Pesquisar este blog

terça-feira, 12 de setembro de 2017

O que faz uma obra de arte ser boa, objetivamente falando?

1) O que faz um bom quadro, uma boa fotografia e um bom filme é o seu caráter definitivo: tudo o que o artista quis mostrar está dentro daquela moldura. Nada mais. Tudo o que não era absolutamente essencial ficou de fora.

2) Pintor, fotógrafo e cineasta dirigem o nosso olhar, educam-nos a ver. No caso do cineasta, é como se ele nos dissesse: "vou contar-te uma história e tu vais vê-la exatamente do modo que eu quero que tu vejas".

Artur Silva (https://www.facebook.com/arturjorg/posts/10207229750438246)

Porto, 12 de setembro de 2016.

Sobre o belo na arte

1) Não entendo nada de arte. Não sou filósofo nem humanista: não passo o dia pensando nas grandes questões da humanidade. Como advogado, sou apenas uma espécie de tecnólogo: as pessoas me procuram com problemas reais e eu as ajudo a resolver. Pra mim um bom dia é aquele em que meu trabalho foi tão socialmente útil quanto o de um pintor ou de um padeiro.

2) Mesmo sem entender nada de arte, eu contemplo o Davi de Michelangelo, a Primavera de Botticelli ou ouço a 9ª Sinfonia de Beethoven e sei que aquilo é Belo. Não entendo nada de sfumato, mas sei que Da Vinci foi um gênio quando vejo a Mona Lisa. Nem Michelangelo, nem Da Vinci, nem Botticelli nem Beethoven tinham uma agenda político-ideológica em mente enquanto compunham suas obras primas. Nenhum desses artistas queria moldar a sociedade ou transformar o mundo, e contudo eles elevavam espiritualmente qualquer indivíduo que entrasse em contato com suas obras. Em todas essas obras eu sei que estou diante da vitória do gênio sobre a mediocridade, do avanço da técnica que é fruto do espírito humano, e cada uma delas me inspira a tentar ser melhor do que eu sou. 

3) Se a arte tem a ver com os valores estéticos da beleza, equilíbrio e harmonia, ela não deveria ter um "objetivo social". Uma das maiores perversões do marxismo cultural é justamente o de submeter toda a técnica humana aos objetivos da revolução. Para o progressista, tudo tem que ter uma "função social". Ninguém diria que o funk carioca é belo, ou que traduz uma técnica inovadora de se fazer música, mas o ritmo é adorado pela esquerda do Leblon justamente porque ajuda a destruir e subverter o próprio conceito do que seja "belo". Quem acha que até a biologia é "socialmente construída" sabe que sua primeira tarefa é DESCONSTRUIR tudo o que é fruto da tradição e da sabedoria acumulada por sucessivas gerações. Destroem um edifício pra erigir uma favela em seu lugar.

4) Isso não ocorre só nas artes. A Arquitetura ensinada nas faculdades há muito tempo deixou de ser a ciência da organização do homem no espaço para se tornar instrumento de "inclusão social". Há 3 meses, alunos do curso de Arquitetura da UFMG se recusaram a cumprir um exercício proposto por um professor porque ele “incorpora a senzala e reforça os moldes de dominação em pleno século 21”. O mesmo em relação ao Direito, em que seus "operadores" atualmente se vêem como verdadeiros justiceiros sociais de toga e beca, com teorias como a do Abolicionismo Penal ou termos como "interpretação conforme", nomes bonitos pra esconder o objetivo maior de rasgar a lei, caso ela se coloque à frente do que se entenda como "justiça social". A Psicologia, a Pedagogia, a História, tudo vira ferramenta nas mãos do engenheiro social, empenhado que está em destruir o que ele não entende na tentativa de implantar uma utopia que ele não conhece.

5) Todas essas premissas estão contidas na bisonha nota do Santander Cultural, ao anunciar a suspensão da exposição Queermuseu. Para eles, textualmente, o objetivo da Arte não é estético, e sim "promover o debate sobre as grandes questões do mundo contemporâneo". O papel do artista não é retratar o Belo, é "gerar reflexão". A Arte, pra ser válida, deve ser "capaz de gerar inclusão". Tudo é politizado, tudo é passível de "conscientização". E a nota faz um mea-culpa num estranho tom passivo-agressivo, como se o problema não fosse o fato de que a exposição não tinha nenhum caráter artístico, ou que fazia apologia à pedofilia e à zoofilia, e sim os que "se sentiram ofendidos" (esses, nesse momento, são as 25 mil pessoas que classificaram a página com uma estrela são a "minoria reacionária" - os cerca de 2.000 que curtiram a exposição, aparentemente, são o "povo", a massa).

6) Isso não foi uma derrota, foi apenas um recuo estratégico. Como uma criança, o progressismo vai testando os limites dos adultos até tomar um tapão na cara. Eles sabem que dessa vez exageraram na dose, mas daqui a pouco voltam com alguma coisa ligeiramente mais palatável, que devagarinho vai educando as massas a romantizar o feio e a idolatrar o profano.

Rafael Rosset (https://www.facebook.com/rafael.rosset/posts/10211775975773117)

Facebook, 12 de setembro de 2017.

Notas sobre os propósitos da arte (no contexto do caso Santander)

Pintura de Hieronymus Bosch. De certa forma, foi um precursor da arte moderna
 
1) Observem esta arte de Hieronymus Bosch; ela foi pintada entre 1490 e 1510. Contém nudez, depravação, zoofilia, crimes e, evidentemente, tem a intenção de chocar. 

2) Percebam, no canto inferior direito, que uma freira leitoa seduz um burocrata. Bosch retratava todos esses vícios da forma correta: condenados ao inferno, entre demônios, tristeza e desespero. Essa é uma arte católica e o autor é considerado um dos maiores artistas holandeses de todos os tempos. As pinturas de Bosch sobre o Céu e o Inferno inspiraram pintores e converteram pecadores durante séculos. Rei Filipe II, da Espanha, era seu admirador e expunha sua obra no próprio quarto.

3) A exposição do Santander também continha depravação e a intenção de chocar. Entretanto, baseava-se na inversão moral e artística. Tratava o ruim como bom e o feio como bonito. As imoralidades eram divinizadas enquanto o sagrado era profanado. Crimes como pedofilia, zoofilia e vilipêndio religioso eram tratados de forma elogiosa, o que dava o inegável caráter de apologia. O que chocou na exposição não foi somente o que nela estava retratado, mas toda sua motivação cruel e perversa. É óbvio que devia ser encerrada e seus responsáveis punidos.

4) Censurar a pedofilia é um dever, pois expressar a opinião contrária a ela é um direito. Na onda de inverter as coisas, a esquerda quer permitir a pedofilia e censurar a opinião. Se Bosch estivesse vivo, os defensores da exposição do Santander estariam retratados em sua obra.

Lucas Gelásio [https://www.facebook.com/lucasgelasio/posts/1449951458391488]

Porto Alegre, 12 de setembro de 2017.

Comentários:

Carlos Fabrício Santos: A arte de Bosch tem o propósito de alertar; o que houve em Porto Alegre teve o propósito de ofender. Outra coisa curiosíssima: um desenho lá na exposição tem uma pessoa negra sendo currada por um branco. Imagina se isso não fosse um evento querido pelos esquerdistas?

Frederico Viotti: O mal costume da freira a transformou em um animal, mas não há zoofilia. Ela é representada como um animal como consequência de seus vícios. Na mostra atual, o que ocorre é o oposto. Um homem normal querendo ter sexo com animais e com outros homens, da forma mais vulgar possível. No quadro antigo, demonstra-se onde os homens vão parar pelos seus vícios. No atual, estimula-se o vício para libertar o homem da moral.

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Debate entre Tiago Cabral Barreira e Rafael Gusmão sobre a crítica liberal do distributivismo

1) Eu venho acompanhando o debate de liberalismo x distributivismo no meio católico desde 2013. 

2) Considero que o capitalismo não resolve todos os problemas do mundo, mas também não é esse monstro satanizado por Chesterton. Observo que o Chesterton é um excelente escritor e apologeta do catolicismo. 

3) Contudo, vejo também que o pensamento de Chesterton não têm raiz na tradição filosófica católica, mas sim do romantismo gnóstico, como em todos os escritores do século XIX.
Chesterton pintou o capitalismo com óculos românticos. Por isso ele é um anti-mecanicista e odioso da lógica e da racionalidade técnica. 

4) Ele rejeita a funcionalidade da divisão social do trabalho, ao defender o retorno à autossuficiência, como dito no lema "Dois alqueires e uma vaca". Ele nega que o comércio e a propensão natural de indivíduos à troca e barganha constitua um dos fundamentos naturais da organização da sociedade, bem como de seu progresso. Ele também nega a existência de leis econômicas enquanto mecanismos de correção de excessos de oferta e demanda de bens. Preços altos são visivelmente escandalosos, mas controle de preços e guerra contra a "ganância" termina por gerar escassez e corrupção, uma injustiça pior e não óbvia de ser percebida, pois é invisível aos olhos de um romântico sentimental. Ao rejeitar a lógica do funcionamento de uma economia de mercado, Chesterton vai contra o que a boa tradição escolástca de Salamanca desenvolveu.

5) Além disso, a descrição que ele faz do ambiente das fábricas é muito viesada pelos romances de ficção românticos. Uma pessoa com algum grau de cultura literária acharia essas descrições extremamente hiperbolicas e exageradas. Ele fundamentou todo o pensamento distributivista a partir desta imaginação apocaliptica da sociedade disseminada pelo romantismo anticapitalista.

6) Identificar as correntes culturais aos quais os escritores estão filiados é crucial, na qual uma pessoa com pouco trato com a literatura dificilmente descobriria.Todos os escritores do século XIX padecem do mal de buscar alternativas de sociedade mais "humanas, pois eles rejeitam a razão e vêem as estruturas racionais e lógicas da sociedade como opressoras. E Chesterton está intoxicado e inserido nessa atmosfera.

Tiago Cabral Barreira (https://www.facebook.com/tiago.cabral3/posts/1550154605045452)

Facebook, 1º de setembro de 2017.

Comentários:

Rafael Gusmão: 

1.1) Desculpe, mas pressupor que a visão liberal das trocas comercias é o estado "natural" é romantismo. 

1.2) Essa lógica parte de dois conceitos historicamente errôneos: 

A) a de que o comércio, tal como conhecemos hoje, embasado no individualismo e no economicismo, é um estado natural e transcendente, quando na verdade, ele surge muito tempo depois, só no século XVIII. 

B) A racionalização da vida social implica também sua burocratização e impessoalização, como tambéb a destruição dos antigos laços comunitários da família, das municipalidades e das autonomias locais. 

2) A racionalização burocrática, seja no âmbito privado da economia capitalista, como no âmbito estatal, pode ser um dos maiores monstruosos mecanismos de controle social jamais inventados. 

3) Ainda que não neguemos a eficiência e a lógica do mercado, mas esta lógica, por si mesma, não é capaz de construir qualquer estrutura moral e ética.Ou melhor, pela lógica do mercado, sem os seguintes dilemas éticos, morais e comunitários, podemos tb espalhar pornografia, o funk, a cultura de massas, a indústria cultural, etc. Os homens, vistos como consumidores, como "indivíduos" abstratos e não como pessoas partícipes de uma história, de uma realidade ou de uma comunidade, basicamente são reduzidos a isso.

4) Ademais, a tradição escolástica de Salamanca é muito bem manipulada pelos austríacos de forma desonesta: 

A) Porque a Escola de Salamanca é uma escola de filosofia moral, não de economia. Jamais os escolásticos aceitariam as premissas de Mises, a respeito da economia dissociada do plano moral e ético social cristão. 

B) A questão dos preços e salários na Escolástica não está dissociada cognitivamente da realidade moral dos indivíduos. Essa idealização subjetivista da realidade, mesclada com uma visão utilitarista no plano econômico e moral, não somente é estranha aos escolásticos, como contrariaria qualquer postulado de filosofia moral. 

5.1) Chesterton pode parecer romântico ao defender as antigas comunidades medievais, as corporações de ofício e outras formas orgânicas. 

5,2) Contudo, quando vemos a cidade grande - sem laços fortes de solidariedade, muitos menos relações orgânicas, pura e simplesmente baseada na pseudo-ética liberal do autointeresse -,  ela síntese é dessa pseudo-ética já que ajudou a promover a diluição dos antigos laços de família, de solidariedade, de religião e de cultura em nome de uma massa de indivíduos atomizados, sem cultura e identidade, moldados apenas por uma indústria de consumo ou pelos poderes do Estado. Só por conta disso, as críticas de Chesterton ao capitalismo estavam certas. Mas quem disse que os liberais se dão conta disso? Toda tentativa de transformar o capitalismo do século XVIII numa estrutura não-histórica é puro idealismo romântico de liberal.

Notas sobre a primavera midiática promovida pelas redes sociais

1) No mundo todo os jornais impressos estão diante de um grande desafio, como sobreviver ante a explosão da internet e da informação instantânea nos portais, blogs e redes sociais. Desde a popularização da internet nos Estados Unidos nos anos 1990 e no Brasil nos anos 2000 que os jornalões vêm perdendo leitores e assinantes. Sumindo os leitores, desaparecem os anunciantes, que são, na verdade, os patrocinadores do jornal.
 
2) Os jornalões já vinham passando por um processo que tornou a coisa mais grave ainda, que foi a demissão em massa dos grandes jornalistas, corte de custos, e a contratação de uma miríade de jovens jornalistas, em grande parte mal preparados e sem experiência. A qualidade da noticia despencou, bem o trato dado a ela. 

3) O leitor ou assinante que vinha acompanhando a piora do seu veículo de informação de repente passou a buscar na internet o amais que procurava. E achou em maior numero, com mais variedade, mais qualidade, mais independência editorial e com a vantagem de que podia, o leitor, ler em vários canais da internet a noticia das mais diferentes maneiras.

4.1) Agora chegou o segundo tempo dessa mudança: as redes sociais, especialmente o facebook e o twitter. 

4.2) Uma noticia publicada num jornal ou revista é contestada imediatamente por dezenas de pessoas nas redes sociais que, além de debatê-la, dão versões melhores do mesmo fato quando não o desmentem categoricamente, distribuindo a nova visão do fato a milhares de pessoas conectadas nas redes sociais. De repente, os jornalões parecem ainda mais velhos do que são - comprometidos com a ideia de que são o centro da noticia, e imaginando ainda que continuam sendo os únicos formadores de opinião, não percebem que a audiência e os leitores migraram definitivamente e o fazem cada vez mais rapidamente para a internet.  Os jornalões continuam dando sua versão combinada com outros jornais fingindo não estarem olhando para o que os leitores dizem e escrevem nas redes sociais. Fingem que a internet não existe esperando com isso impedir que a mudança continue acontecendo.
Como a criança que esconde a cabeça debaixo da coberta imaginando ter desaparecido da mãe que a procura, os jornalões fingem que a internet e a intensa rede de debates e de novas fontes de noticia não existem.
 
5.1) Interessante que este fenômeno, que tomou conta primeiro das grandes mídias tradicionais, agora se espraia pelo interior do país convulsionando a imprensa local e regional. 

5.2) E à medida que as pessoas se dão conta da força que têm e de que nada as impede de discutir abertamente os limites de uma imprensa cada vez mais comprometida com grupos financeiros e interesses econômicos e políticos, o que vemos é o que pode ser denominado como "primavera midiática", ou a liberdade de imprensa sendo levada as últimas consequências em todos os cantos do país. Tudo isso ocorre no momento mesmo em que a grande imprensa nacional resolveu tornar-se um partido de oposição no pais. 

5.3) Fazendo isso,os pequenos e médios jornais do interior do Brasil ficaram órfãos, pois são forçados conviver com uma cena política impossível de ser traduzida dessa maneira. É por isso que as imprensas locais vêm fazendo uma intensa campanha contra as câmaras de vereador, o mais fácil, quando na verdade deveriam estar discutindo de fato os grandes problemas da política, a necessidade imperiosa de uma reforma eleitoral e partidária, o caciquismo dos donos regionais de partido e o balcão de negócios proveniente dele e que tem morada nas câmaras municipais.
 
5.4) É por não discutir o que realmente interessa de fato que os jornalões assistem os leitores migrarem para as redes sociais e a internet se transformar na grande formadora de opinião nas capitais e no interior do Brasil. 

Luciano Alvarenga (https://www.facebook.com/luciano.alvarenga.56/posts/10214580786862109)

Facebook, 11 de setembro de 2017.

Notas sobre o caso Santander: dos limites do capitalismo

1) O último episódio envolvendo o Banco Santander é uma ótima lembrança do quão ignorantes são todos os que afetam risadinhas de desprezo sempre que ouvem o termo "globalismo"; é também uma inconfundível demonstração dos limites do libertarianismo e de qualquer outra forma de liberalismo que leve os princípios econômicos às suas últimas conseqüências e que, mediante a defesa descomedida e irrefletida de preceitos formais como "liberdade" e "propriedade", avance — consciente ou inconscientemente; passiva ou ativamente — vários dos itens do programa cultural da esquerda.

2) Destituído de sua fundamentação moral cristã e descolado do ethos e do senso comum próprios à nossa civilização, o capitalismo se converte em seu oposto e se torna um potente instrumento de engenharia social à disposição das forças empenhadas em balcanizar a sociedade e atomizar os indivíduos, com a finalidade de consolidar a máxima concentração de poder possível e com o objetivo de substituir a sociedade real por algum delírio de sociedade perfeita, na qual o próprio capitalismo não será senão uma memória distante e proibida.


Facebook, 11 de setembro de 2017.

Notas sobre o satanismo como política de Estado (o caso do município do Rio de Janeiro)

1) Minha mãe, que é servidora pública aposentada do município do Rio de Janeiro, recebe o salário dela pelo Santander, pois esse banco comprou a folha de pagamento dos servidores do município, tanto os ativos quanto os inativos.

2) Recentemente, o atual prefeito (Marcello Crivella, ligado à IURD) renovou o contrato com esta instituição do demônio.

IURD = satã

Santander = satã

Crise no Rio de Janeiro = satã ao quadrado

3) Realmente estamos na contramão, em relação à reação que ocorre no resto do país. Mais do que cancelar contas correntes no Santander, devemos exigir das prefeituras de todo o país que não façam acordos com esta instituição diabólica, pois vender a folha de pagamento dos servidores públicos a quem promove satanismo é fazer de quem serve ao país cúmplice de um crime.


Rio de Janeiro, 11 de setembro de 2017.