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sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Livro não se empresta, mas se aluga

1.1) Certa ocasião, eu estava lendo uma crônica em que o personagem estava a dizer que "livro não se empresta" (sic). 

1.2) Isso me fez lembrar do meu tempo de faculdade: muito livro bom foi surrupiado justamente porque muitos não apareciam na biblioteca para renovar o prazo do empréstimo. Era como meu amigo Rodrigo Arantes dizia: bem público era coisa de ninguém - por isso, qualquer um, rico no amor de si até o desprezo de Deus, podia se tornar dono do livro emprestado que nada lhe acontecia.

2) Durante meus anos de preparação para concurso público, meu professor de Direito Civil usou um exemplo similar ao caso da biblioteca: havia um casal de noivos, onde o noivo, certa ocasião, pediu emprestado um filme em DVD da noiva. O noivado foi desmanchado e o DVD não foi devolvido. Qual foi a solução? A ex-noiva arbitrou aluguel para o ex-noivo, de modo a forçar a devolução do DVD.

3.1) Se livro não se empresta, então isso é verdade conhecida, coisa que deve ser obedecida, uma vez que as pessoas nesta terra são muito egoístas - e a melhor solução, no meu entender, é montar uma locadora de livros de modo a forçar as pessoas a devolverem os livros ou a comprarem o bem, gerando uma espécie de indenização, uma espécie de ganho sobre a incerteza.

3.2) Digamos que alguém me queira um livro emprestado por 30 dias. Contanto que cuide bem do livro e que não faça grifos nem anotações, eu empresto o livro a ela, a essa pessoa. Cobrarei 30 reais pelo empréstimo, pois para montar o acervo que tenho eu tive de sacrificar boa parte de minha renda de modo a ter o que tenho. Se a pessoa tiver um pingo de consciência, então ela vai querer comprar o livro - e nesse ponto, podemos fazer um acordo.

4.1) Enfim, como a maioria dos nascidos nesta terra tende a tomar bem público como coisa de ninguém, então isso cria uma cultura de nicho. 

4.2) A biblioteca pode ser convertida numa locadora de livros, de modo a forçar a devolução do livro emprestado. E se pessoa quiser comprar o livro, ela compra.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 19 de outubro de 2018.

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