Pesquisar este blog

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Notas sobre alguns aspectos da economia e da ética de trabalho renascentista, dentro do contexto de Ourique

1.1) Na época renascentista, as pessoas eram de certo modo polímatas, a ponto de serem paus para toda obra. Elas aprendiam um pouco de tudo, desde preparação de alimentos a exploração de estradas.

1.2) Quando um caminho de vida era escolhido, isso levava à renúncia dos demais; isso não quer dizer, todavia, que em algum ponto da vida a pessoa não pudesse retomar alguma das habilidades eventualmente renunciadas, de modo a se aprimorar e a servir a Cristo da melhor forma possível, advinda alguma circunstância favorável, para a qual se preparou previamente. Assim, era possível, por exemplo, haver um artesão com know-how em pastoreio, a ponto de ser capaz de organizar um pasto no quintal e criar ovelhas de modo a obter a lã tão necessária ao seu principal ofício: a tecelagem.

1.3.1) O fato de uma mesma pessoa possuir largos conhecimentos em várias áreas do saber é interessante, uma vez que a família desse polímata herdará todo esse cabedal a ponto estabelecer uma atividade econômica organizada.

1.3.2) Esse know-how será passado às demais gerações como uma tradição de família, a ponto de eles todos terem uma noção holística de toda a cadeia produtiva, no tocante a servir a quem ama e rejeita as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, dentro de todas as circunstâncias conhecidas. E é se tendo uma noção holística da cadeia produtiva que essas gerações poderão ajustar as suas respectivas vocações de modo a melhor servirem a seus clientes e assim serem remunerados por isso, uma vez que os negócios foram recebidos por força de herança. Afinal, verdade conhecida é verdade obedecida.

2.1) Os que vieram para o Novo Mundo são frutos dessa época: são polímatas e paus para toda e qualquer obra, dedicados a santificar tudo o que fazem, a ponto de fazerem da excelência um hábito.

2.2.1) Eles vieram para o Novo Mundo por escolha própria, de modo a contribuir para essas novas comunidades políticas que estavam sendo formadas por conta da missão de servir a Cristo em terras distantes, a ponto de elas todas serem tomadas como um lar em Cristo enquanto bem servirem a Ele nesse fundamento.

2.2.2) Esses colonos desenvolviam suas habilidades tendo por base a experiência acumulada em cada uma das diferentes funções que desempenhavam ao longo da vida de modo a terem o pão de cada dia até o momento em que se tornavam mestres em seus próprios ofícios, uma vez que inventaram suas próprias profissões de modo a servirem a Cristo em terras distantes - o que é obra de gênio, de quem imita sistematicamente o verdadeiro Deus e verdadeiro homem neste aspecto.

2.2.3) Quando adquiriam todo o conhecimento necessário e demonstravam na guilda que possuíam as habilidades necessárias, então eram promovidos a companheiros e passavam a ser recrutados a ponto de receber um salário justo em razão de seus conhecimentos e de suas habilidades, uma vez que usariam suas habilidades para servirem ao próximo, ao que ama e rejeita as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento. Eles podiam ser recrutados como empregados ou poderiam, com a ajuda suas respectivas esposas filhos, fazer de suas próprias casas lugares para se começar um novo negócio, a ponto de surgir uma verdadeira comunidade que faz da santificação através do trabalho a sua razão de ser para uma vida virtuosa.

2.2.4) Se esses colonos tivessem famílias grandes, então era perfeitamente natural começarem a atividade econômica organizada de casa mesmo, com o apoio de suas respectivas famílias. Além de ser Igreja doméstica, a família é o microcosmo da comunidade dos que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, a ponto de servirem a Cristo em terras distantes, coisa que pode ser feita através da santificação através do trabalho. Da associação de várias famílias comungando dos mesmos valores surge uma comunidade, um município, uma câmara republicana.

2.2.5) À medida em que iam trabalhando e ganhando experiência, eles trocavam à servidão pela liberdade e passavam a ser considerados cidadãos livres, a ponto de contribuírem, com o trabalho, para que as novas terras no além-mar se tornassem um espelho da Europa Cristã, a ponto de surgir uma Nova Espanha ou mesmo um Novo Portugal, tal como aconteceu com o Brasil, que saiu da qualidade de província para ser elevada à categoria de reino, quando surgiu o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. 
 
2.2.6) Enquanto as famílias trabalhassem juntas, elas como um todo subiam na hierarquia nobiliárquica, a ponto de serem tomadas como figuras importantes para a história e o desenvolvimento da cidade que ajudavam a fundar, a ponto de essa cidade receber uma carta de franquia do rei e adquirir mais prerrogativas por conta de ter servido a todo o império fundado na missão de servir a Cristo em terras distantes no melhor que podia fazer, dentro de suas circunstâncias.

2.2.7) Por conta desse reconhecimento, os membros dessa comunidade adquiriam o direito de tomar a cidade onde viviam como um lar em Cristo, por força de terem provado a seu Rei e a Cristo, por meio do trabalho, que são dignas, a ponto de criarem relações de confiança entre essa comunidade e as demais cidades, gerando uma integração entre elas através da oferta e demanda por serviços, fundada numa economia de favores.
 
3.1) A santificação através do trabalho, dentro do contexto de se servir a Cristo em terras distantes, era tão eficaz que recuperava até mesmo os degredados, a ponto de se tornarem exploradores, soldados e trabalhadores úteis em toda sorte de profissões, a ponto de trocarem a servidão pela liberdade, por meio da excelência na prestação do serviço. Uma vez que eles se tornavam livres, eles saíam da qualidade de cidadãos comuns e passavam a ser cidadãos com pleno direito de votar e serem votados nas câmaras republicanas.

3.2.1) Se estas pessoas servissem com distinção na condução dos destinos da cidade, então elas podiam ser elevadas a barões, a viscondes, a condes e a marqueses, a ponto de serem tomados como príncipes, primeiros cidadãos da terra em que aprenderam a tomar como um lar em Cristo.

3.2.2) Dentre esses príncipes, um deles terminará escolhido para ser o soberano, a ponto de suceder a D. Afonso Henriques na qualidade de vassalo de Cristo, se não houver mais descendentes desse santo rei, de modo a continuar missão de servir a Cristo dentro daquilo que decorre de Ourique.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 19 de dezembro de 2018 (data da postaem original).

Nenhum comentário:

Postar um comentário