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sábado, 14 de abril de 2018

Zubiri sobre a ambigüidade e a dúvida como modo de atualização da realidade e intenção afirmativa, respectivamente

"Na sustentação de traços múltiplos de uma multiplicidade delimitada e definida, a coisa é em realidade ambígua. O delimitado e definido da multiplicidade concerne aos traços; a ambiguidade concerne a sua sustentação, a sua atualização, é um modo intrínseco de atualização. Junto ao modo de atualização de indeterminação e de indício, temos agora um terceiro modo de atualização: a ambiguidade. É a coisa real mesma a que em realidade se atualiza ambiguamente a respeito das simples apreensões.

Pois bem, a atualização da coisa real como ambígua se concretiza em um modo próprio de realização de intenção afirmativa: é a dúvida. Dúvida é formalmente a afirmação do real ambíguo enquanto ambíguo. Dúvida é etimologicamente um modo de duplicidade. Mas aqui não se trata da dualidade da intelecção em distância, senão do caráter duplo da própria atualização do real. É esse modo especial de dualidade o que constitui a ambiguidade. Digamos de passagem, que ao falar de dúvida e de ambiguidade não é forçoso que haja somente dois termos (cachorro, arbusto); poderia haver uma multiplicidade mais ampla, mais me limito para maior clareza à multiplicidade dual da ambiguidade. E isto é o essencial. A dúvida não se funda em uma disjunção: não se funda em que a coisa real é em realidade ou bem cachorro ou bem arbusto. A dúvida se funda pelo contrário em uma conjunção: a coisa pode ser tanto cachorro como arbusto, isto é, se funda em ambiguidade. E como modo de afirmação, a dúvida não é uma espécie de oscilação ou vacilação entre duas afirmações. É pelo contrário um modo de afirmar o que a coisa real é ambiguamente em realidade. Vacilamos porque há afirmação duvidosa, mas não há afirmação duvidosa porque vacilamos. A dúvida é um modo de afirmação, não é um conflito entre duas afirmações. Afirmamos dubitativamente a ambiguidade do que a coisa real é em realidade. Não é um estar indeciso, senão saber que a coisa é em realidade ambígua. Já se sobreentende que a coisa é realmente ambígua a respeito de minhas simples apreensões. Nada é ambíguo em si mesmo".

(ZUBIRI, Xavier. Inteligencia y Logos. 1a reimpressão. Madrid: Alianza, 2002, pp. 192-193)

Do mural de Joathas Bello 

Link para a postagem original (que reproduzo neste blog):

https://web.facebook.com/photo.php?fbid=327420791116173&set=a.196017547589832.1073741829.100015447638450&type=3

Por que nas coisas duvidosas deve haver liberdade? - comentários sobre uma fala de Santo Agostinho

1) Santo Agostinho falava que nas coisas duvidosas é preciso haver liberdade.

2) Para quem não conhece a verdade, é prudente conservar o que é conveniente e sensato. Durante o processo de escolha do que se deve ou não deve ser conservado, há circunstâncias nebulosas onde talvez a escolha correta não seja óbvia. E a melhor forma de se conhecer será na forma de tentativa erro.

3.1) Há dois caminhos nunca antes tentados e os dois caminhos parecem retos, seguros, fundados na conformidade com o Todo que vem de Deus - se sou eu mesmo e minhas circunstâncias, então é mais sensato que Deus me guie de modo que eu faça o melhor caminho possível, já que não posso deixar meu amor de si falar a ponto de desprezar Deus, pois Ele é minha bússola.

3.2) Por tê-lo como minha bússola e meu guia, vou navegando por mares nunca dantes navegados até descobrir um caminho que me leve a conservar aquilo se funda na dor de Cristo de maneira certa, pois Ele é meu rochedo e meu refúgio, já que n'Ele posso tomar o país como um lar, o que me prepara para a pátria definitiva, a qual se dá no Céu.

3.3.1) Se encontro a verdade, que está em meio a nós, então isso é ganho sobre a incerteza (lucro).

3.3.2) Como provei do sabor do caminho desconhecido, como tive a audácia de descobrir o que estava encoberto, então eu sei alguma coisa e mapeei tudo o que encontrei - e esse conhecimento provado e mapeado pode ser passado a um sucessor que ame e rejeite as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento. Eis a tradição; sacrifiquei caminhos alternativos e duvidosos por algo certo e seguro - e essa troca foi justa. E essa troca foi heterônoma; eu tomei Deus invisível como amigo e Ele me mostrou algo concreto, ao me guiar pela mão. Eis porque eu devo ver o que não pode ser visto.

4.1) A tradição necessita da verdade de modo a converter caminhos duvidosos, nunca tentados ou experimentados, em caminhos certos, pois o que é conhecido deve ser obedecido e observado - ao passo que o desconhecido deve ser tentado, se for sensato e provável. Durante o processo de conversão, nós temos liberdade, pois experimentamos de tudo e ficamos com o que é conveniente e sensato, a ponto de que isso nos aponte para a dor de Cristo, que restaurou a ordem decorrente da Criação.

4.2.1) Abraçar um caminho sabidamente errado nega a amizade do verbo que se deu carne e que fez santa habitação em nós, a ponto de ser em pessoa o caminho, a verdade e a vida. Afinal, ninguém vai ao Pai senão por Cristo, assim como ninguém vai ao Filho senão por sua Mãe, Maria Santíssima.

4.2.2) Conservar algo conveniente e dissociado da verdade leva ao ocultismo, a libertar uma sociedade inteira a libertar-se sistematicamente do corpo social que vive a vida em conformidade com o Todo que vem de Deus. Nada mais revolucionário do que isso, pois essa revolução dar-se-á tanto pela violência quanto pela fraude.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 14 de abril de 2018.

Comentários adicionais:

Clarissa de Oliveira Barbieri: Exatamente, pois nada é óbvio. Tens toda razão, amigo; o único momento em que não se pode usar tentativa e erro é quando uma vida humana está em risco. No mais, é um bom método.

sexta-feira, 13 de abril de 2018

Aforismo sobre Estado laico

Alguns falam que o Estado é laico. Mas, e tomar o país como se fosse religião, em que tudo é feito para o Estado e nada poder estar fora dele ou contra ele? Antes que falemos sobre Estado laico, precisamos conversar sobre nacionalismo primeiro.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 13 de abril de 2018.

Fim da linha para Zuckerberg

1) Quando Zuckerberg foi interrogado a respeito da censura que promove contra o movimento pró-vida, ele diz que o facebook se preocupa em ser um espaço onde todas as idéias são representadas.

2.1) Eis aí o que dá o relativismo moral! Onde se fala que matar um ser indefeso ainda no ventre da mãe é um direito, não há que se dar boas-vindas a isso, pois isso é tenebroso!O que esse homem falou é de um cinismo monstruoso!

2.2) Ou a rede social é livre para se promover a verdade, dado que custou o sangue de Cristo, ou a rede social busca servir uma ilusão de liberdade, ao se conservar o que é conveniente e dissociado da verdade. Não há terceira via!

3.1) Esse negócio de neutralidade da web é um absurdo - a rede social é campo para se semear vida reta, fé reta e consciência reta.

3.2) Sirvo a Cristo em terras distantes, ainda que eu não saia do meu quarto - ou seja, é essencialmente apostolado, fundado na mais pura liberdade de interior.

4) No meu entender, se esse cara não for tirado da presidência, será o fim dessa empresa, pois atenta contra tudo o que foi fundado na conformidade com o Todo que vem de Deus.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 13 de abril de 2018.

Se você votou no Collor só porque ele era bonitinho, então não me ouça por força deste mesmo fundamento, pois quem se guia pela aparência conserva o que é conveniente e dissociado da verdade

1) Ao me visitarem o perfil, algumas pessoas tentam me adicionar só porque sou bonitinho.

2) Só que não sou Collor. Não quero que me ouça por força disso - quero que me ouça por tudo aquilo que penso e acredito, já que sou católico e serei leal à verdade, àquilo que é conforme o Todo que vem de Deus.

3) Por conta daquilo que penso, eu sou como um gárgula de catedral; afasto os mal-intencionados e os nulos de mim, a ponto de me chamarem de "golpista", "nazista" ou "fascista" - o que não me significa nada, já que não sou nada disso. Se você me bloqueia, então você conserva o que é conveniente e dissociado da verdade. Tanto é verdade que você só enxerga feiura onde na verdade há beleza - e essa beleza só pode ser vista por quem vê o que não pode ser visto.

4.1) Eu sou a prova cabal de que o bonito nem sempre foi feito para ser visto, pois o que é belo mesmo Deus esconde com um véu de modo que só os mais nobres possam descobrir o que está encoberto, por força de servir a Cristo em terras distantes - eis aí a essência de tudo aquilo que penso e acredito.

4.2.1) Daqui a 30 anos eu me torno um velho carcomido pela idade e pelas doenças inerentes da idade avançada.

4.2.2) Não terei nenhum sex appeal, pois isso não é o que importa; o que tenho é fruto de trabalho e de reflexão - isso veio conservando a dor de Cristo, após gerações anteriores a mim conservarem o que é conveniente e sensato de modo que pudesse conhecer a santa verdade que aponta para Deus e para tudo aquilo que foi criado por Ele com amor e justiça.

4.2.3) Enfim, o que tenho veio d'Ele e isso não é mérito meu. O mínimo que fiz foi reconhecer a verdade - e isso já é o máximo, pois é o que basta.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 13 de abril de 2018 (data da postagem original).

quinta-feira, 12 de abril de 2018

O que me levou a escrever o que penso sobre política?

1) Certa ocasião, eu vi falar que o Pezão, o que atualmente governa o Rio, começou a sua carreira política batendo de porta em porta.

2.1) Num mundo onde todo mundo tem a verdade que quiser, alguns baterão a porta na sua cara. E isso não é fazer política, mas se sujeitar à vontade dos homens que conservam o que é conveniente e dissociado da verdade. Como as coisas estão em conformidade com o o todo que vem de suas paixões - que é um nada, uma coisa desordenada -, então você não passará de um agente subalterno a serviço das mais puras ideologias e fisiologias que destroem este país, tal como é o nosso atual governador.

3.1) Existe apenas um único lugar onde as portas são abertas a homens de boa vontade: a Santa Madre Igreja Católica. Como ela é mãe, sempre cabe mais um. E lá há uma legião de pessoas de todos os tipos - lá há santos e pecadores.

3.2.1) Consiga os favores dos que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento e aí você poderá ser feito de vassalo de Cristo para servi-Lo em seu município, imitando o exemplo de D. Afonso Henriques desde o comecinho.

3.2.2) Se o seu município for importante para o seu Estado, seja deputado estadual - e para isso, você deve ir a todos os cantos do estado, de paróquia em paróquia - jamais peça votos. mas diga que recebeu uma petição com várias assinaturas pedindo que você se candidate e lembre a eles do compromisso firmado - aí os votos vêm. Afinal, política é compromisso.

3.2.3) Se a população do estado te reconhecer como um bom servidor, ela te manda pra Brasília. Se você for um bom deputado federal, você é promovido a senador. Do senado, você pode ser chamado a governar o estado - e só os melhores nomes podem governar esta mesofederação, que é a província, o corpo intermediário entre o município e a União.

3.2.4.1) Nunca se candidate, se não houver uma petição pedindo que você se candidate - espere você ser legitimado para depois ser aclamado, ser eleito. O povo é o titular do poder constituinte - é ele quem decide se você pode ocupar o posto ou não. Espere ser chamado - e esteja pronto para servir.

3.2.4.2) Política é honra e um encargo dessa natureza não pode ser recusado, pois como político você é imitador do exemplo de D. Afonso Henriques - está servindo a Cristo em terras distantes, fazendo da província em que nasceu uma escola para se tomar o país como um lar em Cristo, o que certamente nos preparará para a pátria definitiva, que se dá no Céu.

3.2.4.3) Faça mortificações de modo que seu ego e sua ambição nunca passem por cima da vontade do povo, a ponto de manipulá-lo com campanhas marqueteiras. Política se faz no corpo a corpo, por meio de conversa, prestação de contas e boas obras - é diplomacia interna corporis de maneira permanente.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 12 de abril de 2018.

Se livro não se empresta, então melhor seria comprar um exemplar digitalizado de um livro contido na minha biblioteca, da mesma forma como estão fazendo com os cadernos nas escolas

1) Na época de Lima Barreto, costumava-se dizer que "livro não se empresta".

2) Considerando que muitos sequer agradecem à caridade prestada, a ponto de dizer que o nascido nesta terra é ingrato - o que leva à apatria, a desconectar a terra àquilo que se fundou em Ourique -, então eu só vou ser liberal com quem é leal para comigo; com os que nunca me ajudaram ou com os que nunca me emprestaram o ouvido, eu venderei caro tudo aquilo que sei ou que coleciono, de modo que me dêem o devido valor.

3.1) Se é verdade que devo dar de graça aquilo que de graça recebo, então devo dar de graça a quem internalizou dentro de si a idéia de amar e rejeitar as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, mas a quem conserva o que é conveniente e dissociado da verdade a solução é oferecer essa vantagem a quem está realmente buscando e cobrar um preço justo por isso, no regime de oferta e demanda, já que dar de graça algo a um conservantista é favorecer uma marca típica da apatria que há nesta terra: querer vantagem em tudo. Foi por causa disso que o Brasil se tornou anticristão, ao seceder de Portugal e daquilo que se fundou na missão de servir a Cristo em terras distantes.

3.2.1) Essa cultura do jeitinho é vilania e precisa ser combatida - e isso não se dá fazendo riqueza um sinal de salvação, mas internalizando Cristo de modo a amar e rejeitar as mesmas coisas tendo por Ele fundamento.

3.2.2) Se a pessoa vê nobreza nos meus atos, então a pessoa abrirá a carteira dando o que achar justo, pois reconhece que meu trabalho é digno, dando liberdade para fazer meu trabalho dentro dos limites da doação: eis o distributivismo.

3.2.3) Se digitalizo os livros que compro de modo a difundir o que sei a quem realmente está interessado, então premiar o esforço da digitalização seria algo justo.

3.2.4) Ao invés de a pessoa pegar um livro físico emprestado e não me devolver, ela adquire uma cópia de um livro que tenho na biblioteca e lê pelo tempo que quiser. Seria mais ou menos no formato daquele que me empresta o caderno para querer estudar por ele.

3.2.5.1) Se o livro estiver livre de direitos autorais, aí eu abro isso que faço para o público, já que em ambiente público você pode fazer comércio, assumindo todos os riscos inerentes da atividade - e aí a cultura de permissão, de licença para fazer isso, vale, pois você sai de uma ordem privada para a ordem pública.

3.2.5.2) Do contrário, prefiro fazer isso para os que me são mais próximos, já que o que se faz na vida privada não pode ser violado - como ofereço o que digitalizo para os mais próximos, então seria descabido um processo por violação de direitos autorais, por conta de invasão de privacidade, já que isso seria considerado bagatela, penalmente irrelevante.

3.2.5.3) Não pode haver cultura de permissão onde o ambiente é o da intimidade, pois a intimidade traz em si a liberdade, a liberdade interior - se houvesse essa permissão, órgãos como o ECAD seriam totalitários, instigando a violação sistemática das casas, toda vez que a pessoa resolvesse ouvir música no seu tempo de lazer ou ler um livro que ela mesma digitalizou de sua biblioteca.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 12 de abril de 2018.