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sábado, 14 de abril de 2018

Por que nas coisas duvidosas deve haver liberdade? - comentários sobre uma fala de Santo Agostinho

1) Santo Agostinho falava que nas coisas duvidosas é preciso haver liberdade.

2) Para quem não conhece a verdade, é prudente conservar o que é conveniente e sensato. Durante o processo de escolha do que se deve ou não deve ser conservado, há circunstâncias nebulosas onde talvez a escolha correta não seja óbvia. E a melhor forma de se conhecer será na forma de tentativa erro.

3.1) Há dois caminhos nunca antes tentados e os dois caminhos parecem retos, seguros, fundados na conformidade com o Todo que vem de Deus - se sou eu mesmo e minhas circunstâncias, então é mais sensato que Deus me guie de modo que eu faça o melhor caminho possível, já que não posso deixar meu amor de si falar a ponto de desprezar Deus, pois Ele é minha bússola.

3.2) Por tê-lo como minha bússola e meu guia, vou navegando por mares nunca dantes navegados até descobrir um caminho que me leve a conservar aquilo se funda na dor de Cristo de maneira certa, pois Ele é meu rochedo e meu refúgio, já que n'Ele posso tomar o país como um lar, o que me prepara para a pátria definitiva, a qual se dá no Céu.

3.3.1) Se encontro a verdade, que está em meio a nós, então isso é ganho sobre a incerteza (lucro).

3.3.2) Como provei do sabor do caminho desconhecido, como tive a audácia de descobrir o que estava encoberto, então eu sei alguma coisa e mapeei tudo o que encontrei - e esse conhecimento provado e mapeado pode ser passado a um sucessor que ame e rejeite as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento. Eis a tradição; sacrifiquei caminhos alternativos e duvidosos por algo certo e seguro - e essa troca foi justa. E essa troca foi heterônoma; eu tomei Deus invisível como amigo e Ele me mostrou algo concreto, ao me guiar pela mão. Eis porque eu devo ver o que não pode ser visto.

4.1) A tradição necessita da verdade de modo a converter caminhos duvidosos, nunca tentados ou experimentados, em caminhos certos, pois o que é conhecido deve ser obedecido e observado - ao passo que o desconhecido deve ser tentado, se for sensato e provável. Durante o processo de conversão, nós temos liberdade, pois experimentamos de tudo e ficamos com o que é conveniente e sensato, a ponto de que isso nos aponte para a dor de Cristo, que restaurou a ordem decorrente da Criação.

4.2.1) Abraçar um caminho sabidamente errado nega a amizade do verbo que se deu carne e que fez santa habitação em nós, a ponto de ser em pessoa o caminho, a verdade e a vida. Afinal, ninguém vai ao Pai senão por Cristo, assim como ninguém vai ao Filho senão por sua Mãe, Maria Santíssima.

4.2.2) Conservar algo conveniente e dissociado da verdade leva ao ocultismo, a libertar uma sociedade inteira a libertar-se sistematicamente do corpo social que vive a vida em conformidade com o Todo que vem de Deus. Nada mais revolucionário do que isso, pois essa revolução dar-se-á tanto pela violência quanto pela fraude.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 14 de abril de 2018.

Comentários adicionais:

Clarissa de Oliveira Barbieri: Exatamente, pois nada é óbvio. Tens toda razão, amigo; o único momento em que não se pode usar tentativa e erro é quando uma vida humana está em risco. No mais, é um bom método.

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