1) Se a verdadeira riqueza vem da terra, da qual nascem as plantas, e dos animais que a povoam, então essa riqueza é que serve de base para se organizar economicamente uma nação a ponto de ser tomada como um lar em Cristo, uma vez que os seres vivos se reproduzem, por serem orgânicos.
2) Se a vida é orgânica, se a sociedade que ama e rejeita as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento é orgânica, se a Criação é orgânica, então por que a produção de riquezas não pode ser orgânica? Por que somos obrigados a recorrer a um produto inorgânico como instrumento para se medir a riqueza de uma nação, que necessita de milhões de anos para se formar e que não se reproduz? Isso não faz sentido!
3.1) Se o ouro é um mineral e é inorgânico, então a adoção de um produto inorgânico como instrumento para se medir a quantidade de riqueza num mundo naturalmente orgânico tende a servir liberdade com fins vazios, criando uma verdadeira anarquia e uma tremenda iniqüidade, uma vez que não poderemos ver o verdadeiro Deus e verdadeiro Homem num bem que não conserva em si mesmo o princípio da organicidade, coisa que aponta para a conformidade com o Todo que vem de Deus.
3.2) Afinal, o ouro, bem como os outros metais, não se reproduz, a ponto de fazer com que a riqueza tenha um fim nela mesma, a ponto de ser servida com fins vazios e inúteis. Se a riqueza tem um fim nela mesma, então o ser humano - rico no amor de até o desprezo de Deus - buscará a salvação na riqueza, uma vez que o mundo foi dividido entre eleitos e condenados pela ação de algum demiurgo, a ponto de o sinal de predestinação estar nas mãos dos que concentram os poderes de usar, gozar e dispor dos bens da vida em poucas mãos, a ponto de todos os interesses da nação estarem nas mãos dessa gente e assim terem poder de vida e de morte sobre as pessoas que foram condenadas de antemão à pobreza, o que leva à danação eterna.
3.3.1) Não é à toa que a oligarquia, a forma pervertida de aristocracia, leva a um Estado totalitário e tirânico, onde tudo estará no Estado e nada poderá estar fora dele ou contra ele.
3.3.2) A malvadez da fortuna, tomada como sinal de salvação, faz com que a riqueza se torne uma espécie de panacéia para todas as doenças sociologicamente detectadas ou a detectar, a ponto de fazer da plutologia - a forma pervertida de Economia - uma espécie de medicina social, tal como é a legalística - a forma pervertida de Direito.
3.3.3) Quando se faz da riqueza sinal de salvação, a vontade da classe dos endinheirados acabará se tornando a lei do mais forte, já que eles conservam o que é conveniente e dissociado da verdade, a ponto de estarem à esquerda do Divino Pai Eterno, neste aspecto. Afinal, essa gente acha que o dinheiro pode curar toda e qualquer ferida ou mesmo comprar a consciência das pessoas. Quanta prepotência! E a prepotência leva à queda.
4.1) Enfim, essas são algumas críticas que podemos fazer quando usamos metais como lastro nas moedas.
4.2) Como metais não se reproduzem, então a cobrança que fazemos por determinados bens da vida tende a se dar por razões improdutivas e até de forma contrária ao Direito Natural.
4.3) Como a riqueza é sinal de salvação, nós veremos o exercício arbitrário das próprias razões na cobrança de uma dívida, como vemos na extorsão, diante da prática da usura. E isso acaba destruindo a própria sociedade, a ponto de destruir o princípio da integração entre as pessoas, o senso de responsabilidade entre as pessoas, o senso de família e o senso de tomar o país como um lar em Cristo, a ponto de nos preparar para a pátria definitiva, que se dá no Céu.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 25 de outubro de 2018.
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