1.1) No mundo onde o homem é a medida de todas as coisas, a maioria preferirá bens presentes a bens futuros, por conta de estarmos num mundo materialista, onde a liberdade é servida com fins vazios.
1.2) Isso leva ao consumismo, o que faz da fisiologia fundada no amor de si até o desprezo de Deus a ordem de todas as coisas, como se da gula e da intemperança decorressem algo de bom.
1.3) As coisas que têm um bom valor intrínseco tenderão a ser depreciadas, uma vez esse impulso fundado no amor de si até o desprezo de Deus estar satisfeito. Se não houver gente que dê destinação ao que sobra, então todas as coisas tendem a ir para o lixo, o que leva ao desperdício.
2.1) Na economia da salvação ocorre a inversão da lei de preferência temporal - os bens do futuro tendem a ter mais valor que os bens do presente, uma vez que o futuro pertence a Deus.
2.2) Uma pessoa prudente e sensata só consome aquilo de que seu organismo necessita e estoca alimento e outros bens de modo a atender necessidades futuras, próprias ou alheias. Isso leva as pessoas a conservarem o que é conveniente e sensato, a ponto de viverem a vida em conformidade com o Todo que vem de Deus.
3.1) Trazer para o presente bens futuros pode se dar por uma razão justa ou injusta.
3.2.1) Quando essa razão se dá em Deus e se funda na santificação através do trabalho, então trazer bens para o presente que estão no futuro tem uma razão justa, a ponto de haver ganho sobre a incerteza por conta disso.
3.2.2) Eis os juros, uma vez que servir aos nossos semelhantes com base na idéia de que devemos amar e rejeitar as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento tem caráter produtivo, pois edifica ordem pública virtuosa. Negociar com Deus para trazer um bem do futuro para o presente é sempre uma troca heterônoma, uma vez que a ajuda do Espírito Santo nada podemos fazer.
3.3.1) Quando essas coisas se fundam no amor de si até o desprezo de Deus, isso tende à usura, uma vez está havendo uma troca autística, uma vez que o homem foi elevado a Deus, fazendo as coisas segundo seu interesse egoístico, fazendo com que as coisas sejam servidas com fins vazios, causando conflito de interesses qualificado pela pretensão resistida.
3.3.2) Por isso que a preferência pelos bens do presente aos bens futuros tende a fazer com que os prestadores de serviço ofereçam o pior serviço possível, pois não estamos vendo o verdadeiro Deus e verdadeiro homem na figura do consumidor.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 3 de dezembro de 2018.
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