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sexta-feira, 20 de abril de 2018

Notas sobre a diferença entre revolucionário e revolucionista

André Tavares me fez esta pergunta

"Dett, fiz uma reflexão acerca da diferença revolucionário e revolucionista. A militância de baixo galardão é revolucionária, isto é, quer revolução; a caterva de elite é revolucionista, pois vive de promover revolução e ganhar poder no processo, sem se importar se tal coisa vai ou não acontecer. Isso procede?"

Eu respondo:

1) O Revolucionista promove também a renovação do ciclo da evolução. 

1.1) No sentido romano do termo, o revolucionista é quem promove a renovação de um ciclo (que pode ser uma coisa boa também, como o ciclo de uma colheita ou um ciclo econômico)

1.2) No sentido germânico do termo, é renovar o ciclo de caos e destruição conservando sistematicamente o que é conveniente e dissociado da verdade. E quanto mais renovar esse ciclo de caos e renovação, mais o conservantista estará à esquerda do Pai. Eis o darwinismo social, pois só o mais fortes, os mais capazes de promover revolução, vencem, já que a história é dita pelos vencedores, a ponto de dizerem que o forte deve destruir o fraco e não fundir-se a ele.

2) A relação do revolucionário com o revolucionista é que nem a relação de oferta e demanda. Se o povo - isto é o conjunto dos revolucionários que amam e rejeitam as mesmas coisas fundadas no que é conveniente e dissociado da verdade - quer revolução, então haverá uma classe dirigente que a promova - e como sempre, as coisas feitas no homem pelo homem e para o homem tendem a piorar.

3.1) Se democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo - revolucionário -, então esta é a maior tirania que pode haver, pois esse progresso será inevitável, inflexível. Será um eterno avançar sem transigir, sem negociar, pois isso se funda no conflito de interesses qualificado pela pretensão resistida. 

3.2) E não é à toa que o judiciário tende a ser o sumo pontífice dessa nova ordem onde o país será tomado como se fosse religião em que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele. É ele quem diz definitivamente quem tem ou não razão - e não é à toa que acabam legislando, passando por cima do poder legislativo.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 20 de abril de 2018.

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