1) No mundo todo os jornais impressos estão diante de um grande desafio, como sobreviver ante a explosão da internet e da informação instantânea nos portais, blogs e redes sociais. Desde a popularização da internet nos Estados Unidos nos anos 1990 e no
Brasil nos anos 2000 que os jornalões vêm perdendo leitores e
assinantes. Sumindo os leitores, desaparecem os anunciantes, que são, na
verdade, os patrocinadores do jornal.
2) Os jornalões já vinham passando por um
processo que tornou a coisa mais grave ainda, que foi a demissão em
massa dos grandes jornalistas, corte de custos, e a contratação de uma
miríade de jovens jornalistas, em grande parte mal preparados e sem
experiência. A qualidade da noticia despencou, bem o trato dado a ela.
3) O
leitor ou assinante que vinha acompanhando a piora do seu veículo de
informação de repente passou a buscar na internet o amais que procurava.
E achou em maior numero, com mais variedade, mais qualidade, mais
independência editorial e com a vantagem de que podia, o leitor, ler em
vários canais da internet a noticia das mais diferentes maneiras.
4.1) Agora chegou o segundo tempo dessa mudança: as redes sociais, especialmente o facebook e o twitter.
4.2) Uma noticia publicada num jornal
ou revista é contestada imediatamente por dezenas de pessoas nas redes
sociais que, além de debatê-la, dão versões melhores do mesmo fato quando
não o desmentem categoricamente, distribuindo a nova visão do fato a
milhares de pessoas conectadas nas redes sociais. De repente, os
jornalões parecem ainda mais velhos do que são - comprometidos com a
ideia de que são o centro da noticia, e imaginando ainda que continuam
sendo os únicos formadores de opinião, não percebem que a audiência e os
leitores migraram definitivamente e o fazem cada vez mais rapidamente
para a internet. Os jornalões continuam dando sua versão combinada
com outros jornais fingindo não estarem olhando para o que os leitores
dizem e escrevem nas redes sociais. Fingem que a internet não existe
esperando com isso impedir que a mudança continue acontecendo.
Como a criança que esconde a cabeça debaixo da coberta imaginando ter desaparecido da mãe que a procura, os jornalões fingem que a internet e a intensa rede de debates e de novas fontes de noticia não existem.
Como a criança que esconde a cabeça debaixo da coberta imaginando ter desaparecido da mãe que a procura, os jornalões fingem que a internet e a intensa rede de debates e de novas fontes de noticia não existem.
5.1) Interessante que este fenômeno, que tomou conta primeiro das grandes
mídias tradicionais, agora se espraia pelo interior do país
convulsionando a imprensa local e regional.
5.2) E à medida que as pessoas se
dão conta da força que têm e de que nada as impede de discutir
abertamente os limites de uma imprensa cada vez mais comprometida com
grupos financeiros e interesses econômicos e políticos, o que vemos é o
que pode ser denominado como "primavera midiática", ou a liberdade de
imprensa sendo levada as últimas consequências em todos os cantos do
país. Tudo isso ocorre no momento mesmo em que a grande imprensa
nacional resolveu tornar-se um partido de oposição no pais.
5.3) Fazendo isso,os pequenos e médios jornais do interior do Brasil ficaram órfãos, pois são forçados conviver com uma cena política impossível de ser traduzida
dessa maneira. É por isso que as imprensas locais vêm fazendo uma
intensa campanha contra as câmaras de vereador, o mais fácil, quando na
verdade deveriam estar discutindo de fato os grandes problemas da
política, a necessidade imperiosa de uma reforma eleitoral e partidária,
o caciquismo dos donos regionais de partido e o balcão de negócios
proveniente dele e que tem morada nas câmaras municipais.
5.4) É por não
discutir o que realmente interessa de fato que os
jornalões assistem os leitores migrarem para as redes sociais e a
internet se transformar na grande formadora de opinião nas capitais e
no interior do Brasil.
Luciano Alvarenga (https://www.facebook.com/luciano.alvarenga.56/posts/10214580786862109)
Facebook, 11 de setembro de 2017.
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