do luxo, de modo a atender a classe dirigente.

3.1) Essas guildas iam estabelecendo parcerias com os mercados no Velho Mundo de modo que seus interesses fossem protegidos perante as cortes.

3.2) O Rei ouvia seus protegidos no além-mar, dando-lhes razão, sempre que eram vítimas de alguma arbitrariedade, uma vez que todos os povos postos sob sua proteção e autoridade eram tomados como parte da família do soberano, que era vassalo do Rei dos reis, o verdadeiro Deus e verdadeiro Homem: Nosso Senhor Jesus Cristo.

3.3) Durante o período de União das Coroas Ibéricas, entre 1580 a 1640, nós estivemos sob o regime da Casa de Contratación. E isso foi mantido a partir da criação de um Conselho Ultramarino, durante o Reinado de D. João IV, pois essa estrutura era interessante no tocante a promover a missão de servir a Cristo em terras distantes.

4.1) Sempre que havia excedente de produção, a ponto de ser impraticável colocá-lo no barco, esses produtos eram convertidos em títulos de commodities que eram vendidos no além-mar. Esses títulos de commodities, que tinham por lastro matérias-primas como pau-brasil ou mesmo peles, podiam ser resgatados no armazém de modo a serem processados nas indústrias que se encontravam no Velho Mundo.
4.2) Esse material era transformado em bem de consumo de modo a atender a demanda das classes mais altas. Tudo isso era trazido para o mercado no Velho Mundo e vendido de maneira reservada a esses nobres em seus palácios, a ponto de atender a demanda local, a mercados internacionais, a ponto de gerar ainda mais receita.

4.3) Com isso, um sistema de protecionismo educador era desenvolvido de modo a favorecer um maior desenvolvimento da economia local no além-mar. Quem comprava títulos de commodities investia em uma fábrica de modo a desenvolver a atividade econômica organizada da região, favorecendo a integração das cidades do além-mar e formar novas províncias, novas regiões administrativas.

4.4) Como todos eram tomados como parte da família, então o investimento levava a um desenvolvimento fundado na liberdade pautada na verdade, pois quem se santifica através do trabalho é patrocinado a ponto de servir em Cristo em terras ainda mais distantes.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 6 de dezembro de 2018 (data da postagem original).

Nenhum comentário:

Postar um comentário