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domingo, 24 de setembro de 2017

Comentários à Parábola do Patrão Generoso, constante no Evangelho segundo São Matheus

1) Quando tratei de nacionismo, sobre o senso de tomar o país como um lar em Cristo e não como se fosse religião de Estado em que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele, às vezes eu precisei dizer o que antes era indizível. E a tarefa é tão espinhosa que só consigo explicar essas coisas somente por escrito - se tivesse que explicar falando, eu não seria tão efetivo quanto sou escrevendo.

2.1) Mesmo escrevendo sobre assuntos tão complicados, há uma coisa sobre a qual sempre quis muito escrever e nunca fui capaz de fazê-lo. Trata-se da parábola do patrão generoso.

2.2.1) No Evangelho segundo São Matheus, há um proprietário de uma vinha que foi contratando trabalhadores.

2.2.2) Os que estavam disponíveis desde o começo do dia foram logo chamados, combinando com eles o pagamento de um dinheiro de prata.

2.2.3) Em seguida, recrutou os que se encontravam na praça por volta das nove da manhã e para eles combinou que pagaria o que era de costume. O mesmo disse para quem estava na praça por volta do meio-dia.

2.2.4) Ao cair da tarde, encontrou mais gente disponível. Como estes nunca haviam sido chamados, recrutou-os para trabalhar na vinha, prometendo-lhes pagar o que fosse justo.

2.2.5) Terminado o dia de trabalho, mandou chamar os que por último chamou. Para eles deu um dinheiro de prata. O mesmo se deu para quem foi chamado ao meio-dia e para quem foi chamado às nove da manhã.

2.2.6) Quando os primeiros receberam um dinheiro de prata, estes ficaram indignados, pois haviam dado duro o dia inteiro. Mas o patrão foi justo com eles - se o combinado foi uma moeda de prata, então eles receberiam uma moeda de prata.

3) Embora o valor fosse o mesmo, o motivo determinante do contrato que foi firmado com os primeiros trabalhadores foi diferente dos demais. Com estes, que eram os melhores disponíveis, fez-se um acordo liberal: o trabalhador diz o seu preço e você paga o que ele pede.

4) Com os demais trabalhadores, que foram chamados mais tarde, eles receberiam o mesmo salário do paradigma, os melhores trabalhadores, de modo que fossem estimulados a produzir. Como o salário do melhor é um dinheiro de prata, então a remuneração costumeira e justa é de um dinheiro de prata.

5.1) Se os empregados estão com o mesmo encargo, com a mesma responsabilidade, então eles percebem o mesmo salário.

5.2.1) Como a natureza desse serviço é de natureza civilizatória e se funda na eternidade, posto que se volta para a salvação de todos, então a justiça tende a ser distributiva e não proporcional.

5.2.2) Não é importante saber quantas almas você salvou ou quantas você levou a fazer com que o país seja tomado como se fosse um lar em Cristo de modo que isto os prepare para a pátria definitiva, a qual se dá no Céu; o que importa é se você cumpriu o seu dever fielmente, no tocante de ir servir a Cristo em terras distantes, tal como se deu em Ourique.

5.2.3) É isto que o proprietário da vinha, o próprio Deus, quer de seus servos - principalmente de alguém como D. Afonso Henriques, que deve ser servo dos servos, ao ser o senhor dos senhores de todo o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. E ele deve fazer isso imitando a Cristo no mesmo gesto que Este fez ao lavar os pés dos apóstolos, pois os últimos - o povo debaixo de sua proteção e autoridade - serão os primeiros a liderarem toda uma cruzada em defesa da civilização ocidental e da fé cristã - e ele, como o primeiro dentre os primeiros, deveria fazer com que toda essa empreitada fundada em Cristo desse frutos.

5.2.4) Eis porque havia toda uma cumplicidade entre o povo e o Rei - ela obedecia a esse princípio.

6.1) O verdadeiro princípio da economia é a vida eterna - e é por força da vida eterna que as riquezas são construídas e distribuídas de modo a se gerar um bem comum. E é por força dessa vida eterna que se constrói uma civilização fundada no fato de se tomar o país como um lar em Cristo.

6.2) O dinheiro não é o que move o lar - na verdade, é o amor fundado no fato de se amar e rejeitar as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento quem o move. Servir ao próximo não se mede em quantidade de horas, mas em servir bem ao maior número de pessoas possível. Seja se comecei cedo ou se comecei tarde, o que importa é que fiz bem o meu papel e receberei a recompensa justa, tendo por paradigma o que fez da vivência fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus um compromisso com a excelência. Afinal, nesta vida somos todos passageiros, pois somos todos trabalhadores da vinha do Senhor.

7.1) Os liberais, presos ao materialismo, só entendem a proporção, pois tempo para eles é dinheiro - e isso é tão verdade que o eterno para eles é inconcebível, a ponto de dizer que Deus está morto.

7.2) O deus do dinheiro não passa de um demiurgo. E quanto mais amarmos ao dinheiro do que a Deus, mais nos afastamos de Deus, a ponto de cairmos na apatria e na ilusão de se buscar liberdade fora da liberdade em Cristo, a ponto de esta vir a ser nossa prisão definitiva, nosso fogo eterno. 
7.3) E o lugar mais quente do Inferno é destinado a quem conservou o que é conveniente e dissociado da verdade em tempos de crise, a ponto de edificar liberdade com fins vazios. Não é à toa que chamo esses liberais (da forma como o mundo entende) de libertários-conservantistas, pois é o que eles realmente são.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 24 de setembro de 2017.

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