Pesquisar este blog

domingo, 14 de outubro de 2018

Notas sobre como resolver a crise contratual de nosso tempo

1) Durante meus anos de preparação para concurso público (entre agosto de 2008 a outubro de 2012), eu estava assistindo a um programa da TV Justiça intitulado Saber Direito. Numa das aulas sobre Direito do Consumidor, aprendi que nós vivemos tempos de crise contratual.

2) Além da concentração do poder econômico, coisa que leva à corrupção e a uma guerra assimétrica no tocante a se dizer o direito, há ainda uma questão muito forte em nosso tempo e que certamente traz problemas tanto econômicos quanto jurídicos: a questão de que toda pessoa tem sua verdade, a ponto de ser relativa. E se a verdade é relativa, então não há verdade nenhuma, uma vez que não há verdadeiro Deus e verdadeiro Homem que possa servir de medida de todas as coisas (o que edifica liberdade com fins vazios).

3.1) Esse combate à cultura de servir liberdade com fins vazios deve se dar em todos os cantos: na economia, no direito, na religião e em muitos outros aspectos que hora me esqueço de citar.

3.2.1) No caso da economia, se Cristo, o verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, for retomado como a medida de todas as coisas, então todas as coisas feitas por aqueles que amaram e rejeitaram as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento terão seu valor maior do que ouro e prata, uma vez que a sabedoria vale mais do que ouro e prata. E a sabedoria implica provar o sabor das coisas de modo a se conservar o que é conveniente e sensato, pois isso aponta para a conformidade com o Todo que vem de Deus.

3.2.2) Essa experiência de provar o valor das coisas até ficar com o que é conveniente e sensato afeta certamente o saber prático das coisas, a ponto de tudo o que é feito nesse fundamento ser feito para apontar para Deus, uma vez que o prestador de serviço está vendo nos seus consumidores a pessoa de Cristo. Se Cristo é ouvinte e leitor onisciente, pessoa essa a quem você não pode enganar, então Ele, enquanto consumidor, sempre tem razão - por isso Ele deve sem ser bem atendido.

3.3.1) Se Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, então Ele faz do trabalho uma tarefa santa, pois é a partir do trabalho santo que se tem o devido sustento.

3.3.2) Quando o verdadeiro Deus e verdadeiro Homem recebe dinheiro decorrente do suor de seu rosto, então Ele vai investir seu dinheiro de modo a patrocinar a iniciativa de pessoas que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Ele fundamento, já que Ele é a verdade em pessoa, uma vez que foi igual a nós em tudo, exceto no pecado. Afinal, Ele foi operário e colaborou com a atividade econômica de alguém que amou e rejeitou as mesmas coisas tendo por Ele fundamento, imitando o exemplo de São José.

3.3.3.1) Se o verdadeiro Deus e verdadeiro Homem foi empreendedor, então Ele tem autoridade emitir moeda cujo lastro está na qualidade de seu produto, coisa que aponta para Deus, já que Ele é a verdade em pessoa.

3.3.3.2) Essa moeda fiduciária - se dada como crédito para quem ama e rejeita as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, seja como garantia de uma dívida a ser paga no futuro ou mesmo como pagamento por um serviço fundamento - passa a ser mais valiosa como o ouro, uma vez que só o verdadeiro Deus e verdadeiro Homem passa a emiti-la.

3.3.3.3) Como a carne e o sangue de Cristo precisam ser comidos de modo que Ele permaneça em mim e eu n'Ele, então a melhor forma de fazer com que a moeda fiduciária tenha valor é imitar a Cristo sem medida, a ponto de ser tomado como um santo e ser conhecido na sociedade por conta disso. É consagrando o meu trabalho a Cristo que meu trabalho passa a servir de moeda para se obter outros trabalhos.

3.3.3.4) É a partir do trabalho de pessoas que se santificaram através do trabalho que temos moedas fortes - do encontro desses santos no mercado que vemos esses produtos serem trocados pelos outros.

3.3.3,5) Desse encontro, nós podemos fazer uma media de preços onde os produtos que exigem um tempo muito curto para serem produzidos podem ser trocados por produtos que exigem um tempo razoável para serem produzidos, assim como podemos fazer uma média de preços onde os produtos que exigem um tempo razoável para serem produzidos podem ser trocados por produtos que exigem um tempo muito longo para serem produzidos, coisa que demanda uma ou duas gerações.

3.4.1) Se o problema do lastro está no fato de que qualquer coisa pode servir como lastro, então estou tomando o homem como a medida de todas as coisas.

3.4.2) Se o homem é pecador e conserva o que é conveniente e dissociado da verdade, então o trabalho dele não terá valor algum, uma vez que ele se mede pelo vil metal, que não se reproduz; se o verdadeiro Deus e verdadeiro homem for a medida de todas as coisas, então o trabalho desses poucos que foram amigos de Deus sem medida é que será o verdadeiro valor de todas as coisas. Como a santidade pode ser passada pelo exemplo, então isso se reproduz.

3.4.3) Creio que este pode ser o verdadeiro fundamento para se fazer uma economia voltada para a vida eterna, coisa que foi excluída da economia, da organização das coisas de modo a se tomar o país como um lar em Cristo a ponto de nos preparar para a pátria definitiva, que se dá no Céu.

4.1) Uma vez solucionado esse problema capital, então o problema da crise contratual pode ser solucionado.

4.2) Se estamos diante de pessoas que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, então o acordo firmado essas pessoas não só beneficia a eles próprios como também promove o bem comum, a ponto de ser uma verdadeira parceria, onde o consumidor patrocina o trabalho do empreendedor de modo a fazer um trabalho digno, pagando o trabalho dele com o fruto de seu trabalho, que pode ser usado como moeda.

4.3) Como o empreendedor é também consumidor, ele patrocina o trabalho de outro empreendedor com o que recebeu de seu consumidor, gerando uma integração entre as pessoas.

4.4.1) Se a moeda é fiduciária, então as relações econômicas tendem a ser personalista.

4.4.2) Como o verdadeiro Deus e verdadeiro homem não pode ser representado por outro que não seja amigo d'Ele sem medida, então isso gera uma responsabilidade muito grande, de modo a cumprir com máxima excelência todas as obrigações assumidas. E é por conta de as pessoas serem responsáveis que se gera uma cultura de confiança, onde a amizade com Deus sem medida se torna a base da sociedade política, norteando toda a economia e a justiça nesse aspecto.

5) Enfim, estes são alguns aspectos que podem sanar a crise contratual de nosso tempo.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 14 de outubro de 2018.

Nenhum comentário:

Postar um comentário